A atitude
pessoal e desesperada do presidente da Câmara dos Deputados em autorizar o
procedimento de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, com clara motivação
de retaliação à decisão do Governo que não lhe deu guarida no processo de cassação
que ele, Eduardo Cunha, enfrenta na Casa que preside, coloca fim a processo de
quase um ano de chantagens de políticos (além de Cunha) contra o governo eleito
democraticamente por mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras.
A despeito dos
procedimentos políticos e jurídicos que se sucederão daqui por diante em
relação ao processo de impeachment – se é que ele vingará, pois necessita de
aprovação por 2/3 dos/as deputados/as –, fato é que a crise econômica, que tem
ceifado milhares de empregos no país, se deve em muito ao ambiente político
achincalhado e motivado pela mídia golpista, que impera desde a derrota nas
urnas dos líderes da oposição conservadora em 2014.
Se é verdade que
o Governo tem errado o tom na política econômica – penalizando a classe
trabalhadora ao invés de taxar as grandes fortunas –, nada depõe contra o
comportamento pessoal ou político-administrativo da presidenta Dilma. Sobre as
ditas “pedaladas fiscais”, trata-se de prática corriqueira nos estados e
municípios – e mesmo em gestões do Executivo Federal que antecederam a atual –,
que nunca tiveram consequências drásticas impostas pelos respectivos Tribunais
de Contas, a não ser recomendações para que ajustes fossem procedidos
sequencialmente.
Convém chamar a
atenção para essa premissa “técnica” do pedido de impeachment, uma vez que as
ditas “pedaladas” no governo Dilma resguardaram políticas sociais – a exemplo
do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida – do superávit primário, que é a
parcela prevista no orçamento para pagar juros da dívida pública. Portanto, a
motivação política do impeachment é também uma disputa por verbas públicas,
obviamente que aliada ao golpismo de quem tenta chegar ao poder sem ter votos
necessários para tanto.
Dada a confusão
política instalada no Congresso Nacional, nós, povo, não podemos perder de
vista “quem está do lado de quem” neste momento.
Até outrora, a
oposição ao Governo, que tinha esperança do impeachment da presidenta através
do deputado Eduardo Cunha, o apoiou deliberadamente até desconfiar que sua
demanda não seria atendida pelo deputado. E com o desenrolar das gravíssimas
denúncias sobre o presidente da Câmara (contas secretas e não declaradas ao
fisco na Suíça, venda de emendas parlamentares em Medidas Provisórias para
banqueiros, achaque a empresas prestadoras de serviços à Petrobras, entre
outras), parte da oposição passou a “pedir a cabeça” de Eduardo Cunha sob o
pretexto da moralidade e da ética.
Contudo, os
novos fatos indicam que o pedido de impeachment da presidenta Dilma possa
constituir-se em moeda de troca entre Eduardo Cunha e a oposição, no exato
momento em que o parlamentar está prestes a ser cassado por seus pares. E essa
tese ficará comprovada caso os membros da oposição, que pediram publicamente a
cassação de Eduardo Cunha, recentemente, voltarem atrás e votarem pelo
arquivamento do processo de quebra de decoro do parlamentar no Conselho de
Ética da Câmara dos Deputados, esta semana.
Essa
possibilidade de jogatina política antirrepublicana é grave para o regime
democrático e precisa ser contida. Trata-se de conluio obsceno de um
parlamentar que, no mínimo, prevarica ao utilizar-se do cargo público para
satisfazer interesse pessoal, com uma oposição historicamente alinhada a golpes
antidemocráticos quando não consegue chegar ao poder pelo voto popular.
Quanto ao
presidente da Câmara, seus crimes políticos, civis, penais e tributários devem
ser punidos com seu afastamento imediato do comando da Casa, com a consequente
cassação do mandato parlamentar e com a imediata prisão, a ser requerida pelo
Ministério Público Federal, até como forma de transpor as suspeitas de
seletividade que pairam nas operações policiais em curso no país.
Mesmo vendo com
preocupação a crise política no Brasil, a CNTE confia que medidas serão tomadas
para conter o ímpeto insano de um parlamentar e de uma oposição sinistra que
pretendem colocar o país de joelhos a seus pés. Isso é imperioso para retomar a
normalidade política e o processo de desenvolvimento com inclusão social,
emprego e renda, que são as verdadeiras pautas emergenciais do Brasil.
A CNTE, ao lado
da CUT e demais movimentos sociais, atuará nas ruas em defesa da democracia e
da paz social. Não admitiremos golpe que leve a retrocessos políticos e
institucionais. Temos lado e defenderemos nossos interesses contra quem tenta
desestabilizar o país e submeter o povo a graves retrocessos.
Não ao golpe!
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Marcos Imperial