Por Paulo Jonas de Lima Piva
Resta no momento à esquerda democrática brasileira
contentar-se com os guetos das redes sociais e da blogosfera. O governo Dilma
não tem força política suficiente para enfrentar a oligarquia midiática
nacional com uma lei de mídia tal como foi implementada, por exemplo, na
Argentina. O governo Lula também teve que existir por oito anos com o rabo
entre as pernas, tendo de tolerar todo tipo de achincalhe por parte do
oligopólio das emissoras de rádio e tevê (estas, relembrando, concessões
públicas) também por não ter tido força política para enfrentá-lo. Reagir na
bravata só pioraria as coisas para Lula e muito mais ainda para Dilma.
A nossa grande mídia, todos sabemos e é sempre bom
enfatizar, continua sendo um privilégio e uma arma devastadora de consciências
da direita brasileira. É Marcelo Tas, Arnaldo Jabor, Raquel Sheherazade, Boris
Casoy, Miriam Leitão, Ricardo Boechat, William Waack, é tanta porcaria
reacionária e mentirosa na tela e no rádio, é tanto esgoto no colunismo de
revistas como Veja e de jornais como Folha, Globo e Estadão, tanto partidarismo
e patologia ideológica neoliberal nos comentaristas até da TV Cultura, que está
difícil clicar o controle remoto, sintonizar o rádio e olhar para as capas e
manchetes sem embrulhar o estômago. O humorista sem graça e global Jô Soares,
obviamente, não poderia estar fora dessa constelação e desse momento cínico e
doentio da grande mídia brasileira.
No último dia 17, Jô Soares voltou de férias. E
voltou no melhor estilo direitista cínico, abrindo covardemente o espaço da
concessão pública da Rede Globo para o fascista Henrique Capriles, o principal
inimigo do governo democrático e progressista de Nicolas Maduro, lacaio do governo
norte-americano, para despejar um monte de mentiras e calúnias sobre a
Revolução Bolivariana. Capriles, que incentivou a onda de violência e
assassinatos logo após o resultado transparente das urnas na última eleição
presidencial venezuelana que deu a vitória a Maduro, foi tratado por Jô Soares
como um democrata e, o pior, como um preso político de uma suposta ditadura
bolivariana. Todo esse espetáculo foi encenado com a maior seriedade possível.
E Jô Soares, é claro, bancou mais uma vez o entrevistador imparcial e ingênuo.
Covardemente, o outro lado, o alvo das acusações feitas por Capriles não foi
ouvido. Mas já que o Jô Soares fala tanto em ética e tenta tanto parecer tê-la
em suas entrevistas, espera-se agora (em vão, obviamente) que ele leve ao seu programa
e dedique o mesmo tempo dado a Capriles algum representante do governo Maduro.
Mas quantos e quem assiste ainda ao decadente ao
programa do Jô Soares? Eis o nosso consolo...
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Jô Soares em entrevista ao político venezuelano
Henrique Capriles
por Flávio Ricco, para o UOL
17.mar.2014
Jô Soares volta ao ar hoje, na Globo, com uma
entrevista internacional. Direto da Venezuela, Henrique Capriles conversa com o
Jô, via internet.
O advogado e político é um dos principais
opositores do atual governo venezuelano. Depois da morte de Chaves, nas
eleições de 14 de abril de 2013, ele foi derrotado por estreita margem de votos
por Nicolas Maduro. Atualmente é governador do estado de Miranda.
Uma equipe da Globo foi enviada especialmente a
Caracas, para viabilizar este trabalho.
Durante a entrevista, Capriles também fala das
manifestações que já mataram mais de 30 pessoas, além dos casos de tortura por
todo o país e a prisão de pessoas inocentes. Diz ainda que gostaria de ter um
diálogo com Maduro em que cada um pudesse discutir e defender sua posição, e
agradece ao Jô: "Obrigado por me dar a oportunidade de falar num programa
do seu país. Aqui eu sou o político mais censurado.
Se dou entrevista em uma rádio venezuelana, por
exemplo, minutos depois o veículo é ameaçado. A liberdade de imprensa aqui é
censurada", conta.
Para esta temporada, o programa do Jô irá investir
muito em entrevistas internacionais. Será um diferencial.
Também são convidados de Jô Soares, hoje, Laila
Garin e Dennis Carvalho, a protagonista e o diretor de "Elis, O
Musical".
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