Por Miguel do Rosário: O governo está
brincando com fogo ao manter uma estratégia de comunicação tão irritantemente
tosca. A nota da Dilma à imprensa, redigida ao lado do novo chefe da Secom,
Thomas Traumann, entrará para a história como uma das maiores trapalhadas dos
últimos anos.
Eu tenho muita admiração
pela blogosfera, até porque eu sou blogueiro, vivo hoje quase que
exclusivamente do meu blog, e não poderia pensar de outra maneira, mas o
contraponto às mentiras da mídia não pode ficar apenas em mãos de um punhado de
internautas.
O governo tem estrutura e organização para dar uma belíssima resposta à mídia.
Dilma foi eleita pela maioria do povo e pode simplesmente dar uma entrevista
para esclarecer tudo.
Não precisa dizer que a compra de Pasadena foi um bom negócio, porque não seria
verdade. Parecia bom à época, mas com a descoberta do pré-sal e crise
financeira mundial de 2008 tudo mudou.
Às vezes eu tenho impressão que os executivos da Secom sequer acompanham a
imprensa. Ou pior, que eles acreditam no que lêem.
Em 2013, houve inúmeros debates e audiências sobre a compra de Pasadena pela Petrobrás. Sergio Gabrielli, que era presidente da companhia na época, foi ao Senado e apresentou um trabalho detalhado e completo. Ele também deu entrevistas francas e esclarecedoras sobre o episódio.
Em 2013, houve inúmeros debates e audiências sobre a compra de Pasadena pela Petrobrás. Sergio Gabrielli, que era presidente da companhia na época, foi ao Senado e apresentou um trabalho detalhado e completo. Ele também deu entrevistas francas e esclarecedoras sobre o episódio.
Primeira mentira da mídia: afirmar que a Petrobrás pagou US$ 360 milhões pela
refinaria. A Petrobrás pagou US$ 190 milhões pelos 50% da refinaria. O valor
restante – US$ 170 milhões – foram estoques de petróleo e derivados, os quais
foram processados e vendidos, com geração de faturamento para a refinaria e
para a Petrobrás.
Segundo Gabrielli, a Astra pagou US$ 42 milhões pela Astra em 2005, mas fez
investimentos da ordem de US$ 84 milhões. De 2005 para 2006, os preços das
refinarias cresceram muito nos EUA, de maneira que o valor pago pelo Brasil
estava perfeitamente em linha com o mercado. E isso não sou eu que digo: Fabio
Barbosa, hoje presidente do Grupo Abril, que fazia parte do conselho de
administração da Petrobrás, na época da compra, acaba de declarar que “a
proposta de compra de Pasadena submetida ao Conselho em fevereiro de 2006, da
qual eu fazia parte, estava inteiramente alinhada com o plano estratégico
vigente para a empresa, e o valor da operação estava dentro dos parâmetros do
mercado, conforme atestou então um grande banco americano, contratado para esse
fim”.
Jorge Gerdau Johannpeter, um dos empresários de maior prestígio no país, e que
também compunha o conselho da Petrobrás, também assegura que as informações
disponibilizadas por renomadas consultorias internacionais apontavam um ótimo
negócio: “O Conselho de Administração da Petrobras baseou-se em avaliações
técnicas de consultorias com reconhecida experiência internacional, cujos
pareceres apontavam para a validade e a oportunidade do negócio, considerando
as boas perspectivas de mercado para os anos seguintes. Entretanto, a crise
global de 2008 alterou drasticamente o potencial de crescimento do mercado nos
anos subsequentes”.
Outro membro à época do conselho da Petrobrás, Cláudio Haddad, que já foi sócio
do Banco Garantia, diz a mesma coisa: “A gente achou que seria um bom negócio
para a Petrobras. Eu me lembro que teve uma ‘fairness opinion’ (recomendação de
uma instituição financeira), que foi do Citibank, que comparou preços,
recomendou e mostrou que estava perfeitamente dentro, até abaixo dos preços
praticados na época”.
Ou seja, na questão dos preços, consultorias independentes e a opinião de
executivos e empresários respeitados no mundo dos negócios, afirmavam que se
tratava de um excelente negócio para a Petrobrás. Isso deve calar a boca de
muita gente.
Mas a mídia, como sempre, persiste na mentira em colunas e editoriais,
desvelando um esforço algo desesperado para transformar o episódio num
“escândalo” que possa prejudicar Dilma eleitoralmente.
Miriam Leitão vai além da mentira convencional, e diz em sua coluna de hoje que
a Petrobrás pagou US$ 860 milhões pelos outros 50% de Pasadena.
Miriam mudou o número de US$ 820 milhões, correto, para US$ 860 milhões, invenção.
Miriam mudou o número de US$ 820 milhões, correto, para US$ 860 milhões, invenção.
Só que a Petrobrás não pagou sequer US$ 820 milhões pelos últimos 50% da
refinaria. Pagou US$ 296 milhões. O restante do valor refere-se à aquisição de
estoques, que foram vendidos e entraram no caixa da refinaria, e custos
bancários, honorários e indenizações processuais, após uma decisão judicial na
Corte de Nova York que beneficiou a empresa belga, com muito mais experiência
no mercado norte-americano.
Outra confusão é fingir que a refinaria é apenas uma sucata inútil localizada
em algum lugar inacessível do pólo norte, e não uma instalação que ainda tem
equipamentos operantes e se situa numa das áreas mais estratégicas dos EUA,
quando se trata de petróleo: Houston Ship Channel, onde se tem acesso marítimo
ao golfo do México e há interligações modais para todo o território americano.
Ou seja, ainda pode ser útil à Petrobrás.
Gabrielli, contudo, é bem sincero: na sua opinião, a refinaria não é mais bom
negócio para a Petrobrás, porque ela foi adquirida com o objetivo de receber
petróleo pesado das jazidas brasileiras, processá-lo e vender no mercado
americano. Só que as descobertas do pré-sal mudaram o cenário, pela simples
razão de que o petróleo em águas ultra-profundas é leve. E à Petrobrás não
interessa mais desviar qualquer recurso para uma refinaria em Pasadena porque
já não consegue dar conta de tanto petróleo encontrado em nossa costa. Mas o
momento não é bom para vender a refinaria, diz Gabrielli, que pensar valer a
pena aguardar uma oportunidade mais favorável.
Enfim, há explicação para tudo, e a presidenta bem que podia dar uma entrevista
a alguém sobre o tema, talvez acompanhada da Graça Foster, presidente da
Petrobrás. Não custava nada! Daí ela podia partir para o ataque, e mostrar
números que provam o sucateamento vivido pela Petrobrás em período anterior, da
tentativa de privatizar a empresa, e do afundamento da maior plataforma de
petróleo do mundo, a P-36.
A P-36 valia mais de US$ 1 bilhão, matou 11 pessoas, vazou óleo no mar e causou
prejuízo de bilhões, visto que a produção foi interrompida.
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Marcos Imperial