Juízes que
"protegem e retardam decisões de outros, sobre os quais há provas mais do
que suficientes para uma ação contundente".
Saiu no Blog do Esmael Morais:
A senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), em sua coluna desta segunda-feira (27), denuncia o
espetáculo midiático que prendeu seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo.
Segundo ela, ele não participou nem se beneficiou de esquema de que o acusam.
“Ele sabe que eu nunca o perdoaria!”, escreve a colunista. Gleisi afirma que a
operação cinematográfica teve o objetivo de influenciar no Senado, onde
aumentam as chances de barrar o impeachment de Dilma. Abaixo, leia, comente e
compartilhe a íntegra do texto:
Um espetáculo
desnecessário
Gleisi Hoffmann*
A prisão de
Paulo Bernardo foi um despropósito do princípio ao fim. Prisão preventiva?
Prevenir o que? Um processo iniciado em meados de 2015, sem nenhuma diligência
feita, nenhuma oitiva realizada, mesmo por diversas vezes ter ele solicitado
para depor?
Qual risco
oferecia meu marido à ordem pública? A instrução processual? A aplicação da
lei? Sempre esteve à disposição das autoridades, em endereço conhecido, há mais
de dois anos não ocupa nenhum cargo público, é aposentado pelo Banco do Brasil,
depois de 38 anos de contribuição previdenciária.
Conheço o Paulo
há muitos anos. Sei de suas virtudes e de seus defeitos. Sei especialmente o
que não faria. E não faria uso de dinheiro alheio para benefício próprio. Não admitiria
desvios de recursos públicos para sua satisfação ou da família. Tenho certeza
de que não participou ou se beneficiou de um esquema como o que estão
acusando-o. Ele sabe que eu nunca o perdoaria!
O patrimônio que
construímos ao longo de nossa vida nem de perto chega ao que estão acusando-o
de ter se beneficiado. São dois imóveis adquiridos antes de 2004 e um, no qual
moramos em Curitiba, adquirido em 2009, financiado junto ao Banco do Brasil,
por 20 anos. É uma dívida, mais que do que um patrimônio, constantes das
declarações de imposto de renda.
A imprensa
noticiou nosso apartamento como uma grande cobertura. O condomínio tem 160
apartamentos, com vários prédios pequenos. O que dizem ser cobertura é o último
apartamento, no oitavo andar, um pouco maior que os demais. É confortável,
jamais luxuoso.
A operação
montada para a busca e apreensão em nossa casa e para a prisão do Paulo foi
surreal. Até helicópteros foram usados, força policial armada, muitos carros!
Pra que isso, chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de
dinheiro público desnecessário, é isso!
Foi uma clara
tentativa de humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma, que colheu
muitos elogios no exercício de seu cargo. É também uma tentativa de abalar
emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores que discordam dos
argumentos que ora vêm sendo usados para afastar uma presidenta, legitimamente
eleita por mais de 54 milhões de votos.
O que vemos é a
mesma e repetida seletividade que vem marcando decisões do Ministério Público e
de juízes que promovem carnavais midiáticos contra alguns políticos, ao mesmo
tempo em que protegem e retardam decisões de outros, sobre os quais há provas
mais do que suficientes para uma ação contundente, definitiva.
Não estou aqui a
reclamar o respeito como parlamentar com mandato popular e prerrogativa de
foro, sobre o qual, aliás, já me manifestei contrária e assinei uma Proposta de
Emenda Constitucional para extingui-lo. Mas o respeito com que qualquer mulher
ou homem deve ser tratado por agentes de estado, principalmente os que exercem
a função policial. Senti na própria pele o que aflige diariamente milhares de
pessoas, homens e mulheres, atingidos pelo abuso do poder legal e policial.
Nas remexidas em
minha casa, sequer o computador que meu filho adolescente utiliza em seus
trabalhos escolares foi poupado. Agora, é prova de processo criminal. Senti
naquele momento todo o mal que pode causar o controle de segmentos do Estado
sem limitações. Tentei impedir. Disseram que iriam devolvê-lo no mesmo dia. Sou
uma pessoa de fé. Acreditei e liguei no final da tarde de quinta-feira porque
meu guri sente falta do computador que usa para jogar e comunicar-se com os
amigos. Responderam que só hoje, segunda, 26, começariam a analisar o disco
rígido e não há mais data para devolvê-lo. Buscavam achar dinheiro? Cofres?
Documentos que pudessem nos incriminar? Não acharam nada, nada! O que
provavelmente tenha frustrado a operação espetáculo.
Minha luta aqui
e agora é pela restauração da dignidade do nome de meu companheiro, duramente
atingido pelas precipitações do noticiário. Sei que é uma cruzada difícil,
contrariar a onda corrente.
Ainda não
encontrei alívio para a minha dor, para a dor dos nossos filhos, apesar do
testemunho de amigos e companheiros que, mesmo na adversidade, não perdem a fé
e ousam falar com coragem, o melhor instrumento de combate que temos.
Quero agradecer
aqui, publicamente, minha bancada de senadores e senadoras, que na primeira
hora fizeram-me uma linda nota de solidariedade. Também a todos e todas que
externaram carinho, confiança e apoio através de telefonemas, e mails,
mensagens.
Muito obrigada aos que se solidarizaram comigo e
com todas as pessoas da minha família. Tudo que tenho para oferecer de volta é
a minha amizade e compromisso na luta por um mundo melhor. Podem contar comigo.
Hoje e sempre.a
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Marcos Imperial