Por Emir Sader.
Passando pela trajetória do ex-presidente Lula, o
sociólogo Emir Sader destaca que ele "fez o governo mais importante da
nossa história", "elegeu e reelegeu sua sucessora" e "hoje
paga o preço duro de ter contrariado os interesses e os pensamentos das
elites"; "E, ainda assim, o povo ama Lula",
diz, acrescentando que, "por isso, a democracia se torna fatal para a
direita. Com democracia, o povo decide que quer Lula de novo dirigindo o País";
"No dia de mais um aniversário de Lula, um abraço solidário e de
reconhecimento, de respeito, de orgulho por tê-lo como o mais importante
dirigente político do Brasil, a pessoa em quem o povo confia, no destino de
quem repousa o destino do País", homenageia Emir Sader.
As pessoas
tendem a se acostumar com a trajetória de vida de Lula, a trajetória mais
expressiva que um brasileiro pode ter. Ter nascido no Nordeste e cruzado as
maiores secas da história da região é uma marca de vida, que por si só
sintetiza tudo o que foi o Brasil ao longo do século XX. O que foi o Nordeste e
o que foi o centro-sul, para o qual imigraram milhões e milhões de nordestinos
sobreviventes da miséria, como aconteceu com o próprio Lula e
com seus
irmãos.
Tendo
tido como estudo o que interessa ao boom econômico de São Paulo – escola
técnica para se transformar em operário qualificado para a indústria paulista
–, se tornou trabalhador no ABC – a região que melhor expressou a expansão
econômica de São Paulo nos anos 1950/1960/1970. Ter perdido um dedo na máquina
inscreve no seu corpo a super exploração do trabalho a que tantos seguem sendo
submetidos, pelas jornadas esfalfantes, pelo cansaço, pelo ritmo de trabalho
ditado pelas cadeias de produção.
Tornar-se
militante sindical em plena ditadura fez de Lula um ator fundamental na luta
contra o arrocho e contra a própria ditadura, conforme passou de militante
sindical a dirigente. Suas fotos falando no estádio de Vila Euclides para
milhares de trabalhadores são antológicas e representam dos mais belos momentos
da história de lutas do povo brasileiro.
Assim
ele foi se construindo como líder de massas, passando a líder político, com a
fundação do PT e da CUT, em que ele teve papel decisivo. Foi crescendo como
dirigente e se projetando na cena política brasileira. Fez o aprendizado da
democracia política como candidato, várias vezes, preparando-se para ser o
presidente que promoveria o objetivo fundamental do partido que ele fundou – a
democratização social do Brasil.
Pouco
de mais de duas décadas depois de ter liderado as greves mais importantes da
história do sindicalismo brasileiro, Lula se elegeu presidente da República do
Brasil. E fez o governo mais importante da nossa história, desmentindo os
clichês e os preconceitos que se pretendiam impor. Tivemos desenvolvimento
econômico com distribuição de renda e não fazer crescer o bolo para depois,
quem sabe, um dia, distribuir. Tivemos expansão econômica e controle da
inflação. Tivemos inclusão social e desenvolvimento. Expansão do mercado
externo e do mercado interno ao mesmo tempo. Tivemos política externa soberana,
papel ativo do Estado, bancos públicos fortes. Nunca como naquele momento nos
orgulhamos tanto de sermos brasileiros, nunca nossa auto estima foi tão alta,
nunca acreditamos tanto que a luta contra a desigualdade social é a mais
importante de todas, que a solidariedade é o sentimento mais nobre de todos.
Lula
elegeu e reelegeu sua sucessora. E hoje paga o preço duro de ter contrariado os
interesses e os pensamentos das elites. É a pessoa mais investigada e mais
perseguida pela coalizão de juízes e policiais arbitrários, de mídia e
judiciário partidarizados. E, ainda assim, o povo ama Lula. Não acredita nas
mentiras que contam sobre ele. Quer ele de volta como presidente do Brasil. Por
isso a democracia se torna fatal para a direita. Com democracia, o povo decide
que quer Lula de novo dirigindo o País.
No
dia de mais um aniversário de Lula, um abraço solidário e de reconhecimento, de
respeito, de orgulho por tê-lo como o mais importante dirigente político do
Brasil, a pessoa em quem o povo confia, no destino de quem repousa o destino do
País.
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Marcos Imperial