sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Um convite a pensar a medicina fora do circuito do dinheiro



A medicina atual tem sido bombardeada por novas descobertas. E boa parte delas não diz respeito a novos tratamentos para doenças crônicas (como o diabetes) ou para epidemias mundiais (como a Aids), mas sim a questionamentos científicos com boas doses de evidência em torno de tratamentos médicos já sacramentados. São os casos por exemplo do uso de estatinas para prevenção primária de eventos cardiovasculares (ineficaz, segundo Juan Guervas) e do rastreio universal do câncer de próstata através do PSA (contra-indicado pelo INÇA e pelas forças tarefas americana e canadense ). 

Hoje, se sabe que seus usos causam mais mal do que bem às pessoas. Contudo, por mais que ao longo dos anos venham se acumulando evidências questionando seus usos, encontram defensores entre sociedades de especialidades e pelos médicos em geral, fazendo de quem os questiona uma pequena minoria dentro da categoria. Mas por que isso acontece?

São vários os fatores que estão na base deste processo, que vão desde a influência da produção científica norte-americana no campo da saúde, até o fato da prática médica no Brasil ser altamente influenciada pelo regime de acumulação capital-intensivo que cria a ideologia de que as doenças só se curam com consumo de medicamentos, só se descobrem com exames complementares, que só se extirpam com cirurgias. 

A boa notícia é que nem todos os médicos concordam com estas premissas. Recentemente o debate em torno da prevenção quaternária vem ganhando força no Brasil, ecoado principalmente pelos médicos de família e comunidade. Porém esta ainda é uma agenda em aberto para o conjunto da sociedade brasileira que teve sua visão de saúde formada pelo paradigma biomédico. Além disso, a realização de estudos e ações contra um modelo de medicalização que mais adoece do que cura, confronta muitos interesses poderosos, o que faz com que alguns desistam pelo caminho.

Não é o nosso caso. A Rede Nacional de Médicas e Médicos populares quer ajudar a construir essa contra-hegemonia na medicina, tanto na ciência quanto na política, contribuindo para construir uma medicina realmente a serviço do povo, e não do dinheiro. 

Neste sentido, convidamos todas e todos os médicos e estudantes de medicina interessados no tema, a produzirem vídeos, textos, poesias (o que vier à mente!) sobre este assunto, que será um dos eixos da II Plenária da Rede Nacional de Medicas e Médicos Populares a se realizar em Brasília de 9 a 11 de dezembro de 2016. Estão igualmente todas e todos convidados a participar da plenária que contará ainda com debates sobre a conjuntura da Saúde e sobre os desafios atuais da formação médica. 

Venham conosco construir um amplo movimento da medicina voltada para as pessoas! Rede Nacional de Medicas e Médicos Populares.

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Marcos Imperial

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