sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Em 5 anos, a PEC 241 vai transformar a Cultura em pó.

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Por Jari da Rocha.

Os estragos que a “PEC da morte” causará no país, nos próximos 20 anos, são evidentes.
As desculpas esfarrapadas do bankster ( gíria inglesa que mistura banqueiro com a palavra gângster) Henrique Meirelles e repetida ad eternum pelos papagaios de plantão servem, no mínimo, para duas coisas: descredibilizar os governos do PT, como se fossem gastadores contumazes e, também, ajustar o estado (mínimo) à prática neoliberalista.
Estado mínimo é aquele que cobra impostos dos pobres, mas obriga que eles, os pobres, se virem por si próprios. Ao mesmo tempo, é o modelo de estado que salva bancos, financia grandes empresas (as de comunicação são freguesas) e isenta, justamente, o lucro dos ricos.
Abre-se assim uma porta para os rentistas se lambuzarem com bilhões e outra porta para o futuro do povo brasileiro: a porta do inferno.
Diante desse caos mais do que previsto, como ficará, então, a área da cultura com a aplicação da famigerada PEC?
João Brant, que foi secretário executivo do Ministério da Cultura do governo Dilma, faz um estudo sobre os impactos da PEC-241 na cultura do país.
Segundo o estudo, em apenas 5 anos, o MinC terá uma queda de quase 90% de seu orçamento voltado para ações finalísticas (todos os editais, obras – inclusive do PAC Cidades Históricas – Fundo Nacional de Cultura, convênios, entre outros).
Isso significa praticamente a extinção do ministério. Ministério esse que já havia sido um dos alvos iniciais do governo usurpador, que só voltou atrás em razão da pressão popular, principalmente de artistas.
Considerando que o orçamento do MinC nunca foi um dos maiores da União, pode-se, a partir da análise de Brant, ter uma ideia do que ocorrerá com os demais ministérios e, consequentemente, com o nosso país.
Leia o estudo na íntegra:
A aprovação da PEC 241 poderá afetar profundamente o orçamento da cultura. Mantidas as condições atuais, em cinco anos a pasta pode perder 33% do seu orçamento nominal, o que significaria a perda de cerca de 90% de seu orçamento voltado para ações finalísticas, que inclui todos os editais, obras (inclusive do PAC Cidades Históricas) Fundo Nacional de Cultura, convênios com estados e municípios, entre outros.
O Orçamento do Ministério da Cultura, exceto pessoal e despesas financeiras, é R$ 730.354.972. Destes, R$ 32.910.626 são referentes a despesas obrigatórias (benefícios dos servidores), R$ 319.490.120 vão para manutenção e funcionamento do Ministério e de todas as vinculadas, e ficam R$ 377.954.226 para ações finalísticas.
O orçamento discricionário do MINC suporta todas as ações de manutenção, funcionamento e ações finalísticas do Ministério da Cultura, incluindo suas sete entidades vinculadas – Ancine, Funarte, Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Cultural Palmares, Ibram e Iphan.
A única despesa relevante do MinC que não estaria incluída no teto da PEC é a porção de investimentos retornáveis do Fundo Setorial do Audiovisual, que por ser considerado despesa financeira fica fora do cálculo das despesas primárias e portanto dos limites estabelecidos.
O Ministério da Cultura não tem um piso definido e, em momentos de ajuste fiscal, sempre acaba sofrendo cortes. Em 2015, em meio ao forte ajuste, houve um grande esforço para reduzir as despesas com manutenção e funcionamento de unidades em mais de 20%, sobrando pouco espaço para novos cortes sem comprometer o funcionamento básico das vinculadas.
Para calcular o impacto no orçamento do MinC do teto estabelecido para PEC é preciso saber o que ocorre com as outras despesas que constam do orçamento. Para isso, utilizei como referência o estudo de Manoel Carlos Pires, economista do Ipea que analisa os efeitos da PEC nas despesas discricionárias do Governo Federal.
Para calcular o impacto sobre as discricionárias, o pesquisador considerou a estimativa de crescimento das despesas previdenciárias e a necessidade de manter despesas obrigatórias com assistência social, saúde, FAT e pessoal, além do piso mínimo de despesas com educação.
Considerando os parâmetros adotados, a estimativa é de decréscimo do espaço para acomodar as despesas discricionárias. Entre 2016 e 2021, a previsão é que haja 33% menos recursos para este tipo de despesa.
Se mantida a mesma proporção do orçamento do Ministério da Cultura perante as outras áreas, o que nem sequer é garantido, os R$ 730.354.972 de 2016 se transformariam em R$ 492.436.307 em 2021. Considerando o peso da inflação sobre as despesas de manutenção e funcionamento e sobre os benefícios, restariam apenas R$ 40.640.955 para todas as despesas finalisticas de todas as vinculadas (exceto os investimentos retornáveis do Fundo Setorial do Audiovisual).
A situação se torna ainda mais impactante se considerado que o orçamento de 2016 já é o menor orçamento discricionário da cultura desde 2007, tendo por base valores nominais. Além disso, as despesas com manutenção e funcionamento de unidades já foram diminuídas em mais de 20% em 2015, o que dificulta a diminuição de sua participação no orçamento.
A queda de quase 90% do orçamento voltado a ações finalísticas implicaria, na prática, na paralisação de todas as ações do Ministério da Cultura, incluindo os editais voltados às artes cênicas, literatura, música e artes visuais, editais de pontos de cultura, ações voltadas à cultura negra, obras de patrimônio cultural e exposições de museus, financiamentos não-retornáveis do Fundo Setorial do Audiovisual, além de ações de digitalização da Biblioteca Nacional, bolsas da Fundação Casa de Rui Barbosa e todas as ações financiadas pelo Fundo Nacional de Cultura.
Esse resultado ocorreria em apenas cinco anos de vigência da PEC, e fatalmente implicaria na busca de soluções como fechamento ou transferência de instituições e unidades para a iniciativa privada, pois seria impossível manter o orçamento para manutenção desses órgãos.
Via  http://www.tijolaco.com.br/blog/pec-241-acaba/

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Marcos Imperial

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