Segundo o petista, o argumento do prefeito para
apoiar o PMDB favorece a também deputada federal Fátima Bezerra.
Se o critério a ser utilizado pelo presidente do PDT, prefeito de Natal,
Carlos Eduardo Alves, para definir apoio nas eleições para governo e Senado,
for quem ajudou Natal, o chefe do executivo municipal apoiará a chapa Robinson
Faria (PSD) governador, Fátima Bezerra (PT) senadora.
A constatação é do deputado estadual Fernando Mineiro (PT), em
entrevista exclusiva a’O Jornal de Hoje. Segundo o petista, o argumento do
prefeito para apoiar o PMDB – o partido, através do presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves, estaria ajudando Natal -, favorece a também deputada
federal Fátima Bezerra.
“Se for esse o critério, acho que a decisão de Carlos Eduardo vai ser
para apoiar a aliança PSD/PT, com Robinson e Fátima. A deputada Fátima foi a
pessoa que talvez mais tenha ajudado Natal nos últimos anos”, diz.
PT e PSD devem se reunir com Carlos Eduardo após o carnaval. O apoio do
prefeito e do PDT é tido como decisivo para fortalecer o palanque. Para a
decisão do PDT, Mineiro diz esperar que “a unidade em torno de propostas
político-administrativas seja superior à unidade familiar”.
JH – A aliança do PT com o PSD é fato consumado?
FM – A aliança está sendo
construída. Está em processo de debate, de aproximação, de discussão, de
afinação de discurso. O PSD com a candidatura de Robinson e o PT com Fátima são
os únicos que têm candidaturas majoritárias nesse Estado. Os demais não têm nome.
Então, é mais que natural. O processo está sendo construído. Tem um calendário
pós-carnaval, dividido por regiões. Tem encaminhamento, tem andamento.
JH – O bloco PT/PSD deverá ter uma reunião após o
carnaval com o prefeito Carlos Eduardo. PT e PSD foram importantes na eleição
dele. Robinson apoiou logo no início, o PT apoiou no segundo turno, enquanto
que o PMDB quis derrotá-lo, inclusive tornando-o inelegível. O que acha que vai
pesar na decisão?
FM – Não tenho ideia. Não
participei de nenhum diálogo com o prefeito Carlos Eduardo. Eu espero que
prevaleça a aglutinação de um polo mais avançado político administrativo, que
apresente propostas mais avançadas para o Estado. Espero que a unidade em torno
de propostas político-administrativas seja superior proposta de unidade
familiar para definir a aliança. É uma discussão que está em aberto, com PDT,
com PC do B. E tem muitas conversas pela frente.
JH – Que acha de Carlos utilizar o argumento de que
Henrique está ajudando a administração dele, sabendo-se que o dinheiro vem do
governo federal, administrado pelo PT?
FM – Se for por esse critério,
se tem parlamentar que mais ajudou Natal nos últimos anos, esse parlamentar se
chama Fátima. Se for esse o critério, acho que vai ser para apoiar a aliança
PSD/PT. Porque a deputada Fátima foi pessoa que talvez mais tenha ajudado Natal
nos últimos anos.
JH – O PT vai usar esse argumento na conversa
com Carlos Eduardo, agendada para depois do carnaval, de que a parceria da
administração de Natal é com o governo do PT e não com Henrique Alves?
FM – Acho que não. Até porque
todos que contribuem com a cidade não fazem mais que a sua obrigação. E o
critério de definição de aliança não pode ser esse. Até porque o governo, tanto
do presidente Lula, quanto o atual da presidente Dilma, é bom exemplo da
relação republicana até com os adversários. De tudo se acusou Lula e Dilma,
menos de que tenham algum tipo de discriminação por razão de escolha
partidária. Acho que esse é um bom exemplo para qualquer gestor. E acho que não
vai ser esse critério que vai definir a aliança para 2014.
JH – Já se iniciou as discussões para a indicação
do vice na chapa? Alguma sugestão para vice de Robinson?
FM – Nenhuma sugestão. Estamos
começando um processo de discussão com os demais partidos. Está em aberto. O
mesmo serve para suplente.
JH – Carlos Eduardo citou recentemente Marcelo
Queiroz, da Fecomércio, como nome do PDT para ocupar uma suplência. Que acha do
nome dele?
FM – Acho um bom nome. O
processo de debate e discussão é que vai definir. Marcelo representa um
segmento importante da economia do Estado. É um bom nome. Mas o que vai definir
é o processo.
JH – E Agnelo, que já foi citado para vice, que
diz?
FM – Também um bom nome. Mas,
repito: O processo de preenchimento de vice e suplência vai ser fruto da
discussão. Os partidos irão sentar e definir.
JH – O PMDB, através do ministro Garibaldi, disse
esta semana que foi a deputada Fátima e o PT que fecharam as portas definitivas
para uma aliança com o PMDB. O que achou?
FM – É como diz o próprio
Garibaldi. Na reunião com o PT eles foram muito francos, ao dizer que a
preferência deles era fazer aliança com Wilma. Ele nos comunicou em reunião no
dia 24 de janeiro. Já a nota de Fátima fez registrar e constatar essa questão.
Isso já foi noticiado. Não foi nenhuma, nem duas, nem três vezes que saiu
matéria na imprensa dando conta de que, de 22 prefeitos, um concordava com a
aliança com o PT. Então tinha um processo de exclusão da chapa. Eles passaram o
ano todo de 2013 discutindo nas reuniões nacionais, falando que iam ter
candidato ao governo, e o PT nacional falando que nós reivindicávamos aqui o
Senado. E depois mudaram. É da política local e do estilo de cada partido. São
escolhas.
JH – Parte do PT mantém o discurso contrário às
oligarquias, uma aliança com o PMDB não seria ruim, nesse sentido?
FM – O PT é um partido plural,
tem várias concepções, olhares e posições. Mas quando tira uma posição, como um
todo, acata. Sempre foi assim. Assim será. Não será diferente. Até porque a
união ou a desunião de grupos no Estado não se pauta pelo que um falou do outro.
JH – Apesar disso, Henrique disse que Fátima
poderia ter falado com ele, em vez de publicar uma carta… Garibaldi afirmou que
Fátima foi muito solene ao fechar as portas…
FM – Acho que a nota da Fátima
foi de bom tom, expressou o que ela pensa. Quem sou eu para julgar. A nota é
autoexplicativa.
JH – Wilma disse que Fátima não fechou as portas do
PT a uma aliança com o PSB. Disse que o PT deixou frestas. O que ela quis dizer
com isso?
FM – Não sei o que ela quis
dizer com isso. Tem que perguntar para ela. A nota da Fátima é muito clara. Há
uma inversão do debate político eleitoral no Estado. A dinâmica que foi dada,
principalmente pelo PMDB, é adiar todas as decisões, deixar a política congelada,
deixar um processo de indefinição, e não debater projetos e propostas. Então,
tem um congelamento da política, do debate político administrativo. Esse
frenesi entre conversa entre a, b e c e tal faz parte da política, mas é um
negócio prejudicial. Os jornais só noticiam isso. Acho que esgotou. A sociedade
está querendo um debate substantivo sobre o Estado. Esse caminho que foi
adotado, em grande medida pelo PMDB, que é o maior partido do Estado, tem
ministro, presidente da Câmara, eles deram uma dinâmica para o debate político
eleitoral que não é de boa, que rebaixa a política e alimenta o disse me disse
e a desconfiança, ‘não sei quem falou não sei o que’. O jornalismo político
girou em torno de um disse me disse. É uma pobreza muito negativa para a
sociedade. A sociedade está perdendo com isso. Acho que a energia devia se
voltar para a discussão do Estado. Como sair desse buraco que o DEM criou no
RN?
JH – O senhor acha que o palanque de Wilma com
Garibaldi é contraditório, uma vez que eles foram adversários?
FM – Seria positivo para o
Estado, se tivesse uma sintonia com o projeto nacional. Acho que esse tipo de
contradição, esse tipo de arranjo político eleitoral, não por afinidade… Na
verdade é um palanque que não tem afinidade político-administrativa. É um
palanque que tem medo. Até agora não vi ser anunciadas propostas que os
unifique. Parece-me muito mais um palanque de um ter medo de disputar com o
outro do que qualquer outra coisa.
JH – Como analisa a situação do DEM no RN? Mesmo
com o governo, o partido é rejeitado pelos demais grupos que não querem aliança
com ele?
FM – Isso é resultado de um
processo, de uma condução e de um estilo de governo. Aqui mesmo nas páginas do
JH eu já sinalizei, não de agora, que se instalou na máquina um estilo de
governar autocrático, muito autoritário, feito pelo DEM, que despreza os
próprios aliados, não escuta a base. Eu desconheço que tenha havido uma reunião
do governo com a base de sustentação política durante os mais de três anos de
gestão. Nem com os deputados. Tanto que o DEM ficou isolado. O governo tem hoje
alguns parlamentares e partidos, que tem cargos comissionados no governo e que
garantem a chamada governabilidade de Rosalba.
Jornal de Hoje – Que análise faz desses gastos do
governo com consultorias, cerca de R$ 122 milhões, em cinco anos, dentro do RN
Sustentável?
Fernando Mineiro – Essa questão do valor das
consultorias eu já havia denunciado quando da aprovação do empréstimo ao Banco
Mundial, em dezembro de 2011. Está lá nos gastos dos empréstimos, já tinha
denunciado.
JH – O que denunciou exatamente?
FM – O percentual altíssimo de
gastos com consultoria à época, quando chegava a quase 5% do total dos
empréstimos, valar bastante alto, quando se tem uma série de projetos no
Estado. Até porque o empréstimo foi baseado em projetos. O empréstimo não foi
uma carta genérica de intenções. O governo apresentou projetos para conseguir o
empréstimo. Tem mais que fiscalizar e cobrar. O governo prioriza grupos de fora
da máquina administrativa, quando você tem no quadro de servidores pessoas com
competência.
JH – A Assembleia Legislativa deve fiscalizar?
FM – Tanto o Poder Legislativo
quanto os órgãos de fiscalização, o Ministério Público, o Tribunal de Contas do
Estado. Eu já levantei em dezembro de 2011.
JH – Há críticas à política econômica de Dilma. A
população vai aprovar um novo mandato pra ela?
FM – Diante da crise que passa
maior parte dos países do mundo, o Brasil está bem. Tem conseguindo um bom
desempenho. É o terceiro melhor desempenho no PIB, atrás apenas da China e da
Coreia. Todos os prognósticos de fracasso que a oposição tem falharam. Na
verdade, oposição não tem projeto. O único projeto da oposição é o Brasil dar
errado. Torce-se para que o Brasil dê errado para ver se tem chance. O que
mostra o nível lamentável de disputa político ideológica no Brasil. O projeto
da oposição é o Brasil dar errado. O nosso é o Brasil dar certo.
JH – E a participação de Dilma na campanha do RN?
FM – Será igual como ficou da outra
vez. Dilma virá fazer a campanha dela e de Michel e quem a apoia estará no
palanque dela. Questões locais em nada influenciarão o palanque nacional. Já
aconteceu na eleição passada, quando parte do PMDB apoiou o DEM e a outra parte
o PSB. Dilma esteve aqui, e não teve nenhum problema.
JH – Fala-se na possibilidade de Henrique ser o candidato
do PMDB a governador. Neste caso, Dilma apoia e grava pra ele e vem para
palanque de Fátima? Ou não vem para nenhum dos dois?
FM – Isso tem que perguntar a Dilma.
Até porque a legislação proíbe. Só pode participar de programa onde o partido
está. Dilma vai estar num palanque onde o PT está.
Fonte: O Jornal de Hoje.
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Marcos Imperial