Em reunião fechada ontem com movimentos sociais em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff fez críticas contundentes à reintegração de posse na área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo).
A Folha ouviu seis participantes do encontro. Segundo eles, Dilma se referiu à operação da Polícia Militar paulista como “barbárie” e disse que não esperava que ocorresse dessa maneira.
Falou ainda que o modelo usado na reintegração, realizada no domingo passado, nunca será adotado pelo governo federal.
Mas, ainda segundo os espectadores da reunião, a presidente disse que o país é uma federação e que o caso estava sob responsabilidade de um Estado e do Judiciário, o que limita a atuação do governo federal.
COBRANÇA
Dilma foi cobrada sobre o assunto pelas organizações que compareceram ao encontro. Participaram da reunião lideranças do Fórum Social 2012, que acontece na capital do Rio Grande do Sul.
O evento, com mais de 800 debates e palestras, reúne movimentos sociais e partidos de esquerda.
Representantes de ONGs e ambientalistas também estiveram com a presidente.
Entre as personalidades presentes estavam o empresário Oded Grajew, o líder sem-terra João Pedro Stédile e o sociólogo português Boaventura Sousa Santos.
Alguns ministros, como Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Mendes Ribeiro (Agricultura), também compareceram.
Fora do hotel onde ocorreu a reunião, um grupo de manifestantes protestou contra a ação da polícia em São José dos Campos. Faixas diziam: “Somos todos Pinheirinho”.
DECLARAÇÕES
Na última segunda-feira, o ministro Gilberto Carvalho já havia dito que a operação no Pinheirinho não contava com o apoio do governo federal e que os policiais transformaram o local em uma “praça de guerra”.
O PSDB soltou nota chamando a declaração de “intromissão deplorável”.
Procurado pela Folha, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), por meio de sua assessoria, disse que não iria comentar declarações “não oficiais” da presidente.
Mas lembrou que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, havia dito na quarta-feira que o governo federal não iria fazer “análise” sobre uma ação de âmbito “estritamente estadual”.
A reportagem também procurou à noite a assessoria de Dilma, mas foi informada de que a comitiva já estava em viagem e não poderia fazer comentários sobre as declarações. http://ruifalcao.com.br
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Marcos Imperial