Pelo jornalista Tulio Lemos (Jornal de Hoje)
hoje.
VALE A PENA LER TUDO, PARA COMPREENDER A
(DES)CONEXÃO GERAL QUE REPRESENTA TUDO ISSO.
ACORDÃO – Túlio Lemos
O termo "acordão" continua incomodando
os aliados do deputado Henrique Alves. Não soa bem para a população. Mas por
que um acordo político, tão comum e com objetivos definidos, não é bem aceito
pelo eleitorado?
EXPLICAÇÃO
A questão não é o agrupamento partidário em si,
absolutamente legítimo e às vezes necessário. Ninguém teria respaldo se
criticasse Henrique pelo fato de querer o maior número de partidos apoiando seu
projeto. Isso é legítimo. Candidato tem buscar apoio e voto. O problema é
outro.
PASSADO
Quando havia, na história recente do RN, a
disputa entre Alves e Maia, havia coerência política e fidelidade partidária;
tanto das lideranças, quanto dos eleitores. Havia diferença entre os partidos e
disputas verdadeiras, sem falsidades ou acordos espúrios. Tudo isso mudou. Os
políticos ficaram iguais e piores.
COERÊNCIA
O discurso atual de que a união entre contrários
é pelo bem do RN é absolutamente falso. A união realmente existe, mas em torno
dos projetos pessoais de cada um, das conveniências dos líderes partidários.
Para isso, engolem as diferenças, tentam apagar as disputas recentes e os
discursos inflamados. A agressão de ontem dá lugar ao elogio de hoje. Eles até
conseguem mudar, alimentados pelo cinismo inerente ao momento; o eleitorado não
absorve tão facilmente a mudança.
REALIDADE
Vejamos a situação do acordão atual, comandado
por Henrique Alves: a chapa de governador e vice que pretende ‘salvar o RN’, é
formada justamente por Henrique e João Maia, ambos integraram o Governo Rosalba
até ontem, que previa salvar o RN das mãos de Wilma de Faria, que havia
quebrado o RN.
COOPTAÇÃO
Henrique foi buscar para ser sua companheira de
chapa majoritária, Wilma de Faria, justamente aquela que havia sido derrotada
por José Agripino, Rosalba e Garibaldi. Wilma não foi atraída pelo que fez em
duas gestões no executivo; mas pelo mal que poderia provocar na candidatura de
Henrique, que aderiu ao Governo Rosalba e chancelou seu discurso de que Wilma
havia quebrado o Estado.
SALADA
Com a chegada de Wilma na chapa de Henrique,
houve um claro fortalecimento político, com reflexos eleitorais em sua
candidatura. Porém, a ida de Wilma para o acordão também criou desconforto para
os dois senadores que a derrotaram na última eleição: José Agripino e Garibaldi
Filho. Ambos bateram forte na mãe de Lauro em 2010; em 2014 são obrigados a
esquecer o discurso e formatar outro, conveniente ao momento.
DIFICULDADE
A maior dificuldade nesse caso, é para o senador
José Agripino, que usou todo o seu dom da oratória para justificar que o
eleitor deveria derrotar Wilma e sua turma para o Governo e o Senado; uma
gestão marcada por escândalos de corrupção e até a prisão do próprio filho,
acusado de usar a casa oficial como ‘quartel general’ das maracutaias
financeiras. E agora? Esquece tudo? Em nome de que?
DIFICULDADE II
O ministro Garibaldi Filho também não estará em
situação confortável para pedir votos para Wilma. E o problema não é o fato de
ter sido derrotado por ela; isso faz parte do jogo eleitoral. A questão é o
discurso. Além de Wilma ser desgastada pelos escândalos e sua imagem ser
comprometida, há também o fato de que a salada partidária que se formou, não é
vista pelo eleitorado como algo benéfico para o Estado, mas apenas um arrumado
para tentar ganhar a eleição e eleger ou reeleger os filhos e outros parentes.
Garibaldi pedir votos para Wilma não passa sinceridade.
PALANQUE
Como será a reação do eleitorado quando Henrique
disser que essa união foi feita para ‘salvar o RN’? Embaixo do palanque, o
eleitor olha pra cima e vê Zé Agripino, patrocinador de Rosalba; João Maia,
integrante do conselho político; Garibaldi, que indicou cargos e fez dobradinha
eleitoral com Rosalba; Aldair da Rocha (PTB), ex-secretário de Rosalba; Rogério
Marinho (PSDB), ex-secretário de Rosalba e por aí vai. Ou seja: quem se dispõe
a salvar o Estado, fez ou faz parte do Governo que afundou o Estado.
CONCLUSÃO
Talvez seja por isso que a tal ‘união para salvar
o RN’ não tem recebido o apoio popular que tanto precisa. As lideranças
interioranas, assim como as da capital, são acostumadas a mudar o discurso de
acordo com a conveniência. Mas o eleitor, apesar do cabresto que querem lhe
impor, pelo menos na majoritária, decide de acordo com o que pensa. Resta ao acordão
convencer que a união das forças antagônicas não será boa somente para as
famílias políticas.
FICHA SUJA
A turma do acordão gosta de apoiar candidato
condenado ou ficha suja. Neste final de semana, Henrique, Agripino e Wilma
foram a Ipanguaçu pedir votos para José de Deus, condenado por improbidade e
considerado ficha suja pela Justiça Eleitoral. Repetem Mossoró.
...
JORNAL DE HOJE, NATAL, RIO GRANDE DO NORTE
Postado dia 26/05/2014 às 15h44 por: Tulio Lemos
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Marcos Imperial