Todos devem se
lembrar dos protestos ocorridos em 2013. Capitaneados pela direita e pela
mídia, especialmente a TV globo, as imensas manifestações populares se
constituíram no início do processo golpista. Na ocasião se forjou toda uma
narrativa para justificar a trama com vistas a deslegitimar o governo e o
Partido dos Trabalhadores e para se iniciar o enredo que culminou num golpe sem
canhões. Uma ruptura democrática que levou ao poder um governo sem votos e cujo
programa é exatamente o oposto daquele que venceu nas eleições de 2014.
Nas democracias,
mesmo as de baixíssima intensidade como a brasileira, as massas populares nas
ruas têm um poder descomunal. Quando menciono as massas, não estou tratando de
manifestações organizadas por setores de direita e de esquerda. Essas foram
abundantes (e importantes) nos dois últimos anos, mas se limitam às disputas
entre esses dois segmentos. Quero me referir aos eventos públicos que envolvem
vários segmentos sociais, políticos e econômicos que se congregam na luta por
pautas comuns, ou contra um determinado regime ou governo.
É por isso que a
greve anunciada para o próximo dia 28 de abril é tão importante. Ao que tudo
indica e até que enfim, parece que há uma união de diversos segmentos da
sociedade (sindicatos, partidos, movimentos sociais e eclesiais) a se
levantarem contra o bando que tomou o poder e produz o maior assalto às
riquezas e aos direitos dos brasileiros.
A greve do dia
28 tem potencial para iniciar uma reversão do golpe. Se, realmente, os
trabalhadores dos setores estratégicos da economia cruzarem os braços e a
população tomar as ruas poderemos, pela primeira vez, vislumbrar uma reação
popular ao golpe. O que não ocorreu até agora.
É preciso que as
lideranças sociais, políticas e sindicais de vanguarda deixem por algum tempo
as picuinhas que as dividem e somem esforços no sentido de fazer do dia 28 de
abril o primeiro de uma série de imensas paralisações sequenciais no país. E
que não haja uma desmobilização quando algumas migalhas forem oferecidas (pelo
bando no poder) em troca do avanço das medidas legislativas que rasgam a
Constituição Federal de 1988.
Como todos
percebem, a coalizão perversa que rouba os nossos direitos e soberania tem
presa para executar o trabalho sujo encomendado pelos rentistas. Querem
liquidar a fatura do golpe o mais rápido possível, alterando a Constituição,
eliminando a justiça do trabalho, eliminando direitos sociais, trabalhistas e
previdenciários, reduzindo drasticamente a capacidade interventiva do Estado em
benefício do rentismo local e internacional, além de entregar o país numa
condição colonial aos usurpadores do Norte.
Como nenhuma
instituição da república, lamentavelmente, tem as mãos limpas para liderar
processos de enfrentamento da coalizão golpista, somente as grandes massas
populares nas ruas poderão sinalizar ao bando no poder que o povo não aceitará
a agenda neoliberal que está em curso.
É preciso
aproveitar desse evento para o início de uma grande concertação nacional,
respaldada pela população, para a superação do golpe. Essa concertação deve ter
como fulcro não necessariamente um candidato ou partido, mas uma agenda que
priorize eleições diretas e a convocação de uma nova constituinte para reformar
os sistemas político, de justiça, de mídia e de tributação, entre outros. Por ROBSON SÁVIO REIS SOUZA Doutor em Ciências Sociais, professor universitário e membro da Comissão da Verdade de MG.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá queridos leitores, bem vindo a pagina do Blog Imperial. Seu comentário é de extrema importância para nosso crescimento.
Marcos Imperial