Via 247 - O Ministério Público tem indícios de
que o esquema de fraudes fiscais na prefeitura paulistana existia pelo menos
desde 2005; prejuízos são estimados em R$ 500 milhões e esquema era coordenado
por fiscais submetidos ao secretário Mauro Ricardo, braço direito de José Serra
na prefeitura; político tucano também o indicou para a gestão seguinte, de
Gilberto Kassab; atual secretário de Salvador, Mauro Ricardo será chamado a
depor no caso.
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Ministério Público (MP) tem indícios
de que o esquema de fraudes fiscais na prefeitura paulistana existia pelo menos
desde 2005. A principal linha de investigação apontava para irregularidades
cometidas entre 2007 e 2012, causando prejuízos de cerca R$ 500 milhões aos
cofres públicos.
No entanto, os depoimentos dos fiscais Luis
Alexandre Cardoso de Magalhães e Eduardo Horle Barcellos indicam que as fraudes
podem ter começado antes, sob o comando de Amílcar José Cançado Lemos. “O que o
Luís Alexandre fala é que o Cançado estruturou, organizou isso. Antes a coisa
era disseminada, todo mundo fazia e não tinha organização nenhuma. Ele chegou e
organizou a cobrança de propina”, disse hoje (26) o promotor de Proteção
ao Patrimônio Público Cesar Dario da Silva.
O MP pretende entrar até a próxima segunda-feira
(2) com uma ação de improbidade administrativa contra Cançado. Segundo a
promotoria, o auditor fiscal tem patrimônio incompatível com o salário de R$ 24
mil. César da Silva deve pedir ainda o afastamento de Cançado de suas funções e
o ressarcimento dos prejuízos ao erário. “Eu entendo que é absolutamente
incompatível alguém que está sendo processado por improbidade, por cobrar
propina, continuar exercendo as funções”, disse sobre o auditor, que está com
os bens bloqueados. Ele deveria depor hoje, mas apresentou atestado médico e
não compareceu.
Cançado teria tido divergências com o grupo de
quatro auditores que estão sendo investigados criminalmente pelo MP e são
acusados de comandar as fraudes a partir de 2007. Além de Magalhães e
Barcellos, são acusados de fazer parte do grupo Ronilson Bezerra Rodrigues e
Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral.
“Um dos motivos que ele [Barcellos] pediu a
exoneração do Amílcar da sessão foi que ele cobrava a propina de uma forma
muito escandalosa, todo mundo ficava sabendo, e eles não gostavam disso”,
explicou Silva sobre como Barcellos, superior hierárquico de Cançado, afastou o
auditor da sessão onde era cobrada a propina.
Os auditores são acusados de cobrar propina de
construtoras e incorporadoras para fraudar as guias de recolhimento do Imposto
Sobre Serviços (ISS), reduzindo os valores pagos à prefeitura. O MP quer saber
se as empresas eram coagidas pelos fiscais ou se colaboravam com as ilegalidades.
O promotor criminal Roberto Bodini disse que emitiu
hoje as intimações para que quatro construtoras prestem esclarecimentos sobre o
funcionamento do esquema. Para ele, chama atenção o fato das empresas nunca
terem denunciado as cobranças. “É um comportamento que se repetiu por anos. Não
dá para entender essas empresas que se dizem vítimas, o setor que se diz
vítima, que diz que não conseguia trabalhar na legalidade, mas que nunca
procurou a legalidade”. Esquerdopata
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