Max Weber dizia que o Estado tem o monopólio do uso legítimo da
força.
Entretanto, o governo sem voto que
sucede a presidenta eleita não têm legitimidade alguma. Falta-lhe a
credibilidade que só o voto soberano do povo pode conferir.
Brasil 247 - A frente do que talvez seja o pior
ministério da história da república, um conjunto mal ajambrado para recompensar
golpistas, composto só de homens brancos e ricos, alguns investigados pela
Justiça, o governo usurpador só conseguirá se manter com a força ilegítima da
repressão contra trabalhadores, movimentos sociais e defensores da democracia
golpeada.
Trata-se de um governo natimorto,
com breve prazo de validade.
Por isso, já articulam um
julgamento expedito da presidenta inocente. Sabem que o tempo conspira contra
eles e, assim, vão tentar condená-la a jato, adotando a mesma estratégia que,
no Paraguai, usaram contra o presidente Lugo. Tentarão esconder, em vão, o que
o mundo já sabe: não há crime. Tentarão ocultar, em vão, o que o mundo já
conhece e proclama hoje em suas manchetes: é golpe.
No ínterim, tentarão também adotar
as medidas prometidas a banqueiros, empresários e a interesses estrangeiros. As
medidas da pinguela para o passado, que pretende, de um só golpe, acabar com os
legados sociais de Lula, Ulysses Guimarães e Getúlio Vargas.
No cardápio, redução do salário
mínimo, diminuição de aposentadorias, pensões e outros benefícios
previdenciários, desvinculação das receitas orçamentárias obrigatórias para
saúde e educação, erosão da proteção trabalhista, entrega do pré-sal e
privatização de "tudo o que for possível". Inclui-se também, como
sobremesa, a volta do foco estreito das políticas sociais, as quais passariam a
atingir somente os 5% mais pobres, para que a fome volte a atingir 36 milhões
de brasileiros e 12 milhões de crianças que estão agora no Bolsa Família saiam
das escolas e voltem às ruas.
Trata-se de cardápio tão indigesto
que jamais seria aprovado nas urnas. É necessária essa eleição indireta do
golpe, assegurada por uma maioria parlamentar circunstancial, para que tudo
isso seja jogado goela abaixo do povo.
Será uma grande tragédia que
aprofundará a crise política do Brasil.
Mas tragédia maior será a dos
golpistas. Em sua arrogância de quem julga poder prescindir do povo, em sua
vaidade de golpistas bem-sucedidos, eles acreditam que venceram. Na realidade,
já estão derrotados.
As aparências enganam. Na
ópera-bufa do golpe tudo está invertido. Golpe vira impeachment. Honestidade
vira crime. Retrocesso vira progresso. Passado vira futuro.
Governo de perdição nacional vira
governo de salvação nacional. Brutalidade golpista vira conciliação.
Na ópera-bufa do golpe, os
verdadeiros derrotados viram falsos ganhadores.
Pois sempre ganha quem fica ao
lado do povo e sempre perde quem atenta contra a democracia.
No julgamento definitivo da
História sobre este dia de infâmia, serão cobertos de glória os aparentemente
derrotados e imersos em vergonha eterna os falsos ganhadores.
Ganhou quem defendeu a democracia,
perderam, para sempre, os golpistas.
Perderam, principalmente, os
autores do golpe.
Politicamente Cunha já morreu e
Temer, sem voto, agoniza com sua total falta de legitimidade e credibilidade.
Enfrenta também o suplício que Dante reservou aos que estão no Lago Cocite, o
nono círculo do Inferno. Não convence ninguém.
Já Dilma, mesmo afastada, começa a
renascer como a mártir honesta da democracia golpeada. Sua dor de inocente
injustiçada convence e inspira.
Entre os dois presidentes, não há
dúvida sobre quem a História e o povo escolherão.
Os que defendem a democracia estão
sempre certos. Na memória do povo, estarão sempre vivos.
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Marcos Imperial