A deputada federal Fátima Bezerra (PT)
coordenou nesta quinta-feira (24) audiência pública, na Câmara dos Deputados,
cujo tema trata dos “Reflexos do Golpe Militar na Educação Brasileira”.
A
discussão é uma iniciativa da Comissão de Educação e Cultura. “É muito
importante que se faça um registro desse período que trouxe graves retrocessos
para o país. A audiência teve um caráter de natureza histórica para que
as gerações futuras tenham condições de compreender melhor o que significou
esse período, quando o país viveu sob a égide da ditadura militar”, frisou a
deputada.
O debate contou com a contribuição de
autoridades no assunto, como o sociólogo e cientista político Emir Sader; os
professores Sadi Dal Rosso e Volnei Garrafa; o presidente do Instituto Paulo
Freire, Moacir Gadotti; e o representante da OAB/RN, Marcos Guerra.
“A ditadura militar golpeou severamente
a educação brasileira. Além da perseguição aos estudantes, professores e a
interdição ao pensamento critico, nós tivemos experiência exitosas, que foram
perseguidas pelo golpe militar. Algumas dessas aconteceram de forma
pioneira no Rio Grande do Norte, como o Movimento Pé no Chão Se Apreender a
Ler, As 40 horas de Angicos e Movimento de Educação de Base (MED)”, destacou
Fátima Bezerra.
“Seus idealizadores e coordenadores
foram perseguidos e banidos, a exemplo do professor Paulo Freire. Foi um grande
prejuízo para a educação, pois esses movimentos tinham como alvo o combate ao
analfabetismo. Eram programas que trabalhavam e viam a educação como um caminho
para construir um país sem analfabetismo, um país justo e generoso com mulheres
e homens livres de qualquer opressão e preconceito”, completou.
Participaram ainda da discussão os
deputados Dr. Ubiali, Alice Portugal, Margarida Salomão, Iara Bernardi, Stepan
Necessian, Glauber Braga, Paulo Rubens Santiago, Tiririca, José Silva e Dorinha
Seabra.
O Golpe Militar de 1964 marcou de
maneira traumática a história do Brasil. Até hoje historiadores, membros da
sociedade civil e pesquisadores de diversas áreas se debruçam sobre documentos
e relatos do período para tentar entender melhor os fatos que mudaram o país.
Entre os muitos aspectos que devem ser analisados, estão os reflexos causados
na educação brasileira.
O representante da Ordem dos Advogados
do Rio Grande do Norte, Marcos Guerra, que trabalhou nas 40 horas de Angicos
com Paulo Freire, disse que os principais reflexos da repressão foram
violência, tortura, impunidade e corrupção. “O analfabetismo é uma questão
política, econômica, de direito e de dignidade humana", frisou Marcos
Guerra. Moacir Gadotti destacou que a repressão foi um golpe contra os
trabalhadores, movimentos sociais e educação popular.
Além da repressão violenta, muitos
educadores foram obrigados a se exilar fora do país. Os movimentos estudantis
se intensificaram e, em consequência, muitos estudantes foram perseguidos,
presos, torturados e mortos. O ensino médio, fundamental e universitário sofreu
alterações programáticas e intensas para atender aos interesses do novo regime.
O sociólogo e cientista político Emir
Sader disse que a qualidade da educação deve ser uns dos temas fundamentais no
país. Assim como Emir Sader, o professor e represente do PCdoB, Volnei Garrafa,
declarou que a educação brasileira ainda não se tornou um compromisso público e
uma agenda prioritária no país.
Já o professor da Universidade de
Brasília, Sadi Dal Rosso, pediu revisão da Lei da Anistia e mais levantamentos
de informações sobre as mortes de estudantes pela repressão.
Participaram também da audiência
representantes da CNTE, UNDIME, ANDIFES e Comissão da Verdade.
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Marcos Imperial