Desde que a convenção tucana assumiu o
golpismo, os movimentos sociais se uniram, a presidente Dilma saiu da toca, e
governadores, ministros e parlamentares da base aliada passaram a apoiá-la
explicitamente em um discurso uníssono de que qualquer tentativa para tirá-la
do poder será vista como "golpe"; por um longo tempo sem se
manifestar diretamente sobre o tema, Dilma reagiu energicamente nesta
terça-feira (7); "As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não
estou. Não tem base para eu cair", afirmou em entrevista à Folha.
247 – Com a ameaça de
golpe acentuada no último domingo, durante a convenção nacional do PSDB, os
tucanos provocaram uma reação contrária, provavelmente desconsiderada em um
cenário em que o governo reagia timidamente a ataques e acusações e que a
presidente Dilma Rousseff sequer comentava ofensas contra ela.
Liderado pelo senador Aécio
Neves, reeleito presidente da legenda na convenção, o discurso plural do golpe
uniu movimentos
populares, governadores, ministros e parlamentares em defesa da presidente,
que finalmente saiu da toca nesta terça-feira, em uma entrevista em que chama
os golpistas para a briga.
Nesta segunda-feira, o vice-presidente Michel Temer classificou
como "impensável" um impeachment de Dilma. O ministro Pepe Vargas,
dos Direitos Humanos, afirmou que "não há base política nem jurídica para
o impeachment" e que qualquer tentativa nesse sentido seria
"golpe".
Em uma entrevista no início do dia, o ministro José Eduardo
Cardozo, da Justiça, afirmou que "é de um profundo despudor democrático e
de um incontido revanchismo eleitoral falar em impeachment da presidente como
têm falado alguns parlamentares da oposição".
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi ao Twitter
protestar contra o que chamou de estratégia de "tapetão" da oposição.
"Perderam no voto e agora querem ganhar no tapetão. Fora golpistas!
Democracia neles!", escreveu.
No Congresso, os discursos continuam até esta terça-feira,
partindo de líderes do governo como o deputado José Guimarães (PT-CE), que
exclamou: "Querem governar o Brasil? Ganhem primeiro a eleição. A democracia
tem regras. Qualquer coisa fora disso é uma ameaça ao Estado Democrático de
Direito".
A bancada do PT na Câmara divulgou uma nota, assinada pelo líder
Sibá Machado (PT-AC), acusando o PSDB de ter vestido a camisa do golpismo e
destacando que ficará "atenta e mobilizada para frear quaisquer
tentativas" de tirar Dilma do poder.
Alguns governadores também se uniram em apoio à presidente, como
Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão – "impopularidade não legitima
cassação", disse –, Rui Costa (PT), da Bahia, para quem é "é
inaceitável" qualquer tentativa de golpe. "Eleição se decide nas
urnas", disse.
Outros nomes, como o governador de Pernambuco, Paulo Câmara
(PSB), e o tucano Geraldo Alckmin, de São Paulo, já haviam rechaçado a tese de
impeachment em outras ocasiões. "Toda discussão deve ter elementos. Eu não
conheço esses elementos que possam motivar a tamanho extremo", comentou
Câmara.
Nesta terça, pela quinta vez em cerca de um ano, o governador de
Goiás, Marconi Perillo (PSDB) – cujo discurso destoa de outros tucanos que
seguem Aécio na pregação do golpe – jogou água fria na fervura do golpismo e
disse que não cabe aos governadores do partido entrar nessa discussão.
Sem necessariamente defender Dilma, alguns colunistas da
imprensa tradicional, como Jânio de Freitas, Ricardo Melo e Marcos Augusto
Gonçalves, levantaram a voz em favor da democracia e contra qualquer estratégia
do PSDB que vise tirar a presidente do comando do País.
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Marcos Imperial