Mais um capítulo que se revela. Desde a noite de segunda-feira o Blog do
BG divulga, por temas, o vídeo gravado, no dia 20 de março, pelo Ministério
Público Estadual (MP-RN) quando da assinatura do termo de delação premiada
assinado pela ex-chefe da Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça (TJRN),
Carla Ubarana Leal, acusada de elaborar e operar um esquema de desvio de
dinheiro público no setor. Assim como no depoimento prestado em juízo, na 7ª
Vara Criminal - quando confirmou a participação direta dos desembargadores
Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro Sobrinho, ex-presidentes do TJ, no esquema - ao
MP Carla Ubarana lançou suspeitas e insinuações sobre diversos personagens. O
termo de colaboração com as investigações do MP beneficiou a ré confessa e seu
esposo George Leal com a prisão domiciliar - até então eles se encontravam
detidos no Complexo Penal João Chaves, na Zona Norte de Natal.
Durante as declarações dadas aos integrantes da Promotoria de Defesa do
Patrimônio Público, Carla Ubarana joga luz sobre o caso do precatório que mais
vem tomando a atenção de todos os órgãos envolvidos na investigação do esquema
montado dentro do TJ-RN: o caso Henasa. De acordo com a versão de Carla,
diferente do que vinha afirmando a administração municipal, a prefeita Micarla
de Sousa reuniu-se com o então presidente do TJ-RN, desembargador Rafael
Godeiro, para negociar o acordo a respeito do débito com a Henasa
Empreendimentos, que alcançava mais de R$ 191 milhões na época.
O ineditismo da reunião entre o desembargador e a prefeita teria
surpreendido a ex-chefe da Divisão de Precatórios. "Este foi o único
processo assinado na mesa da presidência, após conversa entre ele [Rafael
Godeiro] e Micarla. Em mais de 300 audiências com o município, nunca nenhum
presidente e nem a prefeita assinaram acordos. Outros desembargadores estiveram
na reunião para fazer o acordo do repasse. Não sei o que foi acertado, não
participei. Só sei que todo dia 10 o dinheiro caía na contae eu fazia a
divisão, para a autora da ação [Henasa] e para o advogado", explicou Carla
Ubarana.
O acordo citado e lavrado pela ré da Operação Judas é o Termo de
Compromisso Judicial 013/2009 firmado entre o município do Natal e a Henasa,
com a mediação do juiz Cícero Martins de Macêdo Filho. Assinam o documento,
datado de 16 de novembro de 2009, além da prefeita e do desembargador, o então
procurador geral do município Bruno Macêdo, os advogados Fábio Hollanda e
Fernando Caldas Leal Filho e o representante da Henasa Empreendimentos.
No "segundo capítulo", Ubarana ainda explica os entremeios em
que correram o processo, que esteve suspenso entre 2002 e 2007, e o classifica
como o "problema maior". "O processo ficou suspenso por cinco
anos, não sei porque. Ele começou com 7 mil cruzados novos. Quando foi pedido
para retornar, por lei, como estava suspenso tinha que voltar para o lugar, que
era o 1º da fila. Assim travou tudo, pois o precatório chegava a R$ 200
milhões", contou Carla, consultando um calhamaço deanotações pela qual
baseou seu depoimento de delação premiada.
O valor alcançado teria sido furto da determinação do juiz que ordenou
juros de atualização de 1% por mês, diferente do usual que através da Tabela 1
da Justiça Federal diz que os juros usados devem ser de 0,5% por mês.
"Foram mais de 10 audiências entre as partes. Em todas estiveram a PGM e o
Ministério Público. Alguns procuradores do município participaram também e
todos reclamaram muito do valor, mas o acordo foi conseguido", comentou
Carla Ubarana. O pagamento do precatório 2001.003123-5, em favor da Henasa
Empreendimentos Turísticos, terminou sendo fechado em pouco mais de R$ 95,6
milhões a serem pagos em dez parcelas anuais e 120 parcelas mensais, que seriam
corrigidas anualmente de acordo com a Tabela 1 da Justiça Federal.
No esteio da Operação Judas e da inspeção realizada pelo Tribunal de
Contas do Estado (TCE-RN), que questionou os valores fechados no acordo, o
pagamento foi suspenso pela prefeita Micarla de Sousa e o então procurado geral
do município Bruno Dantas Macedo, acabou deixando o cargo em da repercussão do
caso.
A assessoria de comunicação da prefeitura afirmou que a prefeita não
participou das negociações do precatório da Henasa, tendo seguido as
orientações da PGM, que por conseguinte teria contratado o renomado escritório
paulista do advogado Cândido Rangel Dinamarco para realizar assessoria jurídica
no caso. A mesma assertiva já tinha sido apresentada por Bruno Macêdo em
coletiva dada logo após anunciar a saída da administração municipal. Com Informações Diario de Natal.
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Marcos Imperial