DE BRASÍLIA MINEIRO ALERTA, Falta de investimentos pode paralisar sistema de trens urbanos em Natal

O sistema de trens urbanos de Natal (RN), Maceió (AL), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Belo Horizonte (MG) opera na “sobrevida”, correndo risco de parar de funcionar a partir de abril em algumas dessas capitais. A informação, em tom de alerta, foi dada pelo diretor-presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), José Marques de Lima, na manhã desta quarta-feira (4), durante audiência na Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado (CDR), presidida pela senadora Fátima Bezerra (PT).

A audiência, convocada pela senadora potiguar, tratou da redução da ordem de 50% da dotação orçamentária da CBTU em 2018. De acordo com dados da Consultoria Legislativa do Senado, o orçamento para funcionamento dos trens urbanos em 2017 foi de R$ 250 milhões. Para 2018, a previsão é que sejam destinados ao sistema ferroviário urbano de passageiros apenas R$ 132 milhões.

Para o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), presente à audiência, a situação é “gravíssima”. Diante dos números apresentados pelo diretor-presidente da CBTU, ele afirmou que o sistema está no “volume morto”.

“Eu saio dessa audiência muito preocupado, porque a gente constata que o sistema está respirando por aparelhos. Eu vim preparado para retomarmos o debate sobre a expansão do sistema de trens urbanos Natal, mas não há nem como discutir isso diante dessa realidade”, lamentou.

Enquanto o Ministério das Cidades informou que há somente R$ 34 milhões previstos para investimentos no setor em 2018, Tereza Cristina Alves Freire, técnica de Orçamento da CBTU, disse que o mínimo necessário para manter o sistema operando seria de R$ 580 milhões.

Mineiro observou que os R$ 34 milhões previstos para investimentos neste ano representam apenas 5% do orçamento estimado para a modernização do sistema em Natal, que é de R$ 311 milhões.

A senadora Fátima Bezerra disse que a CDR, depois da audiência, vai “desencadear um movimento para exigir do governo federal providências para resolver essa situação”, evitando assim a paralisação do sistema de trens urbanos nas cinco capitais representadas na audiência.

Ela lembrou que a presidente Dilma Rousseff (PT) havia incluído o projeto de modernização dos trens urbanos de Natal no PAC-2 e que a CBTU, ainda em 2015, antecipou o projeto para levar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) até o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

Mineiro participou das articulações, juntamente com Fátima, em defesa da expansão do VLT em Natal. O projeto previa a construção de um ramal para fazer a ligação da Ribeira ao Aeroporto Internacional via VLT.

“Era um projeto muito interessante, que daria um impacto imenso na Zona Norte e na Ribeira. Além disso, haveria pouco impacto com desapropriações, uma vez que bastaria fazer as linhas do aeroporto até o cruzamento da BR 101 com a ferrovia em Extremoz”, explicou.

Em 2015, Mineiro participou de reuniões com a direção da CBTU-RN para tratar da inclusão da linha Aeroporto – Ribeira no PAC-Mobilidade. À época, ele defendia que, dentre todos os aeroportos do Brasil, São Gonçalo do Amarante era o que apresentava maior viabilidade para acesso através do VLT.

O superintendente da CBTU-RN, Leonardo Gurgel de Faria Diniz, disse que a modernização do sistema, sem falar na expansão, “possibilitaria dobrar o número passageiros atendidos diariamente”.

Ele informou que o projeto executivo da expansão do sistema “está pronto”, mas não há orçamento para executá-lo. “As nossas estações estão caindo, porque não temos dinheiro para manutenção. As viagens aumentaram de 22 para 32, mas com esse corte do custeio, tivemos que cortar algumas viagens nos domingos e feriados”, relatou.

Fátima disse que não iria “abrir mão do projeto de expansão e modernização do sistema de trens urbanos de Natal”, porque essa é a única saída para resolver o problema da mobilidade urbana das cidades da Região Metropolitana. A audiência contou, ainda, com a presença da vereadora natalense Natália Bonavides (PT).

Fotos: Vinícius Borba. Equipe Mineiro.