A falta de repasses financeiros levou o Instituto Nacional de Assistência à Saúde e à Educação (Inase) a notificar, nesta segunda-feira (28), a Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) sobre a disposição de rescindir o contrato de gestão do Hospital da Mulher Parteira Maria Correia, em Mossoró. Segundo o Instituto, até agora foi repassado algo em torno de R$2,3 milhões, pagamento referente ao mês de novembro. Falta o repasse de dezembro nesse mesmo valor.
Em nota, o Inase disse que a Sesap não vem cumprindo o termo de
compromisso de efetuar o pagamento de modo que o instituto possa realizar
o pagamento dos funcionários até o quinto dia útil do mês. "A falta de
repasses financeiros por parte da administração estadual inviabiliza a execução
do referido contrato, bem como compromete a excelência na prestação dos
serviços", informa a nota.
O contrato com a Sesap foi iniciado em 29 de outubro de 2012 e a
rescisão contratual não pode ser unilateral, somente ocorrerá se houver acordo
entre as partes. "A Sesap, conforme o contrato de parceria, deveria
efetuar o repasse após receber a prestação de contas mensal do Inase. No
entanto, não vem ocorrendo, apesar de o Instituto estar rigorosamente em dia
com suas obrigações contratuais", disse o Instituto.
Caso a Sesap concorde com a rescisão, a direção do Inase se comprometeu
em dar continuidade às negociações com o governo estadual para que seja formada
uma comissão de transição, para que os serviços do Hospital da Mulher tenham
continuidade sem prejuízo à população.
A Sesap se pronunciou através da seguinte nota oficial, a qual diz que
de acordo com o contrato firmado com o Instituto Nacional de Assistência à
Saúde e à Educação, o repasse de valores só pode ser feito mediante a entrega
da prestação de contas, por parte do Inase e a análise dessa prestação por
parte dos órgãos fiscalizadores do Estado.
"Neste momento, essa análise está sendo realizada pela
Controladoria Geral do Estado. A previsão é que até amanhã(29) haja a conclusão
da análise e o pagamento da parcela. A Sesap lembra que um dos pré-requisitos
para o pagamento das próximas parcelas é o envio da prestação de contas pelo
Inase para análises necessárias", destaca a nota da Sesap.
Desde que assumiu a gestão, em 29 de outubro de 2012, o Inase afirma que
intensificou o estreitamento das relações com os seus colaboradores, observando
intervenções necessárias para a melhoria das condições de trabalho, como por
exemplo, a implantação dos ambientes de descanso para todas as categorias, até
hoje inexistentes na unidade por falta dos repasses financeiros mencionados. E
que implantou coordenações para os diversos setores do hospital, conferindo
maior autonomia para todos os profissionais.
"O Inase não tem medido esforços para manter o pleno funcionamento
da unidade, assim como implementar projetos de médio e longo prazo visando a
melhoria dos níveis assistenciais a serem prestados à população do Rio Grande
do Norte, como a Central Obstétrica de Regulação Médica e o Programa de
Capacitação Científica e Acadêmica dos funcionários do Hospital da Mulher, que
já começou a dar frutos através da realização do I Simpósio Cientifico do
Hospital da Mulher e o I Curso de Metodologia Científica, ambos em parceria com
a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)", finaliza o Inase
através da nota.
Contrato prevê repasse mensal de R$ 2,3 milhões
O Inase - Instituto Nacional de Assistência à Saúde e à Educação -
assumiu, em 29 de outubro, a gestão do Hospital da Mulher "Parteira
Maria Correia", em Mossoró, um dia depois do encerramento do contrato com
a Associação Marca.
No contrato, a Sesap deveria repassar um valor mensal de R$ 2,382
milhões ao Instituto. Durante o contrato com a Associação Marca, o
repasse era de R$ 2,158 milhões por mês, no que diz respeito somente ao custeio
do Hospital.
Os quase 280 funcionários contratados pela A. Marca para atuar no
Hospital da Mulher foram todos absorvidos pela nova Organização Social
contratada pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap).
O Inase está sediado, no município carioca Paraíba do Sul, distante 60
km, da cidade de São José do Vale do Rio Preto, onde atua a Associação Marca.
AUDITORIA
No último dia 16 de janeiro, a comissão de Controle Interno da
Secretaria Estadual de Saúde finalizou a auditoria acerca do contrato da
Associação Marca com o Governo do Estado para gerir o Hospital da Mulher de
Mossoró.
À época, a Assessoria de Comunicação do Governo informou queo conteúdo
do relatório final não será divulgado ao público. Embora o Governo não confirme
o conteúdo do relatório final da Sesap, fontes da TRIBUNA DO NORTE apontam para
um aumento no valor de "gastos indevidos".
O montante encontrado no relatório preliminar, que analisou os meses de
março a junho, foi de R$ 3,1 milhões. Já no documento final, levando em conta
os meses de junho a outubro, "esses gastos indevidos mais que
dobraram". As supostas irregularidades encontradas nos meses de junho a
outubro, ainda segunda uma fonte do jornal, seguem o mesmo perfil do que havia
sido encontrado no relatório preliminar.
Governo será denunciado na Corte Interamericana
No próximo dia 10 de fevereiro uma comissão da Federação Nacional dos
Médicos (FENAM), liderada por Geraldo Ferreira - presidente da instituição, vai
apresentar denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos contra os
Governos do Rio Grande do Norte e do Espírito Santo em função da falta de ações
para reverter o cenário da saúde pública nesses Estados.
"Há cerca de 40 dias uma Comissão Internacional dos Direitos
Humanos esteve no Hospital Walfredo Gurgel e constatou claramente a violação
dos direitos humanos. Eles encontraram pacientes em corredores, falta de
medicamentos, de leitos de UTI e mais uma série de problemas que enquadram o
Estado do RN. Já entregamos denúncias na Secretaria de Direitos Humanos, ao
procurador da República e até agora não tivemos a solução do problema, por isso
procuramos esse meio", disse o presidente da FENAM, Geraldo
Ferreira.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, sediada em São José da Costa
Rica, tem competência litigiosa para conhecer de qualquer caso relativo à
interpretação e aplicação das disposições da Convenção Americana de Direitos
Humanos a que lhe seja submetida apreciação.
Trata-se de tribunal composto por sete juízes nacionais dos
Estados-membros, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta
autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos,
que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções
judiciais.
A denúncia vai ser feita à Comissão Interamericana de Direitos
Humanos porque pessoas, grupos ou entidades que não sejam o Estado não têm
capacidade de impetrar casos junto à Corte. Elas podem recorrer à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.
"Há mais de dez anos estamos nessa situação e a saúde só piora.
Tivemos que procurar esse mecanismo para que realmente seja feita, de fato,
alguma coisa para salvar a saúde", disse Geraldo Ferreira.
Ainda segundo ele, quando a denúncia é apresentada, a comissão encaminha
representantes ao local, no caso o RN, para averiguar as informações e juntar
a uma espécie de processo que será enviado à Corte, que é quem julga.
O presidente da FENAM explicou que depois de acatada a denúncia, a
Comissão conclui o inquérito entre 45 e 60 dias e depois vai para julgamento.
O procedimento junto à Corte é de caráter contraditório. Termina com uma
sentença judicial motivada, obrigatória, definitiva e inapelável. Se a decisão
não expressa, no todo ou parcialmente, a opinião unânime dos juízes, qualquer
destes tem direito a que se junte sua opinião dissidente ou individual.
"Quando a Corte condena, o Estado perde uma série de direitos, como
por exemplo, o de fazer empréstimos internacionais, além de ser excretado
publicamente para todo o mundo", disse Ferreira.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE procurou o secretário estadual de
saúde, Isaú Gerino, mas foi informada pela assessoria de imprensa da Sesap que
o Governo só se pronunciará sobre o assunto depois que a denúncia for feita à
Corte Internacional de Direitos Humanos.
Fonte: Tribuna do Norte. Postado por Marcos
Imperial.
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