terça-feira, 29 de agosto de 2017

Delator afirma que Henrique Alves usou R$ 11 milhões para 'comprar apoio político'

Henrique Eduardo Alves, ex-ministro, é preso no RN (Foto: Frankie Marcone/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Henrique Eduardo Alves, ex-ministro, é preso no RN (Foto: Frankie Marcone/Futura Press/Estadão Conteúdo).


Empresário Fred Queiroz apresentou planilhas com distribuição de pagamentos para prefeitos, deputados e lideranças políticas do Rio Grande do Norte.


O ex-ministro Henrique Alves (PMDB) usou pelo menos R$ 11 milhões para comprar apoio político nos dois turnos da campanha para governador do Rio Grande do Norte, em 2014. A informação está na delação do empresário Fred Queiroz, preso na Operação Manus, deflagrada no dia 6 de junho. A investigação apurava fraudes de R$ 77 milhões na construção da Arena das Dunas. Henrique Alves segue preso em Natal.

A defesa de Henrique Eduardo Alves refutou as acusações. "Até o início da próxima semana iremos apresentar em Juízo a defesa e temos certeza que provaremos a inocência de nosso cliente no curso da instrução do processo", informou.

De acordo com o relato de Queiroz, ao qual o G1 teve acesso, o ex-presidente da Câmara Federal usou R$ 7 milhões, em espécie, para comprar apoio de lideranças políticas em todo o estado. No segundo turno, do total de R$ 9 milhões que a empresa de Fred, a Prátika Locações, recebeu, R$ 4 milhões foram distribuídos entre aliados do então candidato.

A delação foi firmada no dia 17 de julho e homologada na última quinta-feira (24) pela Justiça Federal.

O delator entregou ao Ministério Público Estadual e à Procuradoria da República no Rio Grande do Norte planilhas com o detalhamento do recebimento e distribuição dos recursos. Entre os beneficiários estavam vereadores, prefeitos, ex-prefeitos e deputados estaduais.

Segundo Fred Queiroz, coordenadores da campanha de Henrique Alves consideravam que precisavam de R$ 10 a R$ 12 milhões para conseguir apoio de lideranças em todo o RN. Alves então teria tentado viabilizar cerca de R$ 7 milhões com as empresas Odebrecht e JBS.

De acordo com a delação, no dia 28 de setembro o assessor pessoal do ex-ministro, José Geraldo, teria ido até um hotel na Via Costeira, em Natal, para receber um montante entre R$ 5 e R$ 7 milhões 'provenientes da pessoa de Joesley'. O dinheiro foi entregue por um casal que chegou a Natal em um avião particular e cujos nomes foram repassados pelo publicitário Arturo Arruda, que trabalhava na captação de recursos para a campanha. Segundo Fred Queiroz, o valor não foi declarado na prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Benes Leocádio, atual presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte, informou, através da assessoria, que não vai se pronunciar sobre o assunto.
G1 tentou falar com José Geraldo, mas as ligações não foram atendidas.

Operação

operação Manus foi deflagrada em 6 de junho deste ano e investigou corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas.
No dia 20 de junho, o Ministério Público Federal denunciou Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha por terem recebido propinas disfarçadas de doações eleitorais, oficiais e não oficiais. Em troca do suborno, afirma o MPF, eles teriam atuado para favorecer empreiteiras como OAS e Odebrecht nas obras da Arena das Dunas, em Natal, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.
Além dos dois peemedebistas, o MPF também denunciou, no mesmo processo, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, o ex-dirigente da Odebrecht Fernando Reis, o empresário Fred Queiroz, aliado político de Henrique Alves, e o publicitário Arturo Silveira Dias de Arruda Câmara, cunhado do ex-ministro do Turismo. http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/delator-afirma-que-henrique-alves-usou-r-11-milhoes-para-comprar-apoio-politico.ghtml

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Marcos Imperial

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