Quem conta é Christiane Samarco, repórter do jornal O Estado de S.Paulo:
Exatos 25 dias depois da derrota na eleição presidencial, o tucano José Serra (SP)fez ontem sua primeira visita ao Congresso, com um discurso de oposição e confronto direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de apontar a "herança problemática" do governo Lula à sucessora Dilma Rousseff, não poupou de críticas o presidente que, "em vez de procurar soluções para o Brasil, faz campanha para 2014". Em reunião com tucanos e aliados no Senado, Serra agradeceu a ajuda de todos e assumiu a responsabilidade pela derrota nas urnas: "A culpa da derrota é sempre do candidato." Mas queixou-se do cenário adverso da campanha, lembrando que teve de enfrentar a máquina do governo e o poder financeiro.
Em seguida, voltou a artilharia em direção a Lula, que a seu ver está deixando "um grande nó" de difícil solução e custo alto para o País. "O cenário é de produção desacelerando, déficit público crescente e maquiado, inflação ascendente, o maior déficit na balança de pagamentos da nossa história, câmbio super valorizado com crescimento descontrolado das importações, carga tributária no pico e ainda projetos megalomaníacos, como esse trem-bala, que é a obra mais cara desde Itaipu. Se não é uma herança maldita, é muito adversa", afirmou Serra.
Indagado se também ele não estaria em campanha, Serra foi enfático: "Não estou em campanha. Estou me recuperando da campanha, procurando trabalho e decidindo o que vou fazer para ganhar dinheiro." Ele se recusou a falar de presidência do PSDB.
Sobre uma candidatura sua daqui para a frente, argumentou que "2014 está muito mais longe do que o próprio calendário mostra". Do ponto de vista político, avisou, não faltam apenas quatro anos até 2014. "São mais de oito anos, porque muita coisa vai acontecer." Em resposta a Lula, que lhe cobrara desculpas ao povo "por ter simulado um ferimento na cabeça ao ser atingido por uma bolinha de papel", Serra retrucou: se alguém deve desculpas, é o presidente. "Um outro objeto foi atirado em mim, o que está filmado e o presidente Lula sabe disso. Mas ele não perde o costume. Continua fazendo campanha e dizendo mentiras pouco apropriadas à figura de um presidente."
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Marcos Imperial