Pesquisa revela ainda que 90% da população quer substituir golpista em eleições diretas e 93% dos brasileiros rejeitam reforma da Previdência.
A popularidade do golpista Michel Temer não para de despencar. Apenas 5% da população considera o desempenho do presidente usurpador ótimo ou bom, ante 14% em outubro do ano passado, revelou pesquisa do instituto Vox Populi, encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e divulgada nesta sexta-feira (21) pela revista Carta Capital.
Outro recorte da sondagem mostra que para 78% dos entrevistados, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria cassar o mandato de Temer pelas supostas irregularidades cometidas pela chapa nas eleições de 2014.
Não é tudo: nove em cada dez brasileiros desejam que o novo presidente seja escolhido por eleições diretas, e não pelo Parlamento, como previsto pela Constituição.
Os pesquisadores consultaram 2 mil eleitores com mais de 16 anos, residentes em 118 municípios, de todos os estados e do Distrito Federal, em áreas urbanas e rurais, entre 6 e 10 de abril. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Motivos para apoiar a destituição de Temer não faltam. O peemedebista tem promovido um desmonte dos resquícios do Estado de Bem-Estar Social no Brasil, com o congelamento dos gastos públicos por duas décadas e a dilapidação dos direitos dos trabalhadores, um projeto político que jamais passaria pelo crivo do voto popular.
A rejeição às reformas de Temer beira a unanimidade. O aumento da idade da aposentadoria para 65 anos e do tempo de contribuição (mínimo de 25 anos), base da reforma da Previdência, é rejeitado por 93%, revela a pesquisa CUT/Vox Populi. E e 80% reprova a Lei de Terceirização.
Além disso, o peemedebista figura como anfitrião, em seu escritório político em São Paulo e no Palácio do Jaburu, de negociatas que somam mais de 80 milhões de reais, segundo as delações de executivos da Odebrecht. Blindado pelo cargo, que o protege de responder por atos cometidos antes de sua posse, Temer possui nada menos que oito ministros investigados pela Operação Lava Jato.
“A sociedade brasileira deseja a saída de Temer, mas a elite ainda acredita que ele será capaz de tocar essa agenda impopular que atende tão bem aos seus interesses”, diz o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra,. Coimbra.
Segundo ele, a única condição que mantém Temer no poder é a aprovação das reformas prometidas ao mercado. “Sem isso, Temer é descartável.”
Animador do golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, é recordista de investigações abertas, ao lado do também senador Romero Jucá, do PMDB, cada um deles alvo de cinco apurações.
Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), também figuram nas planilhas de repasses ilegais da Odebrecht, com os apelidos de “Botafogo” e “Índio”, respectivamente.
“Diretas Já” e greve geral
“A crise política só começará a ser debelada com novas eleições, e somente uma intensa mobilização popular, com os movimentos sociais e a população nas ruas, será capaz de antecipá-las”, afirma Vagner Freitas, presidente da CUT, para quem não adianta esperar do Legislativo qualquer solução.
“Boa parte dos deputados e senadores que estão aí sabe que não será capaz de se reeleger em 2018, até pelos impactos da Lava Jato. Parecem negociar o fim de suas carreiras políticas.”
As centrais sindicais planejam, para o próximo dia 28, uma greve geral contra as reformas trabalhista e previdenciária. Desde o início do ano, o movimento sindical tem enfrentado dificuldade para garantir a adesão de trabalhadores de setores estratégicos da economia em um cenário de elevado desemprego. Agora Freitas se mostra confiante em uma megamobilização, impulsionada pelo próprio governo.
“Cada vez que Temer se manifesta pelas reformas que retiram direitos dos trabalhadores, ele aumenta as nossas chances de sucesso. A sociedade civil é absolutamente contrária a essas propostas”, observa o presidente da CUT, lembrando as contundentes manifestações de oposição às reformas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Movimentos têm pressa
Os movimentos sociais relutam, porém, em aceitar passivamente a manutenção de um governo que consideram ilegítimo. “Ninguém sabe como será esse processo eleitoral de 2018, se ele de fato existirá e sob quais circunstâncias.
Além disso, em menos de um ano, essa turma conseguiu promover um gigantesco retrocesso do ponto de vista dos direitos sociais. Se tiver mais um ano e meio pela frente, é capaz de Temer conseguir revogar a Lei Áurea”, diz Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.
“Na verdade, muito além de antecipar eleições, inclusive para renovar o Parlamento, precisamos colocar em pauta uma mudança profunda do sistema político, radicalizar a democracia”, emenda Boulos.
“É preciso garantir o financiamento público e exclusivo de campanhas eleitorais para acabar com essa captura do Estado pelo interesse privado, ampliar os mecanismos de participação popular, fortalecer os plebiscitos, trazer o povo para decidir sobre as questões fundamentais do País diretamente”, afirma.
A pesquisa de opinião CUT/Vox Populi também mostrou que Lula é o favorito dos brasileiros em todos os cenários para 2018, apesar de todo o ataque midiático. Se as eleições presidenciais fossem hoje, Lula seria eleito em primeiro turno em todos os cenários pesquisados.
A simpatia pelo PT também cresceu, de acordo com o mesmo levantamento, que ainda apontou críticas dos brasileiros na condução da Operação Lava Jato. Isso porque, para 68% da população, a Lava Jato erra ao tentar incriminar o ex-presidente sem provas.
Da Redação da Agência PT de notícias, com informações da Carta Capital
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Marcos Imperial