Fernando Brito
A Folha revela hoje o que é, aos olhos até de um adolescente, uma fraude.
O “contrato” de compra do Cessna que servia à
campanha de Eduardo Campos e Marina Silva é, obviamente, uma falsificação
primária.
Um contrato de mais de R$ 20 milhões se resume a
uma “carta de intenção” apócrifa, porque traz uma assinatura de “alguém” (ou de
ninguém) que sequer se identifica.
Não é preciso mais que os dois fragmentos
exibidos pelo jornal para que se veja que é uma montagem, onde uma pessoa
física (“me proponho”, sic) não identificada manifesta a “intenção de compra”
do avião.
Bastou isso para “levar” um aparelho de US$ 8,5
milhões de dólares e passar a empregá-lo nos deslocamentos de Eduardo Campos e
Marina Silva pelo país.
Detalhe sórdido da falsificação: a “validade” da
” intenção de compra” é o mesmo dia em que se a assina.
Portanto, não haveria “intenção de compra”, mas
compra.
Os advogados ouvidos pela Folha classificam o
documento de “papel de pão”, algo sem validade jurídica.
Não seria preciso ouvir advogados, basta imaginar
se você entregaria um automóvel apenas com um papel assim.
Não é um “papel de pão”, porém, é um documento
forjado.
Ou forjado depois do acidente, na esperança de
dar “cobertura” a um negócio escuso ou, forjado na ocasião, para dar
formalidade a uma transação onde o nome do verdadeiro comprador não poderia
aparecer.
Estamos diante de uma quadrilha, que não apenas
age para violar as leis – eleitorais, comerciais e fiscais – como se associa
para encobrir aos olhos da Justiça este crime.
A Folha, certamente, está “guardando” para novas
matérias os detalhes desta carta “de más intenções” que revela hoje.
Já não é o caso de pedir, como determina o
Procurador Geral da República, os documentos desta transação.
É o de apreendê-los, porque se tratam,
evidentemente, de provas de crimes.
O de obter e incorporar a uma campanha política
um bem de mais de 20 milhões, de uma empresa que, em recuperação judicial, agiu
em fraude aos seus credores.
E o de quem, simulando esta compra e sustentando diante
da opinião pública desculpas e justificativas pueris, está fraudando a formação
de consciência de todo um país.
Se não o fizerem, estarão deixando 203 milhões de
brasileiros serem vítimas de um estelionato sem comparação em um país
democrático.
O PSB tem 24 horas, prazo de sua segunda
prestação de contas parcial, para declarar e comprovar a origem do avião.
E para decidir se vai se associar – a si como
partido e à sua candidata – a crimes que vão além do Código Eleitoral.
Que são, inapelavelmente, do Código Penal.
Destaques do ABC!
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Marcos Imperial