quarta-feira, 22 de novembro de 2017

“É um pau mandado do governo”, diz Janot sobre diretor da PF, Segóvia

Segundo apuração da Folha, o chefe da Casa Civil –e um dos aliados mais próximos do  Michel Temer– fez seu mais forte apelo para a escolha de Segóvia nas horas seguinte à Operação Tesouro Perdido, que encontrou cerca de R$ 51 milhões em um apartamento na Bahia atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).

Fernando Segovia foi escolhido por uma coalizão de políticos delatados, como Eliseu Padilha e José Sarney, e Moreira Franco. No discurso de posse, prometeu "combate incansável à corrupção". Minutos depois, disse o que os padrinhos desejavam ouvir.

Em entrevista, o delegado desqualificou a denúncia que acusou Michel Temer de corrupção passiva. Ele sugeriu que a Procuradoria-Geral da República não tinha provas suficientes contra o peemedebista. colocou em dúvida a conclusão de que o presidente Michel Temer praticou corrupção no caso da JBS. Em entrevista coletiva, o chefe da PF afirmou que “uma única mala” talvez seja insuficiente para comprovar se os investigados cometeram crime de corrupção.

A fala é uma referência ao episódio que flagrou o ex-deputado e ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures deixando correndo uma pizzaria em São Paulo levando uma mala com R$ 500 mil, que supostamente seria propina.

Janot

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot rebateu, na noite de segunda-feira (20), as declarações do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, que havia afirmado durante sua posse que a investigação sobre a mala com R$ 500 mil entregue pela JBS ao ex-assessor do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, foi encerrada antes do tempo. Segóvia afirmou ainda que "uma única mala" não daria a "materialidade criminosa" necessária para resolver se havia ou não crime, e que havia "interrogações" sobre a investigação.

"A pergunta que não quer calar é: ele se inteirou disso ou ele está falando por ordem de alguém?", disse Janot, acrescentando: "O doutor Segóvia precisa estudar um pouquinho direito processual penal. Nós tínhamos réus presos. Em havendo réu preso –se ele não sabe disso é preciso dar uma estudadinha–, o inquérito tem que ser encerrado num prazo curto, e a denúncia, oferecida, senão o réu será solto. Então, nós tínhamos esse limitador. Ele é mesmo um pau mandado", disse Janot.

O ex-PGR prosseguiu: "Não era um preso qualquer, era um deputado federal [Rocha Loures] que andou com uma mala de R$ 500 mil em São Paulo, depois consigna a mala [devolve à polícia]. Faltava 7% do dinheiro, ele faz um depósito bancário para complementar o que faltava e o doutor Segóvia vem dizer que isso aí é muito pouco? Para ele, então, a corrupção tem que ser muita, para ele R$ 500 mil é muito pouco. É estarrecedor."

Janort reforçou ainda que todos os atos de investigação foram feitos a pedido da PGR, com autorização do Supremo e realizados pela Polícia Federal. "Ele está negando esse trabalho de excelência da PF em matéria de investigação", rebateu o ex-PGR, que acrescentou ainda que  a segunda denúncia contra Temer, sob acusação de liderar organização criminosa e obstruir a investigação, também foi embasada em relatório da PF.

"Quanto à 'açodada' segunda denúncia, o inquérito foi concluído e relatado por um excelente delegado da PF. Eu recomendo ao doutor Segóvia a leitura atenta desse relatório que aponta crime e sua autoria, ao contrário do que ele disse. A nova administração do DPF [Departamento de Polícia Federal] é contrária à parte técnica do DPF?", disse Janot.

O ex-procurador-geral também comentou as críticas de Segóvia à delação dos executivos da JBS,  O doutor Segovia avança sobre duas decisões do STF [favoráveis à homologação da delação]. Ele se julga, além de juiz do Ministério Público Federal, também juiz do Supremo? Explicar o quê [sobre o acordo]? Esse moço se acha acima de todas as instituições, e ele é só diretor da Polícia Federal, uma instituição respeitadíssima, mas vinculada hierarquicamente ao ministro da Justiça e ao presidente da República, que, aliás, estava na posse dele. Nunca vi um presidente da República ir à posse de um diretor-geral", disse Janot. 

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Marcos Imperial

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