TEREZA CRUVINEL do 247
"Com o cerco se fechando" contra o governo, e "temendo o aumento dos protestos de rua, Michel Temer propõe uma saída que é fermento puro na massa podre: acelerar a votação das reformas previdenciária e trabalhista no Congresso, além de projetos como o da terceirização de mão de obra", afirma a colunista Tereza Cruvinel; "Diante da evidência de que o governo está se decompondo a céu aberto, as forças políticas e econômicas que o sustentam tratam de garantir o que for possível da agenda neoliberal do golpe, adiantando serviço para um eventual governo tucano no futuro", avalia Tereza; para ela, "a abertura do saco de maldades, entretanto, pode engrossar o 'fora Temer' que ecoou no carnaval".
A lama vai subir
esta semana e ameaça chegar ao pescoço do governo: o procurador-geral, Rodrigo
Janot, pedirá investigações sobre ministros e parlamentares do PMDB e do PSDB;
mais dois delatores da Odebrecht falarão ao relator do pedido de cassação da chapa
Dilma-Temer no TSE. Com o cerco se fechando, e temendo o aumento dos protestos
de rua, Michel Temer propõe uma saída que é fermento puro na massa podre:
acelerar a votação das reformas previdenciária e trabalhista no Congresso, além
de projetos como o da terceirização de mão de obra.
Diante da
evidência de que o governo está se decompondo a céu aberto, as forças políticas
e econômicas que o sustentam tratam de garantir o que for possível da agenda
neoliberal do golpe, adiantando serviço para um eventual governo tucano no
futuro. A abertura do saco de maldades, entretanto, pode engrossar o “fora
Temer” que ecoou no carnaval. O jogo é este: ou haverá uma grande mobilização
para apear Temer e antecipar as eleições, ou virá o conchavo que já está sendo
armado para mantê-lo no cargo até 2018, fazendo o serviço sujo para o qual foi
empossado.
A corrupção, até
aqui apontada como obra do PT, agora aparece em toda a sua extensão, alcançando
todos os grandes e médios partidos, com destaque para as cúpulas do PMDB e do
PSDB. O sistema já existia. Erro do PT foi ter aderido a ele para conseguir
governar. Afora os milhões da Odebrecht, ameaça também ser revelado o grande
esquema dos governos tucanos com as empreiteiras em obras estaduais. Isso, se
Moro deixar que Adir Assad faça sua delação premiada. Quando Janot produziu sua
primeira lista de políticos a serem investigados, em 2015, seguiram-se grandes manifestações
pró-impeachment. Descontada a hipocrisia dos que só pensavam na derrubada de
Dilma Rousseff e no aniquilamento do PT, nelas havia bolsões sinceramente
indignados, que agora terão mais razão para voltar às ruas num protesto duplo:
contra a corrupção e contra as reformas que liquidam com direitos e conquistas.
Temer,
entretanto, não parece acreditar nisso. Apesar de sua impopularidade oceânica,
acha que o povo não se moverá, nem contra a corrupção nem contra o retrocesso.
Sem Padilha, que ficará no estaleiro enquanto puder, para não ter que explicar
o pacote que enviou para a “mula” do Yunes, hoje mesmo Temer reúnirá seu
estado-maior para organizar a ofensiva na Câmara pela rápida aprovação da
reforma previdenciária. O projeto da terceirização entrará em pauta amanhã. O
governo não pode passar a impressão de que está paralisado pelas denúncias,
dizem seus auxiliares. Pelo visto, optou por dizer ao povo que, quanto mais
desmoralizado, mais maldades tentará aprovar, na base do rolo compressor. Mas a
reforma previdenciária é tão cruel e tão injusta que sua própria base vem se
recusando a aprova-la na íntegra.
Neste 8 de
março, Dia Internacional da Mulher, a mobilização terá como palavra de ordem
“Fora Temer, tire as mãos de nossa aposentadoria”. Para o dia 15, a CUT e
outras centrais sindicais estão programando uma paralisação com atos “fora
Temer” e contra as reformas em todo o país. Estes são protestos chamados por
organizações sociais. Em outras condições, ficariam restritos aos setores que
tentaram resistir ao golpe, em abril e em agosto de 2016. Agora, com a podridão
moral, a ruína econômica e a abertura do saco de maldades, poderão atrair as
camadas que, no verão passado, embarcaram no “Fora Dilma”, acreditando que a
corrupção era obra do PT e que, com o impeachment, dias melhores viriam.
E para
confundir, o MPL e grupos de direita que lideraram as manifestações pró-golpe
também estão chamando um ato no dia 26. E como estamos na alta temporada da
hipocrisia nacional, na pauta a palavra “corrupção” agora nem aparece. O ato
será pelo fim do estatuto do desarmamento, fim do foro privilegiado, “bom
andamento da Lava Jato”, pelas reformas previdenciária e trabalhista e pelo
“fim das mamatas dos políticos e do Judiciário”. Com esta salada de bandeiras
conservadoras, esperam atrair nova massa de manobra mas agora já não será tão
simples. A ficha caiu para a grande maioria da população. Inclusive para os
inocentes úteis do verão passado.
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Marcos Imperial