Em 2001, quando era presidida por Henri
Reichstul, que tentou mudar o nome da estatal para Petrobrax, a Petrobras deu
postos de combustíveis, parte de um campo exploratório e 30% de uma refinaria
no Rio Grande do Sul, a Refap, para o grupo espanhol Repsol, em troca de ativos
na Argentina; petroleiros entraram com ação questionando a relação de troca e o
caso está no STJ; “estimamos que a Petrobras recebeu US$ 750 milhões e cedeu
US$ 3 bilhões em ativos”, disse, ao 247, o advogado Claudio Pimentel, que
lidera a ação; detalhe: negócio foi fechado dias antes de uma
megadesvalorização na Argentina, que reduziu o valor de tudo por lá pela
metade.
Via 247 – Dezoito de dezembro de 2001. Naquele
momento, a Argentina vivia uma de suas mais profundas crises econômicas e tanto
a torcida do Boca Juniors como do River Plate sabiam que a desvalorização do
peso seria inevitável.
Naquele momento, Fernando de la Rúa governava a
Argentina e autoridades locais haviam determinado à espanhola Repsol que se
desfizesse de alguns ativos.
Qual foi a solução encontrada? Os espanhóis
bateram à porta da Petrobras e fecharam um contrato de troca em que cediam à
estatal brasileira a refinaria de Bahia Blanca e recebiam, em contrapartida,
30% da Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, 10% do campo
de Albacora Leste e 750 postos de combustíveis da BR Distribuidora. A avaliação
feita na época estimava que o que cada parte entregava à outra valia cerca de
US$ 500 milhões e o contrato de troca foi assinado por Henri Philippe Reichstul,
o presidente da Petrobras que ficou marcado por tentar mudar o nome da empresa
para Petrobrax.
Naquele momento, a estratégia era fatiar ativos
da empresa e privatizá-la em partes, uma vez que a desestatização completa não
seria aceita pela sociedade brasileira. Nesse embate, a reação dos petroleiros
à operação produziu uma ação judicial que já está no Superior Tribunal de
Justiça. “Estimamos que a Petrobras entregou cerca de US$ 3 bilhões, em valores
atualizados, e recebeu US$ 750 milhões”, diz o advogado Claudio Pimentel, que
lidera a iniciativa.
Para determinar se houve ou não prejuízo na ação
judicial é que foi proposta a ação. No STJ, a então relatora Eliana Calmon
determinou a realização de uma perícia. Mas um indicador concreto de que a
Petrobras recebeu ativos argentinos superavaliados foi o que aconteceu na
Argentina três dias depois da operação. Em 21 de dezembro de 2001, após uma
maxidesvalorização cambial, o governo de Fernando de la Rúa caiu. “O que a
Petrobras recebeu da Repsol passou a valer a metade”, diz Pimentel. “Isso
talvez explique o fato de a operação ter sido feita a toque de caixa”.
No STJ, Eliana Calmon disse que um caso dessa gravidade
não poderia “passar em branco” e determinou a realização da perícia. O ministro Herman Benjamin foi também incisivo e votou conforme o
voto da ministra Eliana Calmon, afirmando que o Judiciário não pode assistir
inerte ao que se afigura no mínimo como uma “operação temerária”. Aguardam-se
os votos dos ministros Humberto Martins e Mauro Campbell.
Outro indicador da estranheza da operação foi o
fato de a Petrobras ter recomprado os 30% da Repsol na Refap por US$ 850
milhões. “Ou seja: pagou bem mais para recomprar do que recebeu quando vendeu”,
diz Claudio Pimentel.
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Marcos Imperial