POR TEREZA CRUVINEL DO 274.
Que Lula, Dilma e outros
petistas estejam na segunda lista de Janot não é ser surpresa para ninguém.
Enquanto a Lava Jato esteve circunscrita à República de Curitiba, os
petistas foram seus fregueses preferenciais. E os tucanos, os intocáveis.
A
presença de peemedebistas graúdos também é muito óbvia, seja por terem sido
sócios do PT no governo até optarem pela derrubada de Dilma, seja pelas
conhecidas práticas do partido que, sem ganhar eleições, nunca saiu do poder
federal. A cereja do bolo que o procurador-geral Rodrigo Janot está servindo
ao Brasil é representada pelos grão-tucanos nela incluídos -
Aécio Neves, José Serra e Aloysio Nunes - e outros menos cotados
que ainda vão aparecer. Janot, como Sérgio Moro, já foi benevolente com os
tucanos mas agora, além de cuidar da biografia, não havia como fugir da
revelação da Odebrecht: na política do Brasil, desde sempre, todos
são iguais perante o caixa dois e a corrupção.
Uma das muitas serventias da
lista de Janot é a de confirmar o que disse o PT quando foi posto no pelourinho
com a descoberta de seus esquemas “não contabilizados”. “Fizemos o que
todos sempre fizeram, diziam os petistas”. Fizeram o que nunca
deviam ter feito, entrar no jogo que prometeram combater, mas está claro
que em nada inovaram. Não inventaram a pólvora nem o caixa dois, nem
foram os primeiros a vincular o caixa dois aos contratos das grandes
empresas no setor público. Mas, neste tempo todo, desde 2005, apanharam
sozinhos, tendo no máximo a companhia de peemedebistas mais exagerados. O
PSDB ficava lá, posando de vestal, apontando o dedo e desancando os petistas,
imerso num forte sentimento de intocabilidade. Agora que a blindagem
ruiu, o jeito foi ingressar no esforço em curso para igualar o passado de
todos, anistiando o caixa dois como biombo de outras coisas mais graves.
Nestes quase três anos de Lava
Jato, muitas foram a blindagens proporcionadas por Moro, Ministério Público e
pelo próprio Janot aos tucanos. Janot poupou o senador mineiro algumas
vezes, especialmente ao ignorar sua citação na delação de Alberto Yousseff como
beneficiário do esquema Furnas. Moro jamais levou adiante as citações a
tucanos, com foro especial ou não. A construtora Camargo Correia terá que
refazer sua delação premiada porque, cotejada com a da Odebrecht, viu-se que
omitiu informações preciosas sobre superfaturamento e pagamento de propina em
obras dos governos tucanos no estado de São Paulo. Em verdade, portanto,
devemos aos 77 delatores da Odebrecht, e não exatamente a Janot, este grande
passo para a mudança nos costume políticos, confirmando o que todos sempre
soubemos: no governo, todas as obras são previamente acertadas, todos os
fornecedores superfaturam, todos os partidos e políticos fazem caixa.
Inclusives os outrora impolutos tucanos. Disso, sempre souberam todos
que convivem no meio político. Mas era de ouvir falar, não de ler confissões
como as da Odebrecht. Se tudo isso servirá para mudar a cultura política,
veremos. Para tanto, teremos primeiramente que reinventar o sistema
político-eleitoral
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Marcos Imperial