A mesma mídia que anunciava até há pouco que o STF seria “julgado
pela opinião pública” de acordo com o que deliberasse sobre o “mensalão do PT”,
agora que a maioria daquela Corte está decidindo como jornais, revistas e
televisões querem estes parecem cada vez menos interessados em julgar os
julgadores, com as exceções que todos conhecem.
O mesmo Supremo que está produzindo
manchetes triunfantes sobre a condenação de “mensaleiros” é a Corte em que
processos contra políticos sempre terminaram em absolvição. O rigor que se vê
agora, portanto, é novidade que desperta uma questão crucial: será usado como
regra, a partir de agora?
Muita coisa vai chegar ao Supremo no futuro
próximo. Muita coisa sobre a qual a mídia não fala porque envolve uma oposição
à qual se aliou. Nesse aspecto, sobressai o mensalão tucano. Este, por sua vez,
envolve uma figura análoga ao alvo principal do mensalão petista. Eduardo
Azeredo, ex-presidente do PSDB, é o José Dirceu tucano.
Sob esse prisma, vale prestar atenção ao
juiz do STF que se tornou a estrela do julgamento do mensalão. O ministro
Joaquim Barbosa, com seu furor condenatório, hoje é conveniente para um lado e
inconveniente para o outro. Todavia, essa situação promete se inverter (ou
voltar ao que era) no futuro próximo, quando ele vier a deliberar sobre o
mensalão tucano.
Recentemente, Barbosa andou ironizando a
sofreguidão da grande mídia em extrair suas declarações prejudiciais ao PT no
âmbito do julgamento que ora pesa contra o partido e apontou o contraste com a
afasia midiática em relação ao que possa ter a dizer sobre o mensalão do PSDB,
chegando a cobrar de repórteres perguntas sobre este caso.
O STF, no entanto, está inaugurando uma
nova jurisprudência que exige menos, muito menos para condenar. Passa a valer a
subjetividade. Sob esse prisma, o Direito brasileiro passará a lidar com a
necessidade de réus provarem que são inocentes em lugar de terem o direito a
que se lhes provem as culpas.
Há uma excelente dose de dúvida, porém,
sobre se um rigor que flerta com a violação do Estado de Direito funcionaria –
ou funcionará – sem pressão da mídia. Vai se disseminando a sensação de que o
usado contra o PT passará à história como momento único da Suprema Corte de
Justiça, talhado especialmente para esse partido e só para ele.
Todavia, engana-se quem acha que Joaquim
Barbosa faz o que faz por medo da mídia. Há, sim, juízes que se mostram
intimidados, mas não é o caso dele. O que busca é popularidade. Já surgem,
inclusive, especulações sobre uma sua possível carreira política.
Parece pouco provável, porém, que assim
seja. Barbosa deve estar almejando, “apenas”, popularidade fácil. Para tanto, o
papel de justiceiro – e a popularidade que tal papel encerra no imaginário
popular – pode ser suficiente. Se assim for, ele pode frustrar os que esperam
que o rigor neófito do STF seja fugaz.
Seja como for, a provável condenação “por
baciada” dos acusados na Ação Penal 470 não redundará em julgamento do STF e,
sim, em sua libertação provisória da pecha de rota de fuga de corruptos.
A libertação do STF dessa pecha, porém, é
provisória porque a Corte terá que se libertar, ainda, da suspeita de que seu
rigor recém-inaugurado não passa de casuísmo, que, caso se confirme, irá
desencadear um levante dos setores responsáveis da sociedade ante uma
possibilidade inaceitável para a democracia.
O cenário posterior ao julgamento do
mensalão do PT, assim, vai se tornando inquietante.
Se a valoração da subjetividade nas
acusações se tornar regra, uma fila imensa de políticos que hoje comemora o
justiçamento de petistas pode ir se preparando para ver suas legendas em
situação análoga, o que, mesmo com a provável afasia que condenações de tucanos
podem despertar na mídia, obrigará esta a se manifestar.
O pior cenário, porém, é o de casuísmo do
STF. Se ficar provado que aquela Corte aceitou condenar os réus do mensalão
petista por razões políticas e que não usará os mesmos critérios para políticos
de outras colorações partidárias, o Brasil terá mergulhado em uma situação
análoga à de uma ditadura.
Assim sendo, haverá que torcer para que a
presidente Dilma não caia no engano do ministro Joaquim Barbosa, que pensa que
está se libertando da máquina de difamação midiática que se ergueu contra os
ministros Ricardo Lewandowski e José Antônio Dias Tóffoli – recentemente, foi
mostrado aqui como Barbosa foi tratado quando incomodou tucanos.
A mídia o chamou de “medíocre” para baixo
quando se desentendeu com Gilmar Mendes e quando aceitou a denúncia do
Ministério Público contra o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo. Voltará a
fazê-lo se, como deu a entender ao cobrar de repórteres perguntas sobre o
mensalão tucano, for duro com a oposição.
O PT, Dilma e Lula estão bem quietos
assistindo ao furor condenatório do STF contra seus correligionários. Se
tiverem um pingo de senso histórico e de responsabilidade para com a
democracia, porém, sairão do silêncio quando seus adversários forem julgados.
Aí terão um prato cheio. Resta saber se terão apetite. Com Informação http://www.blogdacidadania.com.br
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Marcos Imperial