Reunido
no dia 19 de abril de 2016, em São Paulo, o Diretório Nacional do PT aprovou a
seguinte resolução política:
A
admissão do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados representa um
golpe contra a Constituição. Viola a legalidade democrática e abre caminho para
o surgimento de um governo ilegítimo. Escancara, também, o caráter conservador,
fundamentalista e fisiológico da maioria parlamentar eleita pelo peso do poder
econômico e de negociatas impublicáveis.
As
forças provisoriamente vitoriosas expressam coalizão antipopular e reacionária.
Forjada no atropelo à soberania das urnas, aglutina-se ao redor de um programa
para restauração conservadora, marcado por ataques às conquistas dos
trabalhadores, cortes nos programas sociais, privatização da Petrobras,
achatamento dos salários, entrega das riquezas nacionais, retrocesso nos
direitos civis e repressão aos movimentos sociais. O programa neoliberal
difundido pela cúpula do PMDB, “Uma Ponte para o Futuro”, estampa com nitidez
várias destas propostas.
A
coalizão golpista é dirigida pelos chefões da corrupção -- trabalhados por
setores incrustados nas instituições do Estado, no Judiciário e na Polícia
Federal --, da mídia monopolizada e da plutocracia, como deixou clara a votação
do último domingo. Presidida por Eduardo Cunha -- réu em graves crimes de
suborno, lavagem de dinheiro e recebimento de propina -- a Câmara dos Deputados
foi palco de um espetáculo vexaminoso, ridicularizado inclusive pela imprensa
internacional. O Diretório Nacional reitera a orientação da nossa Bancada para
prosseguir na luta pelo afastamento imediato do presidente da Câmara dos
Deputados.
O
circo de horrores exibido no domingo reforça a necessidade de uma reforma
política e da democratização dos meios de comunicação.
Subjugada
por pressões e traições patrocinadas por grupos políticos e empresariais
dispostos a recuperar o comando do Estado a qualquer custo, a maioria
parlamentar tenta surrupiar o mandato popular da companheira Dilma Rousseff
para entregá-lo a um receptador sem voto. Uma presidenta eleita por mais de 54
milhões de votos, que não cometeu qualquer crime e contra a qual não pesa
nenhuma acusação de corrupção. O Partido dos Trabalhadores manifesta irrestrita
solidariedade à companheira Dilma Rousseff, contra as mais diferentes formas de
violência que vem sofrendo.
O
Partido dos Trabalhadores saúda todos e todas parlamentares e governadores que
se mantiveram firmes contra a farsa e o arbítrio. Cumprimenta também o
presidente, dirigentes e os/as parlamentares do PDT por sua postura digna e
combativa. E expressa seu reconhecimento aos/as deputados/as que tiveram a valentia
de afrontar o pacto de seus próprios partidos diante da conspiração comandada
pelo vice traidor Michel Temer e seus sequazes.
Apesar
de minoritária na Câmara, a resistência antigolpista cresceu formidavelmente
nas últimas semanas, retirando o governo da situação de defensiva e cerco em
que antes se encontrava. E a resistência ampliou-se qualitativamente, com a
firme participação de jovens, intelectuais, juristas, artistas e dos mais
diversos setores da sociedade e dos movimentos populares.
O
Partido dos Trabalhadores congratula-se com os homens e mulheres que participam
da campanha democrática, muitos dos quais com críticas à administração federal,
destacando o papel organizador e unitário da Frente Brasil Popular, aliada à
Frente Povo sem Medo, que participam da luta democrática e que avaliam novas
formas de luta popular.
Também
reconhecemos a vitalidade dos movimentos sociais, a abnegação e a combatividade
de nosso aliado histórico, o Partido Comunista do Brasil.
Prestamos
igualmente nosso respeito, entre outras agremiações, ao Partido do Socialismo e
Liberdade (PSOL) e ao Partido da Causa Operária (PCO), que têm sido oposição
aos governos liderados pelo PT, mas ocupam lugar de vanguarda na defesa da
democracia.
Fazendo
autocrítica na prática, o Partido dos Trabalhadores tem reaprendido, nesta
jornada, antiga lição que remete à fundação de nosso partido: o principal
instrumento político da esquerda é a mobilização social, pela qual a classe
trabalhadora toma em suas mãos a direção da sociedade e do Estado.
Perdemos apenas a primeira batalha de um processo
que somente estará finalizado quando as forças populares e democráticas tiverem
derrotado o golpismo. Conclamamos, assim, à continuidade imediata das
manifestações e protestos contra o impeachment, sob coordenação da Frente
Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo, dessa feita com o objetivo de
pressionar o Senado a bloquear o julgamento fraudulento autorizado pela Câmara
dos Deputados.
Um
evento simbólico e incentivador nessa direção pode ser a realização de jornadas
de luta em todo o País, culminando com um 1º. de Maio unitário de repúdio ao
golpe, defesa da democracia e de bandeiras da classe trabalhadora.
O
Partido dos Trabalhadores recomenda à presidenta Dilma Rousseff que proceda
imediatamente à reorganização de seu ministério, integrando-o com
personalidades de relevo e representantes de agrupamentos claramente
comprometidos com a luta antigolpista, além de incorporar novos representantes
da resistência democrática.
Também
indicamos que o governo reconstituído deve dar efetividade aos projetos do
Minha Casa Minha Vida, das iniciativas a favor da reforma agrária, bem como de
medidas destinadas à recuperação do crescimento econômico, do emprego e da
renda dos trabalhadores.
O Partido dos Trabalhadores jogará todas as suas
energias, em conjunto com os demais agrupamentos e movimentos democráticos,
estimulando os Comitês pela Democracia e contra o Golpe. Em cada cidade e
Estado, em cada local de trabalho e estudo, vamos nos mobilizar para deter a
aventura golpista e defender a legalidade, exigindo que o Senado respeite a
Constituição.
Se
a oposição de direita insistir na rota golpista, reafirmamos que não haverá
trégua nem respeito frente a um governo ilegítimo e ilegal.
São
Paulo, 19 de abril de 2016.
Diretório
Nacional do Partido dos Trabalhadores.
RESOLUÇÃO
SOBRE TÁTICA ELEITORAL
O
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores orienta os Diretórios Municipais
a não realizarem Encontros de definição de tática eleitoral de candidaturas, em
especial, nas cidades consideradas prioritárias.
São
Paulo, 19 de abril de 2016
Diretório
Nacional do Partido dos Trabalhadores
RESOLUÇÃO
ESPECÍFICA SOBRE ALIANÇAS
O
Diretório Nacional reforça a orientação em curso no PT do Rio de Janeiro para
construir uma candidatura unificadora do campo democrático-popular para
disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro.
MOÇÃO
À JEAN WILLYS
O
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores se solidariza com o deputado
Jean Willys do PSOL (RJ), ora atacado por forças obscurantistas das mais
retrógradas.
O
Diretório Nacional do PT, através de sua Bancada, dispõe-se a toda ação comum
necessária à sua defesa.
São
Paulo, 19 de abril de 2016
Diretório
Nacional do Partido dos Trabalhadores
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Marcos Imperial