"Quero agradecer a quem me inspira, minha
mãe Maria Aparecida Ferreira e Luiz Inácio Lula da Silva, duas pessoas que me
ensinaram a não desistir". Gustavo Oliveira Ferreira - Boa
Esperança/Minas Gerais.
Depoimento enviado em 06/08/2014.
Meu nome é Gustavo Ferreira, tenho 33 anos, nasci
e cresci na cidade de Boa Esperança, sul de Minas Gerais. Minha mãe, mulher
muito simples teve a difícil tarefa de criar um filho, solteira e sozinha no
principio dos anos 80.
Pra quem não se lembra, ficar grávida solteira no
inicio dos anos 80 correspondia a uma vergonha familiar, portanto, minha mãe
não contava com o apoio direto dos meus avós que também eram pessoas simples,
lavradores em pequeno sitio da cidade.
O trabalho nunca fora algo opcional e, mesmo
grávida, minha mãe trabalhava como doméstica na casa de uma família que, após
meu o nascimento, vieram a ser meus padrinhos.
O tempo passava e eu crescia, morávamos na casa
dos patrões, a convivência nem sempre foi das mais harmônicas, eu estudava em
escolas públicas e sempre que eu ia mal nos estudos não demorava a vir aquele
estimulo típico da classe média brasileira: “Não se preocupe, você não vai dar
em nada na vida!” “O seu futuro é certo, vai trabalhar lá na fazenda o resto da
vida, não precisa de estudos!”.
Mesmo assim segui estudando e confiando num dia
melhor, num futuro melhor.
Ao fim do ano de 2000, após o término do ensino
médio, concluído no CESU- Centro de Ensino Supletivo Sinhá Leite, me mudei para
Belo Horizonte no intuito de trabalhar e de continuar os estudos em um cursinho
para garantir vaga em uma boa universidade federal, já que o pagamento de uma
particular estava fora de questão.
Belo Horizonte, há 14 anos, não era a mesma de
hoje, faltava emprego, eu passava o dia entregando currículo e nem um
telefonema recebia, sobrevivia na cidade com R$ 275,00 enviados pela minha mãe
e, de tanto tentar, encontrei um emprego no fim de um ano na cidade. Embora não
estivesse estudando, o desejo permanecia vivo. Minha mãe, percebendo o meu
sofrimento por não estar na universidade, decidiu seguir para São Paulo capital
e continuar trabalhando em casas de família no intuito de me ajudar nos nossos
sonhos.
Em São Paulo, minha mãe trabalhava na casa de uma
família e de vez em quando comentava com a patroa: “Meu filho está tentando
vestibular na Universidade Federal”- e a resposta da patroa como sempre era:
“Você acha que ele vai passar? É claro que não, universidade federal não é pra
qualquer um não! Meus filhos não passaram!”.
Em 2002, veio a primeira boa noticia, Luiz Inácio
Lula da Silva seria presidente do Brasil, fui tomado de um sentimento tão
grande de orgulho e confiança que ninguém poderia tirar isso de mim. Então os
objetivos ficaram mais claros, uma voz dentro de mim falava: “Você pode fazer o
que você quiser!” – ainda lembro de ir dormir aliviado no dia dessa noticia e
certo que a minha vida mudaria.
E assim, segui por mais um ano e meio. Em 2004,
veio a noticia tão esperada, fui aprovado no vestibular, no curso de História
da Universidade Federal de Ouro Preto.
No decorrer do curso, eu pude presenciar a
transformação da universidade com a proposta do Reuni, a UFOP, que era pequena,
foi se transformando, mais vagas, novos cursos e políticas de apoio aos
estudantes carentes.
Após terminar o curso, senti que só a graduação
não me satisfaria, como eu já vinha pesquisando durante a graduação em História
da Ciência e da Saúde, decidi prestar a seleção de Mestrado em História da
Fundação Oswado Cruz no Rio de Janeiro.
Passei em terceiro lugar e rumei para o Rio de
Janeiro, chegava em Manguinhos, olhava pros lados e pensava: “Quem diria que um
dia eu estudaria aqui! Pobre, filho de doméstica, quem não ia dar nada na vida
hoje está na Fiocruz”.
Concluí o mestrado em 2013, e tive a oportunidade
de seguir para a Alemanha com o objetivo de estudar alemão, onde ainda estou,
percebi que a oportunidade de estar na Europa poderia ser uma boa oportunidade
de entrar em contato com a Universidade de Coimbra, sendo assim tentei a
seleção de Doutoramento em Altos Estudos em História e a bolsa de Estudos
Francisco de Lemos.
Nos últimos dias recebi a notícia de que fui
contemplado nos dois processos. Recebi a notícia com grande alegria e júbilo,
recordando de toda a minha história de vida venho aqui agradecer a quem me
inspira em minha luta, minha mãe Maria Aparecida Ferreira e a Luiz Inácio Lula
da Silva, duas pessoas que me ensinaram a não desistir dos meus sonhos e andar
de cabeça erguida. Essa vitória também é de vocês!
Hoje um filho de doméstica vai virar doutor na
Universidade de Coimbra, instituição que até outro dia só ingressavam os filhos
da elite brasileira.
Muito obrigado presidente Lula por me inspirar e
me dar a certeza de que o Brasil mudou e vai continuar mudando. Muito Obrigado!
A luta continua, Dilma sempre. Via http://obrasilqueconquistamos.com.br/
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Marcos Imperial