segunda-feira, 5 de junho de 2017

QUE MAIS SERÁ PRECISO PARA O PSDB SOLTAR A PINGUELA E LIVRAR O BRASIL DE TEMER?

Tereza Cruvinel via 274

"Depois de tanto batom na cueca, que mais será preciso para convencer os tucanos de que Temer perdeu completamente as condições morais para governar o Brasil, e de que cada dia de sua permanência no cargo tem um custo elevadíssimo para os brasileiros?", questiona a colunista Tereza Cruvinel; "FHC e os tucanos também sabem que a outra via da remoção, a do julgamento de Temer pelo STF, vai demorar quase tanto quanto um impeachment. FHC sabe que o afastamento de Temer, pelo qual o Brasil inteiro clama, só acontecerá no curto prazo se ficar evidente sua falta de sustentação parlamentar. Ou seja, se o PSDB fizer uma opção pelo povo, que não suporta mais Temer,  e  romper oficialmente com o governo, dele retirando os ministros e levando suas bancadas para o campo da oposição. Só assim, a pinguela desabará e o Brasil poderá construir outra forma de travessia".

Delatado com minúcias que não deixam dúvidas,  e em breve denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça, Temer continua no cargo porque ainda tem o apoio do PSDB.  As evidências que pesam contra ele são tão fortes que não lhe asseguram sequer o benefício da dúvida mas, apesar de tudo, ele continua governando porque tem uma base parlamentar que oferece ao país a ilusão de que há governo e de que Temer continua tocando a agenda que se propôs a implementar.   Esta base vai se esfarelar se o PSDB dela se retirar. Esta semana o partido volta a debater seu dilema: ficar até o barco afundar ou sair logo, acelerando a queda de Temer.

            Depois de tanto batom na cueca, que mais será preciso para convencer os tucanos de que Temer perdeu completamente as condições morais para governar o Brasil, e de que cada dia de sua permanência no cargo tem um custo elevadíssimo para os brasileiros?

            Uma das razões para o impasse é a divisão entre os tucanos. Aécio Neves, nos bastidores de seu exílio do mandato,  trabalha pela permanência.  Afinal, como artífice do impeachment de Dilma Rousseff, ele é um dos grandes responsáveis pela entronização deste governo que tanto vem infelicitando o Brasil, seja com sua incompetência, seja com sua imoralidade incomparável.  Os ministros querem ficar até o fim, distraídos do fato de que isso terá um custo para o partido.  Já carregando o estigma de partido golpista, pelo papel decisivo que jogou na derrubada de uma presidente legítima, os tucanos serão cobrados também por esta temerária permanência ao lado de Temer.  Por isso a secção paulista do partido, a que melhor representa suas raízes ideológicas e seus compromissos de classe, esteja desesperada para saltar do barco.   A metade da bancada na Câmara e a maioria dos senadores também quer o rompimento enquanto é tempo mas FHC e Aécio vêm segurando.

            No artigo deste final de semana, o ex-presidente justificou a posição até aqui adotada por seu partido, invocou a experiência do governo Itamar, que fez a transição em situação semelhante com sua forte participação (como chanceler e depois como ministro da Fazenda) mas admitiu que pode estar chegando a hora de retirar os paus-de-escora.  “E  se as bases institucionais e morais da pinguela ruírem? Então caberá dizer: até aqui cheguei. Daqui não passo”, diz ele.  Mas o que falta para que FHC e os tucanos concluam que “as bases institucionais e morais” da pinguela já ruíram? Será preciso que antes haja a delação premiada de Rocha Loures, confessando que os R$ 500 mil eram uma propina para o presidente?

         FHC coloca para os seus uma pergunta,  numa passagem do artigo. E se o TSE vier com manobras protelatórias, pergunta ele,   “o PSDB correrá o risco de coonestar o que o povo não quer e a economia não suporta, ajudando o governo a empurrar a situação com a barriga?


         Ele sabe que, ainda que o tribunal casse a chapa no julgamento que começa nesta terça-feira, haverá recursos. Temer emperreou no poder e está dizendo “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. FHC e os tucanos também sabem que a outra via da remoção, a do julgamento de Temer pelo STF, vai demorar quase tanto quanto um impeachment. FHC sabe que o afastamento de Temer, pelo qual o Brasil inteiro clama, só acontecerá no curto prazo se ficar evidente sua falta de sustentação parlamentar. Ou seja, se o PSDB fizer uma opção pelo povo, que não suporta mais Temer,  e  romper oficialmente com o governo, dele retirando os ministros e levando suas bancadas para o campo da oposição. Só assim, a pinguela desabará e o Brasil poderá construir outra forma de travessia. De preferência, através das eleições diretas. Mas ainda que seja por indiretas,   o país ganhará se for colocado no Planalto alguém que honre o cargo e, com sua respeitabilidade, detenha a erosão que a incerteza política voltou a cavucar na economia brasileira.

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Marcos Imperial

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