Em entrevista exclusiva ao 247, o jurista Celso Bandeira de Mello,
um dos mais respeitados do país, afirma que o impeachment de dois ministros do
Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, serviria de “alerta”
a comportamentos extravagantes na corte. Em sua visão, ambos agem como
políticos, desmoralizam o Poder Judiciário e perseguem réus do PT, agindo sob a
influência de grupos midiáticos.
Via Brasil 247 em
15/2/2014
O jurista Celso Bandeira de Mello, um dos mais respeitados do país,
está estarrecido com as atitudes recentes de dois ministros do Supremo Tribunal
Federal: Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Ambos, na sua visão, estão
desmoralizando o Poder Judiciário e mereceriam até sofrer processos de
impeachment. “Serviria de alerta a comportamentos extravagantes numa suprema
corte”, diz ele, em entrevista exclusiva ao 247.
Bandeira de Mello, no entanto, duvida que iniciativas nessa direção
prosperem. “A chance seria de um em um zilhão, porque, infelizmente, quem
governo o Brasil ainda é a grande mídia conservadora”. A prova concreta seria o
julgamento da Ação Penal 470, onde o comportamento dos ministros foi pautado
pela agenda e pelos interesses políticos desses grupos. “O STF foi apenas a
longa manus dos meios de comunicação”, diz ele. Como um pedido de impeachment
teria que transitar pelo Senado, a chance seria remotíssima.
Bandeira de Mello ficou chocado com atitudes recentes dos dois
ministros mais polêmicos do STF. No caso de Gilmar, o que o incomodou foi a
contestação da vaquinha feita por militantes do PT a réus como José Genoíno e
Delúbio Soares. “Uma das primeiras coisas que um juiz aprende é que só se fala
nos autos, até para que opiniões publicadas não comprometam a isenção, a
sobriedade e a equidistância em julgamentos futuros”, afirma. “Gilmar não
apenas fala, mas age como um político”.
O jurista diz ainda que, ao enviar uma carta irônica ao senador
Eduardo Suplicy, sugerindo que o PT devolvesse R$100 milhões ao País, Gilmar
“desbordou”. “Agiu muito mal e de maneira muito distante do que se espera de um
juiz”. Em tese, ele deveria até ser declarado suspeito no julgamento dos
embargos infringentes, em que estarão sendo julgados direitos de réus como o
próprio Delúbio.
Sobre Joaquim Barbosa, Bandeira de Mello diz ser mais “indulgente”,
até porque a própria mídia estaria a cobrar uma definição sobre se ele seguirá
ou não por um caminho político. Mas afirma que ele não é juiz. “Seu
comportamento é de evidente perseguição a alguns réus, especialmente ao
ex-ministro José Dirceu”, afirma. Segundo Bandeira de Mello, ao revogar uma
decisão anterior de Ricardo Lewandowski e ignorar a recomendação do Ministério
Público para que José Dirceu pudesse trabalhar, Barbosa agiu “de maneira muito
estranha para um magistrado”. “Como pode um juiz, presidente de uma suprema
corte, suprimir direitos e garantias de um cidadão brasileiro?”, questiona.
Bandeira de Mello avalia que Barbosa se encantou pelos elogios de
parte da grande imprensa, que o trata como herói. “A grande imprensa no Brasil
representa os interesses mais conservadores e tem ainda o papel de
domesticadora das classes populares”, afirma.
Embora diga nunca ter presenciado uma degradação institucional tão
profunda no Brasil, com a desmoralização completa do Poder Judiciário – mais
“no meio jurídico do que na mídia” –, ele aposta que o País poderá sair do
atoleiro. “Tudo dependerá das próximas nomeações”.
Bandeira de Mello afirma que a presidente Dilma Rousseff acertou na
escolha dos ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso. Diz ainda que
outros que já estiveram no STF, mas votavam de modo conservador, como Cezar
Peluso, eram juízes – o que não seria o caso, segundo Bandeira de Mello, dos
“políticos” Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. “Com nomeações acertadas no
futuro, o supremo poderá restaurar sua dignidade”, diz o jurista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá queridos leitores, bem vindo a pagina do Blog Imperial. Seu comentário é de extrema importância para nosso crescimento.
Marcos Imperial