Prêmio Nobel da Paz e símbolo maior da luta
contra a desigualdade racial, Nelson Mandela morre aos 95 anos, na África do
Sul; depois de passar 27 anos num cárcere de 2,5 m por 1,5 m, ele teve forças
para liderar todo um país na derrubada do apartheid; Mandela temperou
agressividade e conciliação, para entrar para a história como figura única que
sofreu todas as dores do racismo e soube ultrapassar a ira que seus adversários
tentaram lhe impor.
Via 247 –
Uma das figuras mais celebradas do mundo, primeiro presidente negro da África
do Sul, com sua face estampada em todas as notas de dinheiro de seu país, o
Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela também foi um dos mártires que pagaram mais
caro, na própria pele, por acreditar e lutar por sua causa, a igualdade racial.
Nesta quinta-feira 5, aos 95 anos de idade, Mandela deu seu último suspiro – e
da condição de lenda vida passou a imortal da humanidade. Seu exemplo de
resistência às injustiças será sempre celebrado por todo o sempre, em todo o
mundo.
Na condição de um dos líderes do Congresso Nacional Africano,
partido que comandou a resistência ao regime do apartheid ao longo do século
20, Mandela, após uma série de prisões, foi condenado à pena perpétua em 11 de
junho de 1964. Naquele período, apenas 20% dos habitantes da África do Sul eram
brancos, contra uma esmagadora maioria de negros, mas o país não era deles.
Toda a circulação era restrita, feita por meio de passes com autorizações para
deslocamento até mesmo entre bairros das grandes cidades.
Com o número de prisioneiro 46664, Mandela foi jogado numa cela de
2,5 m por 1,5 m na ilha de Robben, onde seria privado do contato com o mundo
exterior. Impedido de ver seus filhos e obter notícias de fora, tinha como
único alento visitas esporádicas de sua mulher Winnie. Ele só sairia de lá,
pela força de uma série de campanhas internacionais e forte pressão do CNA, em
1990, depois de 26 anos no cárcere. Estava, porém, politicamente mais forte do
que nunca. Uma multidão foi recebê-lo. "Quando me vi no meio da multidão,
alcei o punho direito e estalou um clamor. Não havia podido fazer isso desde há
vinte e sete anos, e me invadiu uma sensação de alegria e de força", disse
Mandela na ocasião.
Mesmo tendo um mundo completamente estranho à sua volta – ao ser
preso pela primeira vez, em 1958, a África do Sul não permitia a negros terem
televisão, mas na década de 1990, para assombro de Mandela, já era possível
telefonar de dentro de aviões –, Mandela não teve dificuldades em ser eleito
presidente do CNA. Mais complicada foi a vitória presidencial, na eleição de
1993, quando teve de enfrentar atentados contra figuras importantes de seu
partido. Dono de enorme prestígio internacional, tendo dividido o Prêmio Nobel
da Paz de 2003 com o então presidente Pietr Botha, Mandela superou todos os
obstáculos para chegar ao governo com um discurso de conciliação dos negros com
os brancos, apesar de todas as perseguições. Hoje, avalia-se que essa era a
única estratégia possível para superar aquele momento.
Depois de ter perdido filhos e netos de maneira trágica, ter sido
traído por sua mulher e enfrentado até incompreensões entre seus partidários,
que exigiam dele uma postura mais agressiva frente ao regime que superava,
Mandela mostrou-se ao longo da vida um político maior do que as circunstâncias
imediatas. Sob sua condução serena nos anos 1990, como presidente – e de
revolucionários que estudou técnicas de guerrilhas e participou de ações de
enfrentamento direto com o regime nas décadas de 1950 e 1960, até se preso –,
Mandela temperou agressividade e conciliação, para entrar para a história como
figura única que sofreu todas as dores do racismo e soube ultrapassar a ira que
seus adversários tentaram lhe impor. Essa característica serena de Mandela o
torna uma líder até maior que sua própria causa, um verdadeiro exemplo de
superação e fraternidade à toda prova.
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Marcos Imperial