Presidente Dilma Rousseff maneteve os vetos
presidenciais a dois temas polêmicos que poderiam causar impactos bilionários
das contas públicas: o reajuste de até 78,6 por cento para os servidores do
Judiciário e a dedução de imposto de renda para compra de livros por
professores; na questão do Judiciário, a diferença foi de 6 votos; "Foi
por um triz, mas foi uma vitória", disse o líder do governo na Câmara,
José Guimarães (PT-CE); o governo estima que somente o reajuste dos servidores
do Judiciário levaria a um impacto de R$ 36 bilhões nas contas públicas até
2019; 45 dos 47 deputados do PSDB votaram pela pauta bomba.
Por Leonardo
Goy BRASÍLIA
(Reuters) - O
Congresso Nacional manteve na noite de terça-feira vetos presidenciais a dois
temas polêmicos que poderiam causar impactos bilionários das contas públicas: o
reajuste de até 78,6 por cento para os servidores do Judiciário e a dedução de
imposto de renda para compra de livros por professores.
Em votação apertada em sessão
conjunta, com deputados e senadores, os parlamentares mantiveram o veto da
presidente Dilma Rousseff ao reajuste de servidores do Judiciário de até 78,6
por cento que seria implementado até 2017.
Apesar do placar, com 251
deputados votando pela derrubada e 132 pela manutenção, o veto de Dilma foi
mantido porque não foram alcançados os 257 votos necessários para derrubá-lo.
Assim, o item não chegou a ser analisado pelos senadores.
"Foi por um triz, mas
foi uma vitória", disse a jornalistas o líder do governo na Câmara, José
Guimarães (PT-CE). "Estou exausto, mas com a sensação de dever
cumprido."
O governo estima que somente
o reajuste dos servidores do Judiciário levaria a um impacto de 36 bilhões de
reais nas contas públicas até 2019.
O Congresso também manteve na
terça-feira o veto à dedução de imposto de renda na aquisição de livros por
professores. A votação deste item ocorreu em bloco com outros vetos menos
polêmicos. Segundo estimativas do Ministério do Planejamento, a medida teria
impacto de 16 bilhões de reais nas contas públicas até 2019.
Os parlamentares ainda
discutiam outros itens na sessão conjunta, como um veto de Dilma à inclusão dos
aposentados na política de reajuste do salário mínimo, que o governo estima que
poderia custar 11 bilhões de reais até 2019.
O governo vinha tentando há
meses realizar a sessão para confirmar e manter os vetos presidenciais, parte
da chamada "pauta-bomba" do Congresso Nacional, e afastar o temor do
efeito que teriam nas contas públicas caso fossem derrubados.
A manutenção dos vetos dá
mais tranquilidade ao governo para seguir adiante na discussão de outros
assuntos ligados ao ajuste fiscal, com o debate sobre a repatriação de bens no
exterior, no Senado, a Desvinculação de Receitas da União (DRU) e as tramitações
referentes ao Orçamento de 2016.
Depois de se reunir, mais
cedo nesta terça-feira, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, havia dito que estava crescendo o
entendimento sobre a necessidade de manutenção dos vetos presidenciais para que
o país possa evoluir para outros projetos importantes.
A votação desta terça-feira
ocorreu após seguidos adiamentos por conta de falta de quórum na Câmara dos
Deputados.
Os últimos adiamentos,
inclusive, ocorreram no início de outubro, quando duas sessões seguidas tiveram
de ser suspensas por falta de quórum. Na época, o fato foi encarado como uma
derrota para o governo, ainda mais por ter ocorrido dias depois do anúncio da
reforma ministerial do governo federal, que ampliou o espaço do PMDB na
administração federal.
O cenário, porém, começou a
mudar. Na semana passada, o governo conseguiu algumas vitórias na Câmara, como
a aprovação do projeto da repatriação e da medida provisória que trata da
compensação do déficit das hidrelétricas.
A avaliação no governo na
última semana é de que teria votos para manter os vetos. A questão, porém,
seria manter o quórum. Os ministros Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo,
e Jaques Wagner, da Casa Civil, têm trabalhado para atender às reivindicações
da base para amainar os ânimos.
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