Via - http://www.institutolula.org
Em julho de
2012 o Instituto Lula publicou uma entrevista com o jornalista Vinícius
Zanotti, que apresentava seu projeto de construir na Libéria uma escola de
bambu, de baixo custo e sustentável. O objetivo era atender a cerca de 300
jovens, de 3 a 17 anos, que hoje estudam em uma estrutura absolutamente
precária.
Nesse período,
Vinícius e os outros participantes do projeto conseguiram arrecadar cerca de
R$145 mil. Agora Vinícius está indo para a Libéria, onde deve ficar por seis
meses, tempo estimado para a construção da edificação. A viagem poderá ser
feita graças à doação de milhas de cartão de crédito que possibilitaram a
emissão de alguns trechos gratuitamente. Agora, pouco
antes de embarcar para a África, Vinícius conversou novamente conosco sobre as
expectativas do grupo para a realização do projeto.
Como vocês conseguiram
arrecadar dinheiro para o projeto?
Arrecadamos em
torno de R$ 145 mil em dinheiro e mais as passagens e quatro computadores que
foram doados. Isso desde setembro de 2011. Esse dinheiro veio de doação de
pessoas físicas, venda de camisetas e DVDs, festas, almoços e uma única doação
de empresa, que foi da Andrade e Gutierrez. Tivemos a colaboração desde pessoas
que compravam uma caneta de R$ 5 até a maior doação que recebemos, que foi de
R$ 3 mil de uma única pessoa. O orçamento total, com os materiais da Libéria
era R$ 213 mil para o prédio, sem equipamentos, mas vamos tocar o projeto com o
que temos. Conseguimos isso com os eventos, nosso site, nossa página no
Facebook, que já tem quase 6.900 curtir, e reportagens na imprensa.
Quem trabalha no projeto? Como
vocês se organizaram?
Montamos um
grupo de 25, 30 pessoas, das mais variadas profissões e idades. Tem pessoas de
21 a 50 anos, do direito, da arquitetura, da comunicação, o cara que fez o
site, que é programador, contador. São todos voluntários. Se a gente fosse
pagar as pessoas e os custos delas, o projeto ficaria muito mais caro. A parte de captação e comunicação fica
muito comigo. Aí tem o grupo dos construtores que define a parte da obra em si.
Temos reuniões, mas não é uma coisa muito periódica, é muito mais por demanda.
Como será a estadia de vocês na
Libéria para a construção da escola? Qual a realidade que vocês vão encontrar?
Eu chego lá no
dia 30 de janeiro, o construtor chega no dia primeiro de fevereiro e o
arquiteto vai em março. A gente vai ficar na casa do professor Sabato Neufville
– mantenedor da escola –, que é uma casa que não tem energia, que não tem água,
que não tem banheiro. De lá a gente vai comprar um carro e vai ter que achar o
bambu. A gente sabe que tem duas florestas que têm bambu, mas vai ter que
entrar na floresta, buscar e cortar as árvores de bambu. Os tijolos também são
feitos por nós e com o envolvimento da comunidade. Devemos contratar umas oito
pessoas da comunidade. Eu e o construtor ficaremos seis meses e o arquiteto vai
ficar um mês.
Em relação ao país, 58% das mulheres tem
mutilação genital, 94% das crianças são criadas com alto grau de violência e
apenas 4% da população tem banheiro na área rural. O PIB não chega a 1 bilhão
de dólares e menos de 2% disso vai para a educação. A dependência dos Estados
Unidos é muito grande.
Esse projeto de ter uma
estrutura de bambu com energia sustentável veio de onde?
Do nosso
arquiteto. Ele pesquisava bambu desde a universidade e disse que esses
elementos construtivos sustentáveis iriam baratear a obra, torná-la mais
sustentável e facilitar o financiamento. A gente até chegou a conversar com o
Sabato e ele tem umas referências construtivas muito americanizadas, de grandes
prédios. Mas o solo deles é muito arenoso, não aguentaria uma grande
construção. Foi um processo de explicação e negociação, até que, em uma reunião
com a ministra ele próprio defendeu o bambu, dizendo que qualquer um poderia
construir com aquele material.
Aí a gente conheceu o construtor, que já
tinha feito obras de bambu e topou ir pra Libéria. Ele apresentou a ideia do
gerador de energia dele. Antes a gente estava trabalhando com a ideia de ser
energia solar. Mas depois que conhecemos o gerador dele, que é feito com imã de
HD de computador, achamos que era a melhor opção. Já estamos com esses imãs,
mas estamos com problemas para enviar pra lá.
Vocês vão continuar informando
as pessoas sobre o andamento do projeto? E a população local sabe do projeto?
Vamos
continuar atualizando nossa página no Facebook na medida do possível. Vamos
mandar textos, fotos, vídeos, o que a internet permitir. Sabato não tem
internet em casa e o preço de internet 3G é US$ 120 e a conexão é muito ruim.
A comunicação mais forte lá é um quadro
negro que fica na rua principal da cidade e eles escrevem todo dia com giz. É
uma barraca com um quadro. Eles escrevem, colam fotografias e todo mundo passa
lá pra ver. Assim que chegarmos, vamos lá deixar nosso recado também.
Mais sobre a escola de bambu:
Jovens brasileiros pretendem transferir tecnologia de baixo custo
para escola na Libéria (25 de julho de 2012). Postado por
Marcos Imperial.
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Marcos Imperial