Por Fernando Mineiro*
Nos últimos
dias, os ainda interessados assistem ao repeteco de uma novela que, há quase 25
anos, é encenada, no Brasil, pelo PDMB, um dos maiores partidos de nosso país.
Em ano de eleições presidenciais, o manjado script tem audiência e leitura
garantidas nas colunas e páginas de jornais, blog e afins que alimentam
determinado modelo de exercício de política. E por ele são alimentados.
O enredo se
desenrola nas suas já conhecidas quatro fases: na primeira, alguns
atores-líderes começam a divergir do Executivo que apoiam (e apoiaram,
participaram e sustentaram todos os mandatos presidenciais pós 1989) e fabricam
uma crise, ameaçando com uma convenção para (re)discutir o apoio ao candidato a
presidente daquele ano. Na segunda, a fase mais aguda e animada da crise,
derrotam projetos do governo no Congresso, se esmeram em caras e bocas para as
câmeras, fazem discursos que logo ganham as manchetes dos jornais. Daí chega-se
à terceira fase, quando entram em cena outros atores-líderes, prontos,
capacitados e disponíveis para resolver a crise e intermediar o diálogo entre
os situacionistas com pití oposicionista e o Executivo.
Uma rápida
"googlada" nos revelará dezenas de páginas que bem resumem esse
script que já dura 25 anos. Os capítulos encenados agora em 2014 (Eduardo Cunha ameaça convocar
convenção do PMDB para retirar apoio a Dilma) são iguais aos de 2010
(PMDB adia formalização do apoio à
candidatura da petista Dilma Rousseff), tão semelhantes aos de 2006
(PMDB adia convenção para escolha do
candidato à Presidência) e aos de 2004 (Reunião da Executiva marcada para
amanhã pode adiar Convenção do PMDB), em tudo idênticos aos de 2002
(PMDB poderá adiar convenção do dia 15),
e muito parecidos com os de 1998 (PMDB adia convenção para 15 de setembro). E a
mesma novela foi encenada em 1994 (Quércia financia convenção-espetáculo).
Atualmente
vivemos uma transição entre a segunda e a terceira fases da versão 2014. Mas já
se vislumbram cenas da quarta fase, o grand finale, quando tudo volta ao normal
e os novos cargos serão distribuídos entre quem fabricou as crises e os que a
resolveram.
Até quando
vamos assistir o repeteco deste enredo? Até quando a sociedade se
conscientizar e reagir, alterando a correlação de forças que aprisiona a
política brasileira. E eu espero, e trabalho, para que seja o mais rápido
possível.
*Deputado estadual
pelo PT/RN
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Marcos Imperial