A situação do atendimento
pediátrico no Rio Grande do Norte está cada vez mais preocupante. Em Natal, os
dois únicos hospitais de atendimento porta aberta, aquele que não precisa de
encaminhamento, são o Hospital Doutor José Pedro Bezerra, conhecido como Hospital
de Santa Catarina, de responsabilidade do Governo do Estado, e o Pronto Socorro
Infantil Sandra Celeste, do Município. O Pronto Socorro Sandra Celeste passou
boa parte do mês de dezembro do ano passado fechado por falta de pediatras, mas
hoje o atendimento está normalizado e a escala está completa até o fim do mês.
Já no Hospital Santa Catarina, a situação é crítica, pois o atendimento
pediátrico só está garantido até o próximo domingo, dia 20 de janeiro. No dia
primeiro de fevereiro, porém, a escala está normalizada e o atendimento será
retomado. Serão, portanto, 11 dias sem atendimento pediátrico na unidade.
Na manhã desta quinta-feira (17),
representantes do Sindicato dos Servidores da Saúde do Estado do Rio Grande do
Norte (Sindsaúde), profissionais do Hospital Santa Catarina, pacientes e
acompanhantes realizaram um protesto em frente à unidade contra a suspensão do
atendimento pediátrico. Além disso, os manifestantes também denunciaram as
precárias condições de internamento no hospital, em especial do setor infantil.
Na manhã de hoje, dois pediatras estavam de plantão, o suficiente para atender
a demanda do momento, que estava baixa. No mês de janeiro, o atendimento deverá
ser suspenso, pois quatro pediatras estão de licença médica e mais quatro vão
se aposentar, o que tem dificultado o preenchimento das escalas de plantão.
A presidente
do Sindicato, Sônia Godeiro, que visitou a unidade na manhã de hoje, pode
constatar os problemas da unidade. Segundo ela, o aparelho de ar condicionado
do setor de observação pediátrica está quebrado há mais de dois meses e as mães
dos pacientes que estão internadas são obrigadas a levar os próprios
ventiladores para amenizar o forte calor. “A situação é complicada para as
crianças que são muito sensíveis ao calor, para os pais e também para os
profissionais que trabalham no setor, que além da alta demanda, são obrigados a
trabalhar em péssimas condições. A situação do Hospital Santa Catarina é muito
difícil para todos”, afirmou Sônia Godeiro.
Para a
sindicalista, o problema da falta de pediatras é antigo e de conhecimento do
Governo do Estado. “O quadro de pediatras é antigo e depois de 12 anos sem
concurso, o último que foi realizado só conseguiu renovar apenas 20% do quadro,
pois teve uma convocação lenta e aquém da necessidade. Tem muita gente para se
aposentar e antes que o problema aumente em proporções preocupantes, o Governo
precisa tomar uma providência urgente. Hoje, o déficit é grande em toda a rede,
pois a mão de obra é antiga”, destacou Sônia Godeiro.
Sônia, que também é pediatra, disse que
o fechamento da porta de entrada, tornando o Hospital Infantil Maria Alice
Fernandes de atendimento referenciado, há dois anos, somado ao caos que se
encontra a rede básica de saúde fez com que a demanda fosse direcionada toda
para o Hospital Santa Catarina. “É um descaso geral do Governo do Estado e da
Prefeitura de Natal. Hoje está insuportável trabalhar no Santa Catarina e os
profissionais que ainda restam são heróis”, ressaltou a sindicalista. Para
Sônia Godeiro, a solução para o problema passa pelo funcionamento correto da
rede básica e a realização, urgente, de um novo concurso público para suprir
essa deficiência.
Conceição Ferreira trabalha no
laboratório de análises clínicas do Hospital Santa Catarina e conta que os
problemas não se restringem apenas ao setor pediátrico no Hospital. Segundo
ela, a falta de profissionais, em diversas áreas, obriga os trabalhadores a dar
horas extras, causando estresse e problemas de saúde em muitos funcionários. “O
desabastecimento é constante. Suprem a necessidade de hoje, mas amanhã faltará
novamente. A reforma que fizeram não melhorou em nada o atendimento, pois os
espaços foram reduzidos. A sala de eletrocardiograma é tão pequena que mal cabe
o paciente. A sala de pequena cirurgia também é bem pequena e tem apenas três
macas, que é insuficiente”, desabafa a funcionária.
A dona de casa Nívia Araújo da Silva
está acompanhando a filha Ágata Leona da Silva, de um ano e sete meses, há seis
dias no Hospital Santa Catarina, com infecção estomacal. Ela mora no município
de Bom Jesus e reclamou do descaso do Governo com o atendimento pediátrico no
Estado. “Já não tem muito atendimento e o que tem eles querem fechar. Se fechar
aqui as crianças vão para onde? Vão morrer na calçada?”, indaga a mãe. Nívia
conta que além da falta de medicamentos, que segundo ela é constante, a
estrutura da enfermaria é precária.
Desde o último domingo, o pequeno Lilan
Lucas, de um ano e um mês, está internado no Hospital Santa Catarina com
pneumonia. Luciana Ezequiel, mãe de Lilan, conta que ainda não faltou
medicamento para seu filho, mas que é comum ouvir isso na enfermaria. “Eles
avisam logo cedo que as crianças vão ficar sem soro ou sem medicamentos. Isso é
uma vergonha. Alguns pais, que tem condições, compram o medicamento para os
filhos não ficarem sem tratamento, mas e os que não podem comprar, fazem o
que?”, questiona Luciana.
A mãe de Lilan também reclamou da falta
de estrutura do Hospital e lamentou a possibilidade de suspensão no
atendimento. “Os médicos já avisaram que vão dar alta a todos os pacientes no
sábado, pois a partir de domingo não tem mais médicos. É uma vergonha nossos
filhos interromperem o tratamento por causa de uma governadora que é pediatra e
quer fechar o setor de pediatria do Hospital”, afirmou Luciana Ezequiel.
A reportagem d’O Jornal de Hoje
procurou a direção do Hospital Santa Catarina, mas a diretora geral da unidade,
Maria da Guia de Araújo estava de férias e o diretor técnico da unidade Damião
Nobre não se encontrava na unidade no momento da reportagem.
WALFREDO GURGEL
O déficit de profissionais vivido pelo
Hospital Santa Catarina também afeta o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. A
escala de pediatras está garantida até o dia 25 de fevereiro, depois disso o
quadro de médicos ficará desfalcado com a aposentadoria de quatro profissionais
de 40 horas semanais que deixarão de atender na unidade. Hoje a unidade
conta com 17 pediatras, sendo que 11 de 40 horas, em que quatro vão se
aposentar, e seis de 20 horas, onde o ideal seria 15 pediatras de 40 horas. Os
profissionais de 20 horas trabalham na porta de entrada do Pronto Socorro e os
de 40 horas são responsáveis pelo atendimento na enfermaria de trauma,
ambulatório e setor de queimados. Um médico deve se aposentar em janeiro, dois
em fevereiro e mais um em março. Com Informações Portal Jornal de Hoje Online.
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Marcos Imperial