Bom pessoal, há
tempos as recorrentes reclamações de fazendeiros e de outros ciclistas e
usuários das trilhas reaparecem em relação ao lixo e porteiras abertas em
nossas trilhas, sendo que muitos fazendeiros já proibiram a passagem por suas
propriedades e outros estão falando em proibir.
Para começar a
falar deste assunto, primeiro é importante que tenhamos em mente que as
estradas rurais podem ser de responsabilidade federal, estadual, municipal,
particulares de servidão pública ou particulares privadas.
Se por um lado
as estradas estatais sejam de responsabilidade dos órgãos do governo, por outro
lado, as estradas particulares são propriedades privadas onde para se entrar,
em vias de regra, é preciso de convite ou aprovação dos donos.
Uma estrada de
servidão pública, é uma estrada que percorre mais de uma propriedade rural, e
em comum acordo os donos dessas propriedades deixam suas porteiras abertas ou
compartilham suas chaves de modo a garantir o livre acesso as propriedades
rurais por seus donos caso esta seja a única forma de acesso viável, mas isso
não significa que a estrada seja necessariamente pública e aberta a todos.
Para se
transitar por uma estrada assim, em síntese você tem que ser um dos donos das
propriedades, ou estar a convite do proprietário, coisas que raramente estamos.
Já as estradas
particulares, estas ligam apenas a estrada ou servidão pública a uma
propriedade apenas, ou, são estradas e caminhos que existem apenas dentro de
uma única propriedade, e portanto, sua utilização não deixa margem de dúvidas
para que se necessite de expressa autorização dos proprietários.
Agora que já
expliquei os diferentes tipos de estradas que existem, vamos deixar claro que
educação é algo que se traz de berço, e que deve ser usada em todos os lugares
que frequenta.
Estar em uma
estrada federal, estadual ou municipal, não lhe dá o direito de suja-la com seu
lixo, pois apesar de muita gente parecer entender que o público seja algo de
ninguém, na verdade, o bem público é algo de todos, e ninguém é obrigado a
conviver com a sua imundice, e muito pior é quando se faz isso em terras e
propriedades privadas, onde estar ali é um privilégio muito acima de qualquer
direito.
O homem do campo
retira da sua propriedade o seu sustento, e as muitas porteiras, mata-burros e
cercas que encontramos pelo caminho, são fundamentais para separar seus animais
de idades, donos ou lotes diferentes, e também para isolar suas plantações do
ataque destes animais.
Quando um ser
humano (que ainda vou chamar assim), deixa uma porteira aberta, ele está
jogando dias, semanas, as vezes até meses de trabalho suado do fazendeiro no
lixo, e isso talvez seja a pior forma de desrespeito que alguém possa ter para
com o semelhante.
Você aí que me
lê agora e que trabalha em seu escritório, consultório, oficina, comércio ou
seja lá onde for, já imaginou se alguém que você nem conhece e que não convidou
para entrar, entra no seu local de trabalho, bagunça sua mesa, joga as coisas
de todas as suas gavetas no chão, mistura suas ferramentas e vai embora
deixando a porta aberta?
Qual seria sua
reação?
Pois é
exatamente a mesma coisa que muitos “ciclistas” vem fazendo no local de
trabalho dos fazendeiros.
Tenha respeito e
cordialidade. Não interessa se está em ambiente público ou privado; ao cruzar
com outra pessoa na trilha, seja ela ciclista ou não, um cumprimento de bom
dia, um pedido para passar, um aceno de mão, um pedido antes de retirar uma
fruta do pé ainda que estejam caindo aos montes da arvore, e todos os pequenos
gestos de cordialidade e prova de boa educação, vão dizer muito sobre você, e
você com sua bicicleta e roupas diferentes, querendo ou não, representa a
imagem de toda uma classe de praticantes ainda que você nem os conheça.
Façamos por
zelar do bom convivio e boa aceitação que os ciclistas sempre tiveram em todos
os lugares que pedalamos, seja no asfalto, na cidade, na terra ou no campo; até
porque, em um caso de acidente ou qualquer emergência, os homens do campo
vizinhos as nossas trilhas, são geralmente o primeiro socorro a quem podemos
recorrer, então até mesmo se para você a boa educação não lhe basta, para sua
própria segurança, crie empatia e respeito por onde passar.
A regra é muito
simples meus amigos, se levou alguma coisa para a trilha, leve de volta para
sua casa, se cruzou com alguém, cumprimente, se pegou uma porteira fechada,
passe e espere por todos os seus colegas de pedal, ou se não puder esperar,
passe e feche novamente, e quem chegar depois que faça o mesmo. Quando o
apressadinho que chega primeiro passa e deixa a porteira aberta esperando que
os próximos fechem, não sabe se de fato o colega irá fechar, e quando os de
trás chegam em uma porteira aberta, eles também não sabem se foi o ciclista da
frente ou o proprietário do local que deixou assim, e na dúvida, pelo menos
metade das chances é de errar na escolha.
Outro ponto que
tenho visto acontecer ainda não em Araguari-MG de onde escrevo agora, mas em
outros locais pelo Brasil, é de fazendeiros cobrando pelo acesso as suas terras
ou cachoeiras, e embora cachoeiras e cursos d’agua em si sejam bens públicos,
seu acesso é perfeitamente privado, e ninguém é obrigado a deixa-lo entrar em
suas terras para visitar alguma atração pública que esteja lá dentro.
Se chegar em
algum local cujo acesso seja cobrado, converse e negocie como em qualquer
negócio, mas pague ou vá embora sem bater boca, ameaçar ou depredar nada de
ninguém. Lembre-se novamente que estar ali é um privilégio, e não um direito, e
se não quiser pagar para transitar dentro do bem privado dos outros, dê meia
volta e vá procurar uma estrada pública para andar.
Geralmente as
prefeituras possuem mapas atualizadas de estradas públicas que existem nos
municípios, então procure se informar antes, para poder cobrar a coisa certa
das pessoas certas.
No mais, bons
pedais e muito respeito para todos nós.
Por Riberto de
Sousa Junior. Via http://www.bikedica.com.br
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