Najla Passos da Carta Maior.
Festa da posse atraiu
multidão à Brasília e foi marcada pela ausência da oposição. Dilma anunciou o
lema do seu novo mandato: Brasil, pátria educadora.
Brasília - Em uma festa marcada pela ausência da oposição e
dos críticos, a presidenta Dilma Rousseff foi reempossada presidenta nesta
quinta (1), em Brasília, reafirmando seu compromisso com os direitos dos
trabalhadores e com as políticas sociais, além da prioridade para a educação.
Cerca de 40 mil pessoas, conforme os dados da Polícia Militar, compareceram à
Esplanada dos Ministérios para saudar a presidenta, que desfilou em carro
aberto ao lado da filha Paula.
O protesto anunciado pela oposição não
resistiu à concentração. O pequeno grupo de militantes da juventude do PSDB e
do site Revoltados Online empunharam balões pretos para pedir o impeachment de
Dilma, mas se dissiparam antes mesmo da cerimônia começar e a presidenta ser
ovacionada pela multidão. Na Esplanada, tremulavam bandeiras do PT, do PMDB, do
PCdoB e das principais centrais sindicais e movimentos sociais do país.
No Congresso Nacional, onde a presidenta foi
reempossada, a ausência da oposição também chamou a atenção. Nada de tucanos ou
democratas na seleta plateia que lotou o plenário da Câmara. Aclamada pela base
aliada, Dilma trocou cumprimentos, abraços, beijos e confidências. E foi
novamente ovacionada após o discurso em que falou em humildade, em diálogo e,
principalmente, na necessidade do apoio do parlamento para continuar a executar
as mudanças que o país precisa.
Para o líder do PT na Câmara, deputado
Vicentinho (SP), foram as palavras que o país e o mundo precisavam ouvir. “Foi
uma fala de estadista, uma fala completa no âmbito nacional e internacional”,
avaliou. Rara exceção entre os opositores do governo da presidenta, o líder do
PSB, deputado Júlio Delgado (MG), também aprovou o discurso. “Espero que ela
possa empreender tudo o que disse”, disse ele, acrescentando que seu partido
manterá independência, mas dará um voto de confiança à Dilma.
O deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), que
apoiava a Rede Sustentabilidade de Marina Silva, também se mostrou motivado com
os compromissos assumidos pela presidenta. “Foi um discurso muito bom, muito
seco, não houve frases demagógicas. Agora é esperar para ver o resultado”,
disse.
Nenhum retrocesso, nenhum passo atrás
A presidenta fez uma retrospectiva dos
avanços do seu governo, destacando um feito histórico: a superação da extrema
pobreza. De acordo com ela, o projeto de poder iniciado com o governo Lula, que
já é o mais longo da história da democracia brasileira, permitiu que uma
geração de brasileiros não tivesse que passar pela sofrida experiência da fome.
Mas ressaltou que, agora, o país agora quer e merece mais. “Ao invés do mínimo
necessário, temos que lutar para oferecer o máximo possível”, afirmou.
A presidenta reafirmou seu compromisso com os
direitos trabalhistas conquistados e com as políticas sociais prometidas, ainda
que seja necessário empreender ajustes fiscais. Segundo ela, a prioridade continuará
a ser a manutenção do emprego e a valorização do salário. “Assim como provamos
que é possível crescer e distribuir renda, vamos provar que se pode fazer
ajustes na economia sem revogar direitos conquistados ou trair nossos
compromissos sociais”, ressaltou.
Para ela, na economia, o país tem muito o que
temer, mas também tem muito o que comemorar. “O Brasil é hoje a 7ª economia do
mundo, o 2º maior produtor e exportador agrícola, o 3º maior exportador de
minérios, o 5º país que mais atrai investimentos estrangeiros, o 7º em acúmulo
de reservas cambiais e o 3º maior usuário de internet”, afirmou.
Dilma anunciou o lema do seu novo mandato -
“Brasil, pátria educadora” – que fala por si só e aponta para qual área serão
destinados os maiores esforços deste governo. “Democratizar o conhecimento
significa universalizar o acesso ao ensino de qualidade em todos os níveis, da
creche à pós-graduação”, destacou.
Ela assegurou a manutenção e aprimoramento de
programas sociais como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, o Pronatec e o
Ciências Sem Fronteiras. E anunciou a terceira etapa do Programa de Aceleração
de Crescimento (PAC) para melhorar a infraestrutura e logística do país.
Reafirmou seu compromisso com a inclusão digital, por meio da universalização
de um serviço de banda larga barato e eficiente.
Anunciou, ainda, a implantação do Mais
Especialidades, uma espécie de segunda etapa do Mais Médicos, o polêmico
programa que garantiu atendimento básico em saúde para 50 milhões de
brasileiros. A presidenta também falou em propor mudanças na Constituição para
que o governo federal possa investir mais em segurança pública. E, ainda, em
compromisso com a sustentabilidade. “Vamos aprofundar a modernização da nossa
legislação ambiental”, afirmou.
Corrupção e Petrobrás
Dilma Rousseff anunciou que encaminhará ao
Congresso um projeto de lei que endurece as regras contra corruptos e
corruptos. Conforme ela, o objetivo é punir esse tipo de criminosos com mais
rigor. “Em sua essência, essas medidas têm o objetivo de garantir processos e
julgamentos mais rápidos e punições mais duras, mas jamais poderão agredir o
amplo direito de defesa e o contraditório”, esclareceu.
Entre as ações propostas, está a punição de
agentes públicos que apresentarem enriquecimento incompatível com seus
salários, a transformação em crime da prática de Caixa 2, a agilização do
julgamento dos processos envolvendo desvios de recursos públicos e a criação de
uma estrutura mais ágil e eficiente para julgamento daqueles que usufruem de
foro privilegiado.
A presidenta também se referiu à crise na
maior estatal brasileira. “Temos que saber apurar e saber punir sem enfraquecer
a Petrobrás”, defendeu. De acordo com Dilma, a estatal é a empresa mais
estratégica do país, além de ser a que mais contrata. Portanto, passará por
maior controle de governança para ser preservada de “predadores internos e
inimigos externos”. Para a presidenta, “a Petrobrás é maior do que qualquer
crise”.
Política externa
Na presença de mais de cem chefes e
representantes de Estados, a presidenta Dilma Rousseff também usou seu discurso
no parlamento para reafirmar os compromissos da política externa brasileira. Ao
contrário do que propunha a oposição, ela reiterou que dará prioridade as
relações Sul-Sul, fortalecendo os organismos multilaterais da América Latina e
Caribe, além das boas relações com a África, o mundo árabe, os países asiáticos
e, principalmente, com o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, ìndica, China e
Africa do Sul).
“Manteremos a prioridade à América do Sul,
América Latina e Caribe, que se traduzirá no empenho em fortalecer o Mercosul,
a Unasul e a Comunidade dos Países da América Latina e Caribe (Celac), sem
discriminação de ordem ideológica. Da mesma forma será dada ênfase a nossas
relações com a África, com os países asiáticos e com o mundo árabe. Com os
Brics, nossos parceiros estratégicos globais - China, Índia, Rússia e África do
Sul – avançaremos no comércio, na parceria científica e tecnológica, nas ações
diplomáticas e na implementação do Banco de desenvolvimento e na implementação
do acordo contingente de reservas”, afirmou.
A presidenta também reafirmou os compromissos
gerais que já se tornaram tradição na diplomacia brasileira. “Nossa
inserção soberana na política internacional continuará sendo marcada pela
defesa da democracia, pelo princípio de não-intervenção e respeito à soberania
das nações, pela solução negociada dos conflitos, pela defesa dos Direitos
Humanos, pelo combate à pobreza e às desigualdades, pela preservação do meio
ambiente e pelo multilateralismo”, disse.
E se comprometeu a continuar lutando pela
mudança dos organismos multilaterais de órgãos como a ONU, que abrem pouco ou
nenhum espaço para a representação dos países em desenvolvimento. “Insistiremos
na luta pela reforma dos principais organismos multilaterais, cuja governança
hoje não reflete a atual correlação de forças global”, esclareceu.
Reforma Política
Como tem feito reiteradas vezes desde a sua
posse para o primeiro mandato, Dilma cobrou a reforma política que a sociedade
tanto anseia. “É inadiável, também, implantarmos práticas políticas mais
modernas e éticas e por isso mesmo mais saudáveis. É isso que torna urgente e
necessária a reforma política”, conclamou ela, chamando o Congresso à
responsabilidade.
“Uma reforma profunda que é responsabilidade
constitucional desta Casa, mas que deve mobilizar toda a sociedade na busca de
novos métodos e novos caminhos para nossa vida democrática. Reforma política
que estimule o povo brasileiro a retomar seu gosto e sua admiração pela
política”, afirmou.
No discurso que sucedeu o de Dilma, o
presidente do Senado, Renan Calheiros, também destacou a urgência da reforma
política, engavetada no parlamento há exatos 12 anos. Segundo ele, são
necessárias mudanças orgânicas no sistema político, eleitoral e partidário para
torná-lo moderno, funcional, eficiente e transparente. “Temos obrigação de
fazê-la”, disse ele aos colegas congressistas.
Para ele, o ideal é que o Congresso mantenha
o protagonismo nas proposições de mudanças elaborando a reforma política, que
depois poderá ser validade pela sociedade em forma de referendo. Os movimentos
sociais e o governo, entretanto, defendem a realização de um plebiscito,
exatamente porque o Congresso não define nunca as bases para a consulta
plebiscitária.
“Por sua complexidade e por se tratar de uma
prerrogativa do Legislativo, é recomendável que o Congresso faça a reforma, e a
submetamos a um referendo popular. As consultas populares não debilitam a
democracia representativa, mas a complementam”, afirmou.
Transmissão da faixa
Após a cerimônia no Congresso, a presidenta e
o vice partiram para o Palácio do Planalto. No caminho, foram mais uma vez
ovacionados pela multidão que acompanhava o ritual. Dilma recebeu a faixa do
cerimonial e a colocou em si. Fez novo discurso à nação, no qual resumiu os
compromissos feitos ao Congresso, empossou os 39 ministros que farão parte do
seu staff e, depois, recebeu os cumprimentos das delegações estrangeiras. A cerimônia
terminou com um coquetel no Palácio do Itamaraty. Créditos da foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula.
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Marcos Imperial