Nesta entrevista, a deputada federal Fátima Bezerra
analisa a conjuntura política do Rio Grande do Norte, reafirma o projeto de ser
eleita senadora e faz várias críticas ao projeto do PMDB de reunir em torno de
si várias lideranças políticas do Estado. A deputada ainda comenta a respeito
da aliança com o PSD e das questões internas do PT.
O
Mossoroense: Já podemos dizer que sua candidatura ao Senado está consolidada?
Fátima
Bezerra: Sim. Eu entendo que estamos caminhando para isso. Embora vale destacar
que quem consolida uma candidatura são os partidos e ainda faltam mais de três
meses para as convenções. O que eu posso dizer é que sinto existir um desejo
que é comum a uma boa parte da população e ao meu partido. Por onde ando as
manifestações de incentivo são crescentes e eu estou cada vez mais motivada a
encarar esse desafio.
OM: Com base
em quais serviços prestados a senhora pretende convencer o eleitor de que é o
melhor nome para o Senado?
FB: Estou
concluindo o terceiro mandado na Câmara dos Deputados. Mandato esse de perfil
republicano que tem sido muito respeitado e bem avaliado pela população do RN e
pelos mais diversos organismos independentes que fazem o acompanhamento do
Congresso Nacional, e isso me credencia ao estágio mais avançado no parlamento
brasileiro, que é o Senado Federal. A minha dedicação parlamentar em defesa da
educação, dos direitos humanos, da valorização dos serviços públicos e dos
servidores, de mais justiça social e cidadania e a minha batalha constante para
trazer mais investimentos e benefícios para o Estado e municípios potiguares
evidentemente ajudam essa avaliação positiva que a população faz do nosso
trabalho, e têm sido traduzidas nas expressivas votações que tenho recebido,
quando por duas vezes, em 2002 e 2010, o eleitor norte-rio-grandense
generosamente me fez a deputada federal mais votada do Estado. Como a minha
votação não está ancorada no poder econômico e nem venho da política
tradicional e familiar, essas votações expressam o carinho, a confiança, o
respeito que o RN tem da nossa atuação enquanto deputada federal.
OM:
Em 1996, a senhora foi ao segundo turno na disputa pela Prefeitura do Natal
contra Wilma de Faria. Em 2000, foi derrotada por ela logo no primeiro turno.
Wilma é sua provável adversária. O que a leva a crer num cenário diferente?
FB:
Nem sabemos ainda se a ex-governadora Wilma será mesmo candidata ao Senado, até
o momento só temos ouvido isso da boca de quem quer afastá-la da disputa para o
governo, ou seja, de quem a teme como adversária na disputa. Ao contrário, eu
entendo que na política a gente não escolhe adversário. Escolhe caminhos e
projetos. Do contrário as disputas passam a ser pessoais e não de rumos,
propostas que estejam em consonância com as aspirações populares e a sociedade
em geral. É verdade que no passado eu e a ex-governadora fizemos disputas,
porém, desde o segundo turno das eleições de 2002, quando ela se elegeu
governadora pela primeira vez, e nós elegemos o presidente Lula para o primeiro
mandato de presidente da República, a nossa relação tem sido de parceria
política e administrativa. Mas a conjuntura muda se ela for mesmo candidata ao
Senado. Vamos à luta, ao debate e caberá naturalmente ao eleitor a decisão.
OM:
A senhora está pleiteando o apoio do prefeito do Natal. A ajuda para liberar
recursos federais é um dos argumentos para garantir esse apoio?
FB:
Não. Não pratico esse tipo de política. Nosso mandato assim como o governo da
presidenta Dilma é republicano. O nosso desejo de formar coligação com o PDT se
fundamentou na afinidade política, programática etc. O PDT faz parte da base da
presidenta Dilma, defende o projeto nacional em curso, tem compromisso com a
reeleição da nossa presidenta e historicamente sempre compôs esse campo mais à
esquerda. A parceria com o governo federal, a luta para trazer mais recursos,
projetos e políticas públicas que beneficiem Natal e o RN é meu dever, é minha
obrigação enquanto agente político. Assim foi, é e sempre será. Nosso mandato
é, repito, republicano. Para além das afinidades e preferências partidárias que
temos, o nosso mandato tem sido parceiro de todos os municípios que nos
procuram, independente da filiação partidária. Agora, se as lideranças
políticas e o povo desses municípios vão reconhecer, é outra questão que não
que não cabe a mim julgar.
OM:
Como a senhora analisa a crise entre PT e PMDB em nível nacional?
FB:
As direções nacionais do PT e do PMDB estão resolvendo esse imbróglio, até
porque estamos em ano eleitoral e a chapa nacional será mantida com Dilma e
Temer, PT e PMDB. Não é a primeira nem será a última. Não é fácil manter unida
uma base de apoio tão ampla e tão heterogênea do ponto de vista ideológico,
ainda mais num ano eleitoral.
OM:
Na sua opinião essa circunstância dificultou o entendimento no Rio Grande do
Norte?
FB:
Na política, a construção de uma aliança depende de muitas variáveis, a conjuntura
nacional e local, confiança entre os dirigentes partidários, projetos
partidários e até pessoais. Quase sempre, quando nós, políticos, tentamos nos
antecipar e arrogantemente achar que um "entendimento" resolve
disputa eleitoral, o eleitorado reage. O que cabe aos partidos é construir
alianças e apresentar as diferentes alternativas de projetos e nomes para
executá-los. O eleitor não abre mão do seu direito democrático de escolher.
Embora algumas pessoas tenham dificuldades e até humildade para entender isso e
tirar lições dos erros do passado.
OM: Como a
senhora analisa a possibilidade levantada pelo senador José Agripino de uma
aliança entre PMDB e DEM no Rio Grande do Norte?
FB: Vejo
como incoerente, do ponto de vista político, se formos analisar a conjuntura
nacional, principalmente porque aqui estão dirigentes muito importantes, de
ambos os partidos e no PMDB do RN está um ministro do governo da presidente
Dilma, que o DEM luta dia e noite para derrotar. Porém, conhecendo a realidade
local, a forma de fazer política e o instinto de sobrevivência dos grupos
tradicionais não me impressionam, não me surpreendem.
OM:
Com a senhora disputando o Senado, Fernando Mineiro é o nome natural do PT para
tentar uma vaga na Câmara dos Deputados?
FB:
O PT estadual definiu desde final de 2012 que os seus objetivos eram fazer a
disputa para o Senado, ampliar o espaço na Assembleia Legislativa e manter a
vaga na Câmara Federal, conquistada e mantida com muita luta da militância
desde 2002. Acho que o nome do deputado Fernando Mineiro é o nome mais forte
eleitoralmente que temos a apresentar na disputa da Câmara, mas ainda não
definimos a tática e, portanto, ainda não sabemos quantos e quais são os nomes
que apresentaremos para a disputa.
OM:
Como a senhora analisa essa parceria que está nascendo com o vice-governador
Robinson Faria?
FB:
De forma muito positiva. A disposição e o compromisso de Robinson e do PSD em
enfrentar essa disputa têm deixado a militância do PT muito animada. Essa
parceria promete.
OM:
A senhora acredita que uma eventual chapa PT/PSD conseguiria emplacar o
discurso antiacordão?
FB:
Primeiro, nós precisamos saber o que vai acontecer. Que alianças acontecerão. É
muito cedo para esse ou aquele diagnóstico, e no momento certo nós vamos
acertar a linha, o tom da campanha. Mas como eu falei, nossa intenção é fazer
uma aliança não apenas com partidos políticos, mas com os mais diversos setores
da sociedade. Lideranças políticas que não se sintam representadas pelos
encaminhamentos, decisões dos seus partidos, lideranças empresariais, movimento
social e, principalmente, com o eleitor livre do Rio Grande do Norte que,
muitas vezes, surpreende os que pensam que são donos da vontade popular.
OM:
Há dificuldades de entendimento entre PT e PSD na proporcional?
FB:
Que eu tenha conhecimento, nem PT nem PSD fizeram qualquer discussão sobre a
composição das chapas proporcionais. No momento certo, as direções dos partidos
terão maturidade e sabedoria política suficiente para equacionarem essa questão,
apresentando as suas nominatas e seus objetivos na disputa proporcional e assim
definirem a tática mais adequada a ambos e à aliança.
OM:
Vocês estão conversando com quais partidos para ampliar o leque de aliados?
FB:
Estamos dialogando com o PCdoB e PDT, mas seguimos conversando com outros
partidos que estão nos procurando e que nós também iremos procurar, como o G10
etc.
OM:
Em Mossoró, o PT anunciou o vice do prefeito interino na eleição suplementar,
mas Francisco José Júnior negou um acordo com vocês. A senhora acredita que
esse constrangimento pode provocar algum desgaste?
FR:
Fui informada pelo presidente municipal e pelo vereador Luiz Carlos que o PT
definiu o apoio à eleição do prefeito Francisco José Júnior e que o PT pretende
apresentar o nome para compor a chapa na condição de vice-prefeito. Portanto,
vou participar da campanha, estarei ao lado dos dirigentes e militantes do PT e
dos partidos aliados na luta em prol da vitória do prefeito Francisco José
Silveira Júnior na eleição de Mossoró. Quanto à questão de o PT participar da
chapa indicando o vice, isso é um assunto que cabe ao Diretório Municipal de
Mossoró em diálogo com o prefeito e demais partidos aliados. Fonte: O Mossoroense.
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Marcos Imperial