Ao contrário de
outros aspectos do ciclismo, escalar uma montanha com sucesso é considerado
pela maioria uma aptidão natural. Mas percebemos que subir bem é uma habilidade
muito mais sutil e complexa, que abrange não apenas a adaptação e a aptidão,
mas a estratégia.
Ao longo dos
anos, devido em parte à influência de alguns ciclistas nas últimas competições,
percebemos que utilizar uma cadência alta para as escaladas enfatiza o sistema
cardiopulmonar, a eficiência da pedalada, e consequentemente uma recuperação
rápida. De forma contrária, uma baixa cadência diminui a eficiência, aumentando
a exigência da musculatura e ocasionando uma fadiga precoce. Tudo isso parece
simples, mas deve ser analisado com muita calma, pois cada um tem sua
individualidade.
Desenvolver essa
habilidade também demora um bom tempo. Requer conhecimento e pessoas
especializadas para orientar. Algumas perguntas sempre ficam rodeando nossos
pensamentos: Será que eu vou me adaptar a essa cadência? Ficarei mais
eficiente? Como faço para aprimorar essa habilidade? Como faço para medir de
forma quantitativa e qualitativa a minha pedalada?
Na década de 90,
os monitores cardíacos (MC) surgiram no mercado, mas não eram todos os
ciclistas que o utilizavam. Alguns ciclistas já faziam uso dos MCs desde essa
época para monitorar o seus treinos, o que não difere muito do que a maioria
usa hoje, quase 25 anos depois. Os treinadores desses ciclistas perceberam que
essa ferramenta era apenas um apoio e que o MC não era suficiente. Dessa forma,
a equipe desenvolveu um sistema acoplado aos pedais que permitia quantificar as
forças exercidas pelo ciclista em todas as direções durante a pedalada. Esse
foi um dos pontos cruciais para a melhora da performance e eficiência da
pedalada destes ciclistas.
Mudar a cadência
de um ciclista é uma tarefa que requer disciplina e metodologia. Deve-se
treinar de forma eficiente para criar as adaptações neuromusculares necessárias
aos objetivos. Ressalto que comprar o melhor equipamento é apenas o começo.
Muitas variáveis devem ser isoladas e estudadas para que a melhora ocorra.
Temos que ter em mente que a melhora vem de fatores diversos, como o
posicionamento do ciclista na bike, a nutrição, o sono, a dedicação, as
condições de treinamento, a genética, os fatores ambientais, o condicionamento
físico e psicológico e muitos outros.
1º – A BASE É
ONDE TUDO COMEÇA:
Um dos
exercícios mais importantes, simples e eficazes para melhorar as suas escaladas
é um treinamento com giro alto em terreno plano, acredite. Uma boa dica para os
iniciantes é utilizar o tempo do aquecimento com giro alto (comece com 90 RPM e
vá até 120). Depois de bem adaptado você poderá incluí-lo no seu treino de
giro, treino principal de ritmo e intervalado. Aos poucos você estará apto a
pedalar com o giro alto e eficiente.
2º –
CONSTRUÇÃO DE FORÇA OFF-SEASON:
Faça musculação
e aprimore sua força com uma série específica. Procure um profissional que
entenda de ciclismo e treinamento de força. Nesse período é muito importante
não fazer treinos extenuantes. Se optar por fazê-los dê um dia de intervalo
pelo menos. Dessa forma você poderá executar a sua série com toda a energia
(seus estoques de glicogênio estarão adequados e os membros inferiores
descansados). Lembre-se que descanso é treino.
3º –
INCLINAÇÃO:
Inicie em
subidas com uma inclinação de 3 a 5% com giro alto (70-80RPM) para aprimorar a
sua técnica. Para variar os grupamentos musculares alterne o posicionamento:
suba sentado e em pé da seguinte forma…4 x [5min (75RPM) sentado e 2 min em pé
com uma marcha mais pesada (55-60 RPM)]. Existem centenas de treinos para
implementar e melhorar a escalada. Procure alguém que conheça do assunto. Se na
sua área não tiver subidas longas, procure rampas curtas para executar os seus
treinos. Repita a subida por várias vezes. Após estar bem adaptado procure
executar seus treinos em subidas longas e com variação de angulação durante o
percurso para ter o máximo de estímulos possíveis.
4º –
PERCEPÇÃO CORPORAL E MENTAL:
mantenha a parte
superior do corpo relaxada, mentalize a força nas pernas, não agarre o guidão,
concentre-se na sua respiração, visualize o percurso, mantenha o giro e o ritmo
constantes.
5º – SENTADO
E EM PÉ:
De um modo geral
é mais eficiente e mais rápido sentado no selim. No entanto, em pé sobre os pedais
lhe dá uma maior sensação de poder. Portanto, para algumas subidas curtas e
íngremes, você não terá escolha, a não ser sair do selim. Geralmente, eu tento
ficar sentado por tanto tempo quanto possível. Você precisa encontrar a melhor
relação de esforço/conforto.
Geralmente opto
por usar mais marchas e levantar menos. Observe também a troca da marcha antes
de ficar muito íngreme, pois se deixar ficar poderá ter dificuldades para
trocar a relação de marcha (a tensão fica muito alta na corrente).
6º – BEBENDO
E COMENDO:
A sua frequência
respiratória e cardíaca estará elevada e dessa forma dificultará a ingestão de
alimentos sólidos. Leve géis de carboidrato ou bebidas ricas em carboidratos
que são mais fáceis de serem consumidas. Se estiver competindo isso será
extremamente relevante. Pontos a considerar: antes de começar a subir
alimente-se; procure pontos mais fáceis durante a subida; diminua o esforço;
conheça o percurso. Tudo isso dificulta as fugas e otimiza a performance no
treino e nas competições.
7º – CLIMBING
SEASON:
Esse período é
bem interessante, pois o foco é subir, subir e subir. Mas lembre-se: com
eficiência, não é para se matar no treino! Comece o seu bloco de treinos
subindo uma ou duas vezes por semana sem compromisso. Apenas suba. Após algumas
semanas você pode começar a incrementar a intensidade, volume e treinos
específicos. Procure, nesta fase, não fazer treino intervalado muito forte,
pois isso o deixará cansado. lembre-se que o foco é aprimorar a subida.
8º – UTILIZE
VÁRIAS MARCHAS:
Hoje em dia as
bikes têm 20 marchas, algo que não existia na década de 90. Utilize bastante
esse recurso. Aproveite para aprimorar a sua técnica, tanto da pedalada quanto
da troca de marcha.
9º –
CADÊNCIA:
Faça educativos.
Execute-os corretamente e com regularidade para trazer um aumento de economia.
Dessa forma a sua pedalada será mais eficiente. Um excelente equipamento de
apoio é o rolo (bike trainer). Se possível utilize-o em frente a um espelho.
Peça orientação especializada.
10º –
TECNOLOGIA:
Compre um
medidor de potência com todos os recursos possíveis de cadência, gráfico de
força, RPM e outros. Trabalhe as informações de forma metódica com o seu
treinador. Faça anotações constantes dos treinos específicos e correlacione com
a percepção do esforço/metas alcançadas. Via http://www.bikedica.com.br/
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Marcos Imperial