Fundado em 10 de Fevereiro de 1980, o PT é a maior força da esquerda brasileira. Não viemos para substituir os Partidos Comunistas, nem as Organizações e Partidos Trabalhistas das décadas anteriores. Viemos para somar na “construção de uma sociedade sem explorados e sem exploradores”. Somos filhos e filhas da luta sindical, estudantil e da resistência à ditadura militar iniciada em 1964.
Nascido num campo de futebol, com sua 1ª bandeira costurada por D. Marisa, o PT uniu intelectuais do porte de Florestan Fernandes, Marilena Chauí, Paulo Freire, Frei Beto, com sindicalistas tipo Lula (o baiano), Olívio Dutra, Eliziel Barbosa (RN), Paulo Skromov (dos coureiros de Avaré/SP). Estudantes e as mulheres.
Como as mulheres contribuíram e contribuem com o nosso partido. Salete Machado, Brasília Carlos, Tatau Godinho, Clara Sharff, Marisa Letícia e tantas outras.
Afirmávamos que o PT era um partido para “todos os dias”, não apenas um instrumento eleitoral; uns falavam que deveria ser um partido do macacão (soou excludente e não prevaleceu). Na 1ª disputa eleitoral saímos nas ruas com o slogan “Trabalho, Terra e Liberdade”, era o nosso Egalité, Fraternité e Liberté.
Nascido nas lutas sociais, com militância, reuniões e debates, o PT fez campanha de filiações, participou de eleições, seus militantes foram aos Congressos da UNE, retomaram o sindicalismo combativo, fundaram a CUT, e estamos hoje em todas as cidades, no campo, nas escolas e nas redes sociais.
A mobilização da militância petista demonstra que passados 37 anos somos fortes e temos capacidade de alterar correlações de forças, dentro e fora do Partido. Estamos mais velhos e experientes. Perdemos quadros mas temos uma juventude de arrepiar e levantar poeira.
Foi a geração de D. Helena Greco (MG), Vivaldo Dantas em Mossoró, Carlito Maia (criador slogan oPTei), Luciano Almeida (RN), Raul Pont (RS) e Rubens Lemos (PE e RN), que iniciou esse processo ainda na clandestinidade dos anos 60/70. Muitos como Djalma Maranhão e Emanuel Bezerra sequer puderam ver essas luzes. Os movimentos estudantis de 68, a retomada da luta sindical somou novas gerações. E lá vamos nós, os jovens da década de 80, para dar vigor as campanhas das Diretas Já em 84 e do Lula Lá em 89.
Se no final dos anos 70 e nos anos 80, nossa militância aliada ao PCdoB, ao PDT, ao PCB, ao MR8 e setores do PMDB derrotou a ditadura militar, pensávamos que a nova dinâmica social do país estava consolidada. Que a Constituição de 1988 e todo o processo de redemocratização, asseguravam vida democrática. Hoje está claro que os rumos do país estão mais que nunca em disputa.
Passadas 04 décadas, o Brasil é outro. Saímos de 100 para 210 milhões de habitantes. Os centros urbanos se dinamizaram, nossa economia globalizou-se, somos um país digital. Nossas Universidades, Institutos Federais, Centros de Pesquisa e a Cultura, agigantaram-se.
A vitória eleitoral do PT e seus aliados em 2002 trouxe um novo programa de governo para o centro das atenções no país e no continente latino americano. Fortalecemos a agricultura familiar, a economia solidária, a engenharia, a ciência e a tecnologia. Distribuímos como nunca na história desse país a renda e as oportunidades. Vagas no serviço público, nas universidades e institutos federais.
Mas, simultaneamente, se fortalecem sentimentos de rancor e o ódio de setores das classes dominantes. Suportaram a aliança de Lula com José Alencar. Suportaram a eleição da 1ª mulher Presidente da República, mas na primeira esquina forças golpistas nos impõe, uma imensa derrota. Para eles o estado de exceção é normal. Continuam os debates parlamentares “nos marcos definidos pelo golpe: rompem os direitos sociais conquistados na Constituição de 1988 e até mesmo antes na CLT, fazem retroceder as conquistas ocorridas nos anos de governos do PT, criminalizam as organizações da esquerda e nossa principal liderança, Lula”.
Essa suposta “normalidade” tenta atrair adeptos inclusive na esquerda e no PT. A postura dúbia de alguns dirigentes e parlamentares está sendo enfrentada pela militância petista e com orgulho vemos nossa Senadora Fátima Bezerra liderando reuniões, plenárias e um gigantesco combate a essas dubiedades pelas redes sociais. Nesse momento, como sempre na história da esquerda, os grupos se movimentam. Hoje formamos o “Muda PT” um amplificador da combatividade militante que se consolida como um movimento, “sendo capaz de envolver até setores importantes da própria força hoje majoritária”.
Esse ano que lembramos a Revolução Bolchevique de 1917 na Rússia dos Czares, o planeta vive uma conjuntura de disputas. A vitória republicana nos EUA, a desagregação da comunidade europeia, o Estado Islâmico, as guerras e a manutenção das desigualdades em especial na África constituem-se em novos desafios aos que vivem do trabalho.
Tudo isso nos impõe “a responsabilidade de apresentarmos uma plataforma de mudança radical nos rumos do Partido dos Trabalhadores. Um novo PT, que tenha na sua militância o ponto de partida para derrotar os golpistas e sua agenda de retirada de direitos. Um novo PT, ciente de seus erros e acertos e integrado à resistência de esquerda aos retrocessos, capaz de organizar uma plataforma de mudanças políticas e sociais”.
Precisamos de um Partido moderno e alegre. Que dê continuidade à esquerda libertária, não deixando de tratar a virtualidade vivida pelas novas gerações, na sociedade das redes e dos novos arranjos familiares. Um Partido que faz um pacto geracional, assume a pauta feminista, defende a comunidade LGBT e faz o combate ao racismo. Em nosso programa precisamos ligar as lutas sociais, o acesso a bens de consumo com o acesso à cultura, ao esporte, às artes, à ciência e à tecnologia.
Enquanto refletimos sobre os 37 anos do PT, é hora de somar forças aos movimentos sociais, brincando e fazendo a sátira no Carnaval, mobilizando o 8 de Março em torno da pauta da previdência e da autonomia das mulheres e, no dia 31 de Março, vamos às ruas dizer Fora Temer e Diretas Já, contra o golpe.
É com essa agenda que estamos comprometidos, um PT para o século XXI.
Hugo Manso – Engenheiro, professor do IFRN e Pte do PT em Natal.
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Marcos Imperial