"Hoje é que será possível tomar o pulso do Congresso em
relação ao desvelamento do que nunca esteve realmente oculto, a verdadeira
razão do impeachment: afastar Dilma para que Temer assumisse e promovesse um
acordão que estancasse a sangria dos políticos pela Lava Jato", diz a colunista
Tereza Cruvinel; "Quem começou a ser sangrado foi Jucá mas pode estar
começando uma nova escalada da crise que derrubará a ordem política carcomida
que elegeu Temer como tábua de salvação", afirma, prevendo ainda novos
abalos com as revelações que virão contra Renan e Sarney
Brasil 274 - Hoje é que será possível tomar o pulso do Congresso em relação ao
desvelamento do que nunca esteve realmente oculto, a verdadeira razão do
impeachment: afastar Dilma para que Temer assumisse e promovesse um acordão que
estancasse a sangria dos políticos pela Lava Jato. O que se viu ontem, uma
segunda-feira preguiçosa, foi o silêncio do PSDB, do Centrão, do Supremo e do
Renan (que teve a pachorra de dizer que não leu a transcrição dos diálogos
entre Romero Jucá e Sergio Machado). Quem começou a ser sangrado foi Jucá
mas pode estar começando uma nova escalada da crise que derrubará a ordem
política carcomida que elegeu Temer como tábua de salvação.
Se o script da Lava Jato não mudou, vamos ter a homologação da
delação de Machado pelo ministro Teori Zavascki e vazamentos de outras
gravações, as que teriam sido feitas com Renan e Sarney. E desta
vez, só haverá o PMDB de Temer na roda. Como ele poderá resistir se
os tripulantes começaram a desembarcar? Ontem foi o pequeno PV, que sentido
cheiro de sangue no ar, anunciou sua independência. E isso tendo indicado
Sarney Filho para o Ministério do Meio Ambiente. Assim faziam também com Dilma.
Marcada para as 11 horas, a sessão que Renan prometeu a Temer para
discutir e votar o ajuste da meta fiscal, a anti-meta de R$ 170,5
bilhões, vai ser um pandemônio. Como no tempo de Dilma, a crise política
atropelará a agenda econômica. O dia não recomenda o outro evento previsto, a
apresentação, por Meirelles, das medidas de ajuste, como corte de despesas e
providências para aumentar as receitas.
Onde
este repique da crise política vai dar, ninguém sabe. Mas existem algumas
no caminho. Dilma precisa de três ou quatro votos para livrar-se do impeachment
no Senado. Mas como iria governar, não tendo um terço da Câmara baixa (sentido
literal, por favor). E continua havendo lá, no TSE, sob a guarda do
ministro Gilmar Mendes, a ação que pede a impugnação da chapa Dilma e Temer. A
impugnação completa, ainda este ano, daria em nova eleição presidencial. Após
31 de dezembro, na eleição indireta de um novo presidente por este mesmo
Congresso que está aí, e que foi capaz de montar a liturgia do impeachment
tentando desmontar a Lava Jato. Esta saída, os brasileiros não merecem mesmo!
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Marcos Imperial