O ator Pedro Paulo Rangel morreu nesta quarta-feira (21), aos 74 anos. O artista já estava passando por internações sucessivas por conta de uma doença pulmonar obstrutiva crônica. Ele morreu no Rio de Janeiro.
Segundo notícias mais recentes, ele foi entubado em 11 de dezembro, teve até os sedativos retirados, mas não resistiu. O artista ficou conhecido pelas atuações em "Gabriela", "TV Pirata" e "O Cravo e a Rosa".
Nascido no Rio de Janeiro em 29 de junho de 1948, Pedro Paulo Rangel se encantou com o mundo artístico ainda na infância. Quem o apresentou ao mundo da atuação foi um vizinho, que era ator amador. Aos 11 anos, porém, não tinha muitos papéis em que pudesse atuar, por isso decidiu escrever seu primeiro trabalho: Quando os Pais Entram de Férias.
ano de vasta carreira na TV e no teatro, ficou marcado por papéis como o otimista Poliana, amigo de Regina Duarte em Vale Tudo (1988), Calixto, conselheiro de Petruchio (Eduardo Moscovis) em O Cravo e a Rosa (2000) e Gigi, irmão da vilã Bia Falcão (Fernanda Montenegro) em Belíssima (2005), além das esquetes em que participou em clássicos do humor como TV Pirata (1989) e Viva o Gordo (1981).
Nos palcos, fez parte de uma histórica montagem de Roda Viva dirigida por Zé Celso Martinez, em 1968, e recebeu inúmeras indicações e venceu prêmios importantes como o Molière, Shell, Sharp e o Troféu Mambembe, por obras como A Aurora da Minha Vida (1982), Machado em Cena, um Sarau Carioca (1989), Sermão da Quarta-Feira de Cinzas (1994) e SoPPa de Letra (2004).
Em 2006, sua carreira foi tema do livro Pedro Paulo Rangel: O Samba e o Fado, escrito por Tania Carvalho e lançado na Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial. A obra contava com longos depoimentos em primeira pessoa em que o ator discorria sobre seus trabalhos.
Destacava sua predileção pelos palcos, algo que o acompanhou a vida inteira: "só no teatro você pode mostrar o que é realmente capaz de fazer, não tem truque, close no rosto, fazer mais uma vez. Não se repete até acertar".
"Drama ou comédia? Em que gênero me sinto mais confortável? Não sei". "Tenho uma dificuldade grande de chorar. Em cena e mesmo na vida", dizia sobre o drama. Já sobre a comédia: "meu Deus, como é difícil! Comédia é tempo, ritmo, matemática. Se você perde um milionésimo de segundo, a piada não funciona. Aquele riso certo, a piada exata, um dia para de funcionar e é dureza reconquistar o momento".
A estreia na Globo
O ano de 1972 marcou sua carreira: esteve na peça Castro Alves Pede Passagem, dirigida por Gianfrancesco Guarnieri. "Pedro Paulo Rangel, como cantor jovem, chega a ser de uma naturalidade extrateatral, de tão espontâneo. Os curtos diálogos do "cantor jovem" e Castro Alves são de uma naturalidade sem naturalismo e de teatralidade sem afetação", dizia a crítica do Estadão à época. Visto pelo diretor Moacyr Deriquém, foi convidado trabalhar na Globo, emissora em que viveu os trabalhos pelos quais ficou mais conhecido ao longo da carreira.
Mas PP ainda não tinha noção disso: "fazer televisão era absolutamente aviltante! Sentia-me totalmente vendido". Após a porta de entrada por Bicho do Mato (1972), conseguiu algum destaque em Gabriela (1975), especialmente em uma cena de nu, quando seu personagem, Juca Viana, e Chiquinha (Cidinha Milan) eram flagrados na cama e jogados à rua sem roupas.
Na Globo, esteve ainda em A Patota (1976), Saramandaia (1977) e O Pulo do Gato (1978). Gravou alguns Telecursos na TV Cultura e a novela Dinheiro Vivo (1979), de Mario Prata, na TV Tupi. No começo dos anos 1980, mais um novo trabalho com Jô Soares, desta vez na televisão, fazendo parte do elenco do Viva o Gordo. Mas o prestígio dos palcos ainda lhe atraía mais que o das telas.
Trabalhou também em produções de sucesso como "A Indomada (1997)" e "A Muralha (2000)".
Intervalo na TV
"Sei que é meio esquizofrênica a minha carreira: posso ser uma estrela no teatro e um coadjuvante na TV. A gente se acostuma com isso. Ou se rebela. Foi o que fiz quando saí da TV a primeira vez e passei oito anos fora. Trabalhava no Viva o Gordo fazendo o 'homem 3', e já havia ganhado o meu primeiro Prêmio Molière no teatro. Como lidar com isso? Largando a televisão".
Pedro Paulo Rangel, então, voltou a focar no teatro. O Bravo Soldado Schweik (1982), A Aurora da Minha Vida (1982), Um Beijo, Um Abraço, Um Aperto de Mão (1985), El Grande de Coca-Cola (1987), Amor por Anexins (1987), O Amante Descartável (1987), Pluft, O Musical (1988).
Problemas na saúde
Em O Samba e o Fado, Pedro Paulo relatava que teve problemas com álcool e cigarro ao longo de boa parte da vida. Chegou, inclusive, a usar substâncias mais pesadas, que não especificou: "consegui sair das drogas de um dia para o outro. O medo da morte falou mais alto. Eu sabia que estava me destruindo. A droga só durou um ano em minha vida".
O primeiro trago em um cigarro lhe marcou a memória. Foi da marca Capri, no Bar Berengo, que ficava na rua Haddock Lobo. Rangel tinha 16 anos de idade. Em 1998, sentiu que os mais de 60 cigarros que fumava diariamente estavam destruindo sua voz e seu fôlego, não só em cena, mas no dia a dia, e arremessou seus maços e o isqueiro pela janela de um taxi. No ano seguinte, parou com o álcool. "Comecei a beber socialmente, mas progressivamente a minha adicção tornou-me totalmente antissocial", refletia.
Já com cerca de 50 anos de idade, parou com os vícios tarde demais. o início dos anos 2000, descobriu que tinha desenvolvido a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). "Esse corre-corre todo de grava programa, filma, faz teatro, agravou, e muito, aspectos da minha doença. Não é culpa de ninguém, a não ser minha, exclusiva. Fui um fumante heavy durante mais de 30 anos. Cheguei a fumar três maços de cigarro por dia. Quando bebia, fumava mais".
Em maio de 2022, Pedro Paulo Rangel falou sobre sua condição de saúde ao jornal O Globo: "tenho uma doença crônica, DPOC causada pelo cigarro. Isso absolutamente não me impede de trabalhar. Eu tomo remédios, tenho uma rotina. Faço fisioterapia. Eu só não posso andar muitos metros, não consigo, me dá falta de ar. Mas no palco eu ando perfeitamente".
O ator também revelava que não tinha mais interesse em fazer uma novela: "não quero fazer. É muito longa. Já que não tenho mais contrato fixo, prefiro projetos menores. Novela é desgastante. Agora posso, graças a Deus, escolher o que fazer. Quero participações, séries. É melhor do que ficar nove meses ou até mais num mesmo trabalho. Quero ter menos tempo trabalhando e mais tempo para mim".
Com informações do Estadão Conteúdo
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Marcos Imperial