É o que pensa a jornalista Ana Alakija, editora
da Agência Afro-Latina e Euro-Americana de Informação; em artigo sobre a ida do
ministro a uma roda de samba, no Rio, na última segunda, ela diz que a
repercussão deste fato soma-se a outras críticas que o colocam na condição
de “vítima de bullying e assédio racial”; segundo a jornalista, em
contraponto às acusações contra Barbosa de que as prisões dos condenados na
Ação Penal 470 foram ilegais, foi criada, nas redes sociais, a campanha
"Vamos abraçar Joaquim Barbosa e o STF", com o objetivo de
apoiar as ações do presidente do STF; vitimização pode ser mais um passo na
campanha à presidência da República.
Via 247 - O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, a maior
autoridade do Judiciário brasileiro, que tem amplo apoio da mídia conservadora,
precisa de defensores? Para a jornalista Ana Alakija, editora da Agência
Afro-Latina e Euro-Americana de Informação, sim. Ela vê Barbosa como uma
“vítima de bullying e assédio racial”, conforme escreveu em artigo sobre a ida
do ministro a uma roda de samba, no Rio de Janeiro, na última segunda-feira de
2013.
Segundo ela, após a emissão de ordem de prisão dos condenados na
Ação Penal 470, o mensalão, Barbosa "foi vítima de uma campanha encabeçada
por juristas, intelectuais e personalidades da sociedade civil, que assinaram e
publicaram um manifesto na Internet e ainda derramaram artigos e notícias na
imprensa contra o que eles consideraram prisões ilegais".
Por isso, Ana Alakija faz parte de um grupo que criou a campanha
"Vamos abraçar Joaquim Barbosa e o STF", que surgiu no e-black-group
(um grupo no Google) “Discriminação Racial”, de iniciativa do advogado Humberto
Adami, co-fundador do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental e vice
presidente da Comissão Nacional da Igualdade do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil.
O projeto prevê uma petição online a "ser assinada por todos
aqueles que repudiam a campanha desonesta, vil, e evidentemente racista, contra
um brasileiro que tem cumprido fielmente suas obrigações constitucionais, e
trazido orgulho, de norte a sul do pais, para a população brasileira”. Não há
informações sobre a quantidade de assinaturas que a campanha já coletou.
Leia aqui o
manifesto de diversos intelectuais sobre o que consideram arbitrariedades e
abusos cometidos por Joaquim Barbosa na condução da Ação Penal 470. Além disso,
Joaquim Barbosa também divide a comunidade afro. O deputado Edson Santos,
ex-ministro de Promoção da Igualdade, citando o poeta Cruz e Souza
(1861-1898), afirmou que “Os negros que seguram o chicote para bater em outros
negros não são meus irmãos.”
Abaixo o texto de Ana Alakija na íntegra: 2013: Será que desta vez caiu o mito?
No Brasil tudo acaba em samba. No bom sentido, desde que samba é
coisa séria, como dizia o mestre capoeirista baiano Cobrinha Verde. E assim, o
ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa seguiu à risca a letra da
cartilha e, com direito à cervejinha, caiu no Samba do Trabalhador, na última
tradicional roda de samba do ano de 2013 organizada às segundas-feiras no Clube
Renascença, no Andaraí, Rio de Janeiro. O ministro foi recebido como
celebridade no local, considerado um reduto da cultura negra.
Isto soa como uma pré-campanha à presidência da República – será o
ministro Joaquim Barbosa o próximo primeiro presidente negro do país? Digo isto
porque o Brasil, embora um país mestiço, conserva as características
pluriraciais de identidades diversas, e com uma grande desvantagem para as
identidades africanas e indígenas, com essas populações descendentes à margem
do poder político e econômico.
Embora a nação brasileira esteja comemorando ‘apenas’ dez anos de
idade em ações afirmativas – política implantada durante a administração de
Luis Ignacio Lula da Silva – em dezembro deste ano, o Brasil branco ouviu um
Grupo de Trabalho sobre Afro-Descendentes das Nações Unidas , depois de dez
dias de visitar a nação brasileira, o que o Brasil negro já sabe desde que o
país aboliu o sistema de escravidão, em 1888 : o Brasil não é uma democracia
racial.
A conclusão de um Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre
Afrodescendentes após visita de dez dias à nação brasileira, onde visitou
favelas e quilombos de cinco cidades, com autoridades e representantes da
sociedade civil, apontou um grande contraste entre a precariedade da situação
dos negros e o elevado crescimento econômico do país.
O GT visitou favelas e quilombos de cinco cidades, com autoridades
e representantes da sociedade civil, e apontou um grande contraste entre a
situação precária dos negros e do elevado crescimento econômico. ” Afro –
brasileiros não serão totalmente considerados cidadãos de pleno direito , sem
uma justa distribuição do poder econômico , político e cultural “, disse
Mireille Fanon (da França ) e Maya Sahli ( Argélia ) , membros desse grupo,
como resultados preliminares de sua visita e cujo relatório conclusivo será
apresentado em 2014.
Em comunicado à imprensa, divulgado pela Agência Brasil, os
especialistas da ONU destacaram que, entre negros e brancos, existem
desigualdades de acesso à educação, à justiça, à segurança e aos serviços
públicos. O grupo identificou racismo “nas estruturas de poder, nos meios de
comunicação e no setor privado”. Segundo os representantes da ONU, apesar de
serem metade da população brasileira, os negros estão “subrrepresentados e
invisíveis”.
A constatação pela ONU, de que o racismo é um problema estrutural
na sociedade brasileira, mostra que o Brasil, para os afro-brasileiros está
fazendo a coisa certa. Houve progressos significativos em 2013 no sentido de colidir
com esta realidade .
Não apenas no campo executivo oficial , como a aprovação e
encaminhamento de projetos de lei nos níveis municipal , estadual e federal
instituindo cotas para descendentes africanos em concursos públicos . Mas
outras vitórias sob pressão social, como: a introdução do curso de Relações
Étnico-Raciais no currículo de universidades federais (essa disciplina é
essencial para a formação de professores e profissionais de ensino para a
implantação de outras disciplinas como a História da Cultura Africana e
Afro-Brasileira nos níveis médio e fundamental do ensino conforme lei aprovada
há dez anos e sem funcionamento); e o embargo de recursos públicos para a
compra, distribuição e utilização nas escolas de obras de Monteiro Lobato
(referência da rede particular de ensino do DF, consideradas tão ofensivas a
afrodescendentes quanto a de Mark Twain) “sem que antes se acrescente uma nota
técnica sobre racismo à obra ou pelo menos que existam medidas concretas para a
capacitação de professores em educação étnico-racial”. Como explica o
presidente do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) , Humberto
Adami, e o técnico em Educação, Antônio Costa Neto, autores dos mandados
judiciais impetrados.
Voltando à cervejinha e o samba desfrutados pelo ministro Barbosa,
são bem merecidos . Vítima de bullying e assédio racial (assim como o
presidente Obama e as práticas abomináveis republicanas do seu Congresso) desde
que ele foi nomeado ministro pelo ex-presidente Lula e, mais tarde eleito
presidente do Supremo Tribunal Federal , no estilo do racismo brasileiro e que,
mesmo ele próprio não tem como provar a acusação ( a lei brasileira contra o
racismo está obsoleta ), o primeiro ministro verdadeiramente negro do STF na
história da nação que tem mais da metade da população composta de descendentes
africanos, fez cumprido a sua missão.
Após condenação e emissão de ordem de prisão de 25 cidadãos
ligados à cúpula do Partido dos Trabalhadores, o chamado caso “Mensalão” –
canal através de onde transcorria dinheiro, de forma organizada, para políticos
aliados com o objetivo de aprovar matérias do interesse governamental – ele foi
vítima de uma campanha encabeçada por “juristas, intelectuais e personalidades
da sociedade civil”, que assinaram e publicaram um manifesto na Internet e
ainda derramaram artigos e notícias na imprensa contra o que eles consideraram
“prisões ilegais”.
O Brasil dos afro-brasileiros respondeu à altura, lançando a
campanha “Vamos abraçar Joaquim Barbosa e o STF” através das redes sociais,
iniciada em e-black-groups , com o objetivo de apoiar as ações do presidente do
Supremo Tribunal Federal do país e a moralização do órgão em sua decisão.
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Marcos Imperial