A medicina atual tem sido bombardeada por novas descobertas. E boa
parte delas não diz respeito a novos tratamentos para doenças crônicas (como o
diabetes) ou para epidemias mundiais (como a Aids), mas sim a questionamentos
científicos com boas doses de evidência em torno de tratamentos médicos já
sacramentados. São os casos por exemplo do uso de estatinas para prevenção
primária de eventos cardiovasculares (ineficaz, segundo Juan Guervas) e do
rastreio universal do câncer de próstata através do PSA (contra-indicado pelo
INÇA e pelas forças tarefas americana e canadense ).
Hoje, se sabe que
seus usos causam mais mal do que bem às pessoas. Contudo, por mais que ao longo
dos anos venham se acumulando evidências questionando seus usos, encontram
defensores entre sociedades de especialidades e pelos médicos em geral, fazendo
de quem os questiona uma pequena minoria dentro da categoria. Mas por que isso
acontece?
São vários os
fatores que estão na base deste processo, que vão desde a influência da
produção científica norte-americana no campo da saúde, até o fato da prática
médica no Brasil ser altamente influenciada pelo regime de acumulação
capital-intensivo que cria a ideologia de que as doenças só se curam com
consumo de medicamentos, só se descobrem com exames complementares, que só se
extirpam com cirurgias.
A boa notícia é
que nem todos os médicos concordam com estas premissas. Recentemente o debate
em torno da prevenção quaternária vem ganhando força no Brasil, ecoado
principalmente pelos médicos de família e comunidade. Porém esta ainda é uma
agenda em aberto para o conjunto da sociedade brasileira que teve sua visão de
saúde formada pelo paradigma biomédico. Além disso, a realização de
estudos e ações contra um modelo de medicalização que mais adoece do que cura,
confronta muitos interesses poderosos, o que faz com que alguns desistam pelo
caminho.
Não é o nosso
caso. A Rede Nacional de Médicas e Médicos populares quer ajudar a construir
essa contra-hegemonia na medicina, tanto na ciência quanto na política,
contribuindo para construir uma medicina realmente a serviço do povo, e não do
dinheiro.
Neste sentido,
convidamos todas e todos os médicos e estudantes de medicina interessados no
tema, a produzirem vídeos, textos, poesias (o que vier à mente!) sobre este
assunto, que será um dos eixos da II Plenária da Rede Nacional de Medicas e
Médicos Populares a se realizar em Brasília de 9 a 11 de dezembro de 2016.
Estão igualmente todas e todos convidados a participar da plenária que contará
ainda com debates sobre a conjuntura da Saúde e sobre os desafios atuais da
formação médica.
Venham conosco
construir um amplo movimento da medicina voltada para as pessoas! Rede Nacional de
Medicas e Médicos Populares.
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Marcos Imperial