Atacar o ministro da Fazenda já é quase um
esporte nacional. Mas os números mostram que o ciclo conduzido pelo genovês
Guido Mantega na economia brasileira é o mais bem-sucedido de todos os tempos.
Com ele, o Brasil cresceu a uma média superior a 4% ao ano, acumulou reservas,
reduziu a dívida pública e manteve a inflação controlada. Será que deveríamos
ter saudades dos tempos de Delfim Netto, Maílson da Nóbrega, Pedro Malan ou
mesmo Antonio Palocci?
247
- Em
abril de 2006, o genovês Guido Mantega assumiu a economia brasileira numa
situação delicadíssima. Envolvido do escândalo do caso Francenildo, Antonio
Palocci saía do governo e comentava-se, nos meios políticos, que a economia
brasileira afundaria. O ex-ministro Delfim Netto dizia que Palocci era o
"pau do circo". Sem ele, cairia a lona.
Mantega,
embora tivesse sido consultor econômico do PT e do presidente Lula por duas
décadas, era visto com desconfiança pelo mercado financeiro e pelo setor
industrial. Naquele mês de abril de 2006, a taxa de desemprego era de 10,4% e o
presidente Lula ainda não havia entregue seu prometido "espetáculo do
crescimento".
Seja
por sorte, competência ou uma mistura dos dois fatores, o fato concreto é que
os seis anos e meio em que a economia esteve sob a guarda de Mantega foram o
período de maior prosperidade de toda a história brasileira. Com ele, a
economia cresceu a uma média de 4,2% – menos do que os 7,5% do
"milagre" de Delfim Netto, mas com vários diferenciais positivos.
Na
década de 70, dizia-se que era preciso fazer o bolo crescer para depois
distribuir. No ciclo recente, houve crescimento com redução das desigualdades,
o que fez com que o Boston Consulting Group (BCG) colocasse o Brasil como o
país que mais gerou bem-estar para a população nos últimos anos. Segundo o BCG,
o ganho de bem-estar foi comparável ao de uma economia que crescesse 13% ao
ano.
Há,
portanto, uma diferença básica entre a "crise" atual e as que foram
enfrentadas no passado. "Se há uma crise, a sensação térmica é de
crescimento", disso o ministro Mantega ao 247 na última segunda-feira,
quando o ministro foi homenageado pela revista Istoé como o "Brasileiro do
Ano".
A
temperatura atual, de fato, é de crescimento. Com uma taxa de desocupação de
5,3% em outubro (praticamente a metade dos 10,4% de quando Mantega assumiu), o
Brasil vive uma situação de quase pleno emprego. Além disso, mesmo os críticos
de Mantega reconhecem que a massa salarial continua crescendo, o que permite
prever um Natal de consumo em alta.
Pode-se
dizer que Mantega enfrentou uma maré internacional favorável, ao contrário de
seus antecessores. Será mesmo? Em 2008, a crise financeira internacional
eclodiu nos Estados Unidos, coração do capitalismo. Hoje, há países da Europa,
como a Espanha, com desemprego de 25%, oferecendo incentivos para que
brasileiros comprem imóveis, ganhem vistos e ajudem a tirar o país do buraco.
Independente de tudo isso, atacar o
ministro Guido Mantega é hoje o grande esporte nacional (leia mais aqui). O que começou
como provocação da revista inglesa The Economist ganhou os editoriais dos
principais jornais e revistas brasileiras. Mantega tem sido criticado porque,
entre outras razões, fez previsões otimistas demais. Falava num crescimento de
4%, que terminará abaixo de 2% em 2012. Ocorre que a China, que cresceria 11%,
já desacelera seu ritmo para 7% ou até menos. E isso, numa economia globalizada,
tem consequências imediatas para um país como o Brasil.
Os
que hoje o criticam parecem saudosos de um tempo que não merece ser lembrado
necessariamente com nostalgia. Na era Delfim, o Brasil cresceu, mas a dívida
explodiu e o Brasil terminou em moratória. Com Maílson da Nóbrega, hoje
colunista de Veja, a inflação rodava a 80% ao mês. Com Pedro Malan, os juros
foram os mais altos de todos os tempos, a economia ficou estagnada e o Brasil
foi três vezes ao FMI. E mesmo com Antônio Palocci, primeiro ministro do
governo Lula, os resultados custaram a aparecer. Talvez porque Palocci se
preocupasse demais com a confiança do mercado financeiro.
Guido
Mantega pode não ser sucesso de crítica. Mas é sucesso de público. Os números
da economia explicam boa parte da popularidade de Lula e Dilma.
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Marcos Imperial