O mapa do emprego neste ano promete manter em alta as vagas mais ofertadas em 2010. As profissões que foram destaque nos últimos 12 meses devem continuar com fôlego por conta da perspectiva de crescimento da economia e diante da escassez de mão de obra especializada. A antiga, mas agora renovada, profissão do vendedor liderou o ranking das funções campeãs de contratações, que inclui analistas de tecnologia da informação (TI), engenheiros mecânicos, operadores de produção na indústria e dois dos atarefados especialistas da construção civil, o engenheiro e o pedreiro. Nada indica que a corrida das empresas atrás desses trabalhadores vá arrefecer.
É este o cenário para 2011 traçado por três grandes redes de recrutamento de mão de obra consultadas pelo Estado de Minas: o Sistema Nacional de Emprego (Sine), com 117 postos de atendimento espalhados pelo estado; grupo Selpe, que mantém duas unidades em Belo Horizonte, uma em Contagem, na Grande BH, e uma em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e a Michael Page, multinacional especializada na seleção de executivos. A pedido do EM, elas indicaram uma lista de 10 cargos mais requisitados em 2010 e os mais difíceis de preencher, grupo que reúne ferramenteiros, engenheiros de segurança, médicos do trabalho, trabalhadores da construção e operadores de caixa.
Um vendedor de loja bem remunerado chegou a receber vencimentos de R$ 3 mil mensais em 2010 e os profissionais mais bem pagos dessa relação de “vedetes” apuraram rendimentos que variaram de R$ 5,5 mil, para o analista de TI, a R$ 12,5 mil para o engenheiro mecânico, e até R$ 15 mil, no caso de gerentes comerciais. O preenchimento de algumas vagas já se tornou crítico, principalmente naquelas empresas que oferecem salários abaixo da média nos concorrentes, destaca o diretor comercial do grupo Selpe, Hegel Botinha.
“Devido à escassez de mão de obra, muitas empresas flexibilizaram as exigências quanto à escolaridade e o tempo de experiência dos candidatos. Se o Brasil continuar crescendo acima de 5%, a situação do mercado de trabalho não muda. Pode até aumentar a dificuldade para encontrar mão de obra qualificada”, afirma. A situação já é vivida por Leonardo Bortoleto, dono da Web Consult, especializada em marketing digital e produção de software. A empresa de BH tem perdido clientes por falta de profissionais com vivência na área.
Para reforçar a equipe de seis analistas de TI, dois deles contratados em 2010, Bortoleto pretende contratar seis profissionais nos próximos três meses, entre programadores, webdesigners, analistas de TI e de planejamento de marketing. Impulsionada pelo comércio eletrônico, a Web Consult viu seu faturamento crescer 65% no ano passado. “Não vamos mais escapar de algumas mudanças nas contratações, como a negociação de horários flexíveis e jornada de trabalho em casa”, reconhece. Se a tendência é de futuro assegurado para os profissionais da área de tecnologia, isso não significa, no entanto, que as exigências de formação e habilidades vão diminuir.
Qualificação
As empresas querem gente antenada e disposta a resolver as necessidades dos clientes, o chamado profissional plural. “Pode parecer que o mundo está todo informatizado, mas há muita demanda ainda para ser atendida e tecnologias em constante inovação”, diz Bortoleto. O serviço de intermediação de vagas do Sine-MG percebeu que uma aproximação da entidade com os empregadores poderia ajudar a reduzir esse descompasso entre a oferta de vagas e os profissionais que se oferecem. “Temos discutido muito a questão da qualificação de mão de obra no Conselho Estadual de Trabalho (Emprego e Renda)”, conta Lígia de Oliveira Lara, superintendente de Trabalho, Emprego e Renda da Secretaria de Desenvolvimento Social, responsável pelo gerenciamento do Sine em Minas.
Os governos estadual e federal estão trabalhando na montagem de planos setoriais de qualificação na expectativa de atender demandas mais emergenciais das empresas por trabalhadores qualificados. No ano passado, quase 10 mil pessoas foram treinadas no estado. Os cursos compreenderam 200 horas/aula de treinamento em áreas como a construção civil. A grande preocupação no momento, de acordo com Lígia Lara, é a formação de mão de obra para setores beneficiados com os eventos em torno da Copa do Mundo de 2014.
Independentemente do ramo, a expectativa de crescimento econômico neste ano só reforça a tendência de aumento do emprego, no entanto associada à cobrança de maior especialização e boa formação escolar do trabalhador. Exemplo disso, o vendedor que liderou o ranking das admissões em 2010 passa longe daquele profissional que no passado simplesmente anotava o pedido do cliente. “O vendedor, hoje, tem de ser um consultor. Com esse perfil, só fica desempregado quem for muito despreparado ou não quiser trabalhar”, diz Fernando Avelar, supervisor de vendas da Casa Montês, distribuidora de vinhos e alimentos, com sede em Belo Horizonte.
As exigências crescem, ainda, motivadas pelo avanço dos produtos estrangeiros no mercado brasileiro. A relação do profissional com os cliente é quase de cumplicidade, compara a vendedora de vinhos Janaína Gonçalves, de 30 anos, três deles trabalhando no setor. “Além do conhecimento técnico, é preciso estar disponível para ouvir o cliente, sem tempo definido e buscar aperfeiçoamento”, afirma. Atenta às regras do mercado, Janaína começa este ano a frequentar as aulas do curso de gastronomia, como complemento da profissão. O próximo passo será a formação de sommelier (profissional especializado em bebidas alcoólicas, particularmente os vinhos).
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Marcos Imperial