As metas, os objetivos e os prazos
do novo Plano Estadual Socioeducativo foram apresentados e debatidos durante
audiência nesta quarta-feira, 12, realizada no plenarinho da Assembleia
Legislativa. A iniciativa foi proposta pelo deputado Fernando Mineiro (PT) e
contou com a participação de representantes de entidades que compõem a Rede de
Proteção Infanto-Juvenil do Rio Grande do Norte.
Mineiro abriu a audiência
ressaltando que o plano “é essencial para tentar recuperar o atraso no tocante
à construção de uma política articulada de atendimento socioeducativo no Rio
Grande do Norte”.
A presidente da Fundação Estadual da
Criança e do Adolescente (Fundac), Kalina Leite Gonçalves, fez um histórico
sobre a intervenção judicial na instituição, falou sobre o seu processo de
“reconstrução e reaparelhamento” e enfatizou que, sozinha, a entidade “não pode
dar conta do sistema socioeducativo do RN”. “É preciso haver participação
social”, completou.
A representante do Conselho Estadual
dos Direitos da Criança e do Adolescente (Consec), Tomazia Isabel, afirmou que
o plano socioeducativo “está sendo construído na perspectiva da garantia dos
direitos das crianças e adolescentes”.
Ela refutou a proposta defendida
pelos setores mais conservadores da sociedade de redução da maioridade penal.
“O que nós precisamos é de uma política de estado para crianças e
adolescentes”, ponderou.
Tomazia disse, ainda, que o plano
aponta para o necessário fortalecimento dos conselhos tutelares e do Conselho
Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.
O Promotor da Infância e da
Adolescência da Comarca de Natal, Marcos Aurélio de Freitas Barros, disse que a
redução da maioridade penal “é uma proposta fácil”, mas que não discute as
“causas que levam adolescentes a cometerem atos infracionais”.
Ele discordou daqueles que dizem que
o sistema socioeducativo “não funciona” e, por isso, defendem a redução da
maioridade penal. “A questão é que nunca tivemos de fato um sistema de medidas
socioeducativas”. "Esse plano vai ser um norte para as próximas gestões,
para que sejam incluídas nos planos de governo políticas públicas eficazes. Vai
ser fundamental para o Legislativo, que saberá quais medidas estão sendo tomada
e para a Justiça, porque terá uma norma reguladora mais específica”, acrescentou.
O juiz da 1ª Vara da Infância e da
Juventude e integrante do Grupo de Trabalho que elaborou o Plano Estadual
Socioeducativo, José Dantas de Paiva, destacou a importância do debate sobre o
tema, afirmou que é preciso haver uma “mudança de cultura sobre as medidas
socioeducativas” e enfatizou que “o problema maior não está no adolescente, mas
sim no poder público e na sociedade civil, que não atendem a questão de forma
adequada”.
Apresentação
A representante do Grupo de Trabalho
Socioeducativo, criado para elaborar o plano estadual de atendimento, Daniela
Bezerra, apresentou uma síntese dos 34 objetivos e das 106 metas do documento,
que ainda está em processo de construção.
Ela esclareceu que o Grupo de
Trabalho foi instituído em junho de 2014, com encontros regulares para
discussão do diagnóstico, dos princípios e diretrizes e do plano operacional
para os meses seguintes.
Entre os princípios do plano estão:
garantir a proteção integral ao adolescente em cumprimento de medida
socioeducativa como sujeito de direitos; em consonância com os marcos legais da
política socioeducativa, garantir a intersetorialidade, regionalização dos
serviços e políticas sociais, com participação e gestão democrática de
adolescentes e famílias; e garantir a prioridade absoluta ao adolescente em
cumprimento de medida socioeducativa, especialmente através da destinação
privilegiada de recursos públicos para gestão do sistema socioeducativo.
Daniela explicou, ainda, que o plano
é composto de quatro eixos: 1) Gestão do sistema socioeducativo; 2) Eficiência
do atendimento socioeducativo; 3) Sistema de Justiça e Segurança Pública; 4)
Participação e autonomia do adolescente.
Ela frisou, especificamente, a
urgência de definir no Orçamento Geral do Estado (OGE) um percentual mínimo
para aplicação no sistema socioeducativo. Esse tema do financiamento
orçamentário do sistema foi um dos pontos mais abordados durante toda a
audiência pública.
Mineiro disse que, em vez de
reivindicar a criação de uma secretaria, seria mais eficaz trabalhar para que
se tenha um comitê gestor, vinculado ao Gabinete Civil do Governo do Estado,
com autoridade para convocar os responsáveis pelas políticas públicas
setoriais.
O deputado disse, ainda, que irá
articular uma audiência das entidades do setor infanto-juvenil com o governador
eleito Robinson Faria para apresentar o Plano Estadual Socioeducativo.
Fotos: Vlademir Alexandre.
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Marcos Imperial