A cara do golpe também passa em Curitiba. Procurador revela o “preço” das delações da Lava Jato

O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) criticou a afirmação do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, de que as delações seguem a “lógica de mercado”. 

Em matéria divulgada no Valor, nesta terça-feira (05), o procurador revelou que o benefício oferecido ao delator decorre do quanto eles precisam daquelas informações para a investigação. “Ele faz o preço e eu acabo aceitando”, disse.

Para Mineiro, é lamentável que um órgão como o Ministério Público aceite esse tipo de ação. “Um procurador, na maior tranquilidade do mundo, dizer que o delator oferece a denúncia e que é pago o preço que ele pedir. É lamentável”, criticou. “A delação não é aceita de acordo com a legislação, mas de acordo com o preço e de quem está delatando”.

O procurador disse também que, “quanto mais eu quero, mais eu preciso, normalmente melhor é a posição do delator”. Ele defendeu, ainda, os acordos firmados na operação – alguns deles polêmicos, como o que beneficiou os irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS. “Temos que aceitar a posição da mesa [que negocia os acordos]. Muitas vezes vemos acordos com que eu mesmo não concordo, teoricamente. Mas temos que respeitar a mesa, quem negociou o acordo, pois aquele foi o acordo possível naquele momento. Ele obedece uma lógica utilitária”, falou.

Mineiro acredita que declarações como essa depõem contra o trabalho do Ministério Público, que tem uma função muito importante na sociedade brasileira. “Esse tipo de ação seletiva desmoraliza o trabalho do órgão”, disse.