Em resposta à cúpula do PSDB, que pediu hoje sua
cabeça, ministro da Justiça fala duro; "A época de engavetador geral já
acabou", disse ele, para justificar envio de denúncias contra tucanos
à Polícia Federal, por suspeita de envolvimento em cartel no contrato de trens
e Metrô em São Paulo, com Alstom e Siemens; declaração vem a calhar depois que
o procurador de São Paulo Rodrigo de Grandis engavetou durante dois anos e oito
meses pedido de colaboração da Justiça suíça no caso; em resposta à afirmação
dos tucanos de que são diferentes dos petistas, Cardozo afirma: "Todos são
iguais perante à lei"; denúncia cita Aloysio Nunes, José Aníbal,
Edson Aparecido e Arnaldo Jardim, do PPS, mas ligado a tucanos.
Via 247 – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
falou duro na tarde desta terça-feira 26 ao responder a cúpula do PSDB, que
pediu sua cabeça (leia aqui) devido
à denúncia de cartel envolvendo nomes importantes do partido apresentada por
ele à Polícia Federal. "A época de engavetador geral já acabou. Eu me
recuso ser um engavetador geral de denúncias. As denúncias que chegarem às
minhas mãos serão sempre encaminhadas à PF para fazer uma investigação
imparcial", disse Cardozo.
A declaração é feita cerca de um mês depois de o
procurador da República Rodrigo de Grandis ser acusado de engavetar um pedido
de colaboração de procuradores suíços no caso Siemens. Segundo De Grandis, que
contou que o documento foi guardado numa gaveta errada e, por isso, arquivado
indevidamente, houve uma "falha administrativa" na Procuradoria de
São Paulo. O pedido ficou longe do conhecimento do órgão por dois anos e oito
meses.
Segundo Cardozo, cabe a ele, como ministro da
Justiça, apenas solicitar a investigação, que será coordenada por um delegado
de polícia. Mais cedo, os tucanos afirmaram que ele não tinha condições de
chefiar as investigações. "O presidente do PSDB disse que o ministro da
Justiça não tem condições de coordenar e chefiar as investigações. Quem faz
isso é o delegado de polícia. Há um ligeiro equívoco jurídico, meu poder se
limita a pedir investigação que é feita com absoluta autonomia", disse.
O ministro da Justiça lamentou ainda que o suposto
esquema envolvendo multinacionais e governos do PSDB em São Paulo tenha se
transformado em disputa política. "Acho muito ruim que investigações sejam
transformadas em disputa política, em dizer que 'conosco não que somos
diferentes'. Todos são iguais perante à lei", rebateu. Aécio Neves também
disse mais cedo que os tucanos eram diferentes dos petistas, numa referência ao
caso do 'mensalão'.
"Se há denúncias, não importa contra quem
seja, o ministro tem que ser pedir investigação. Senão é prevaricação",
afirmou Cardozo. A denúncia apresentada pelo ministro da Justiça à PF cita
os nomes do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), do secretário de Energia José
Aníbal (PSDB-SP), do deputado licenciado e atual chefe da Casa Civil do governo
paulista, Edson Aparecido, e do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS), ligado a
tucanos.
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Marcos Imperial