"A
nossa história tem sido a do confronto permanente entre os patriotas e os
vassalos e feitores dos colonialistas, que a eles se associam para saquear os
bens naturais e explorar os nossos trabalhadores. Chávez faz lembrar outros
grandes heróis, como Bolívar e seus contemporâneos, vindos das fileiras
militares, e os que se seguiram, quase sempre oriundos do povo trabalhador. É
uma razoável sucessão de bravos combatentes, de Tupac Amaro a Benito Juarez; de
Juarez a José Marti, de Marti a Emiliano Zapata; de Zapata a Sandino; de
Sandino a dom Oscar Romero, de El Salvador. Isso sem falar nos brasileiros, de
Tiradentes a Vargas." (...)
"Chávez continuará a comandar seus seguidores, e por muito tempo
ainda, muito mais do que esperam, ou desejam, seus adversários."
Chávez e a Nossa América
(HD) - Oficial das Forças Armadas da Venezuela,
Hugo Chávez conhecia a história de seu país, e se fez intransigente devoto
cívico de Bolívar. Seu sonho, como o dele, era o de unir a América Latina sob
uma só bandeira. Essa tem sido a utopia de muitos líderes continentais: juntos,
os nossos países seriam capazes de resistir a qualquer tentativa de domínio
estrangeiro.
O presidente da Venezuela teve uma visão intuitiva
do Estado, mas seria estultice nele não reconhecer excepcional líder político.
Quando, em Santiago, o rei da Espanha a ele se dirigiu, com a insolência
conhecida, insultando-nos a todos, Chávez poderia ter respondido à altura,
dizendo que não se calava, porque representava os povos da América ocupados,
dizimados e explorados vilmente pelos nobres da Espanha (e não pelos seus
povos), desde a sua chegada ao nosso Hemisfério, com armas e embustes. Os
espanhóis de hoje, associados aos portugueses, acreditavam, até que a crise
caiu como uma pedra suas cabeças, que podem, ardilosamente, substituir os
anglo-saxões e recuperar o antigo império de Carlos V e Felipe II.
A nossa história tem sido a do confronto permanente
entre os patriotas e os vassalos e feitores dos colonialistas, que a eles se
associam para saquear os bens naturais e explorar os nossos trabalhadores.
Chávez faz lembrar outros grandes heróis, como Bolívar e seus contemporâneos,
vindos das fileiras militares, e os que se seguiram, quase sempre oriundos do
povo trabalhador. É uma razoável sucessão de bravos combatentes, de Tupac Amaro
a Benito Juarez; de Juarez a José Marti, de Marti a Emiliano Zapata; de Zapata
a Sandino; de Sandino a dom Oscar Romero, de El Salvador. Isso sem falar nos
brasileiros, de Tiradentes a Vargas.
Chávez, que morreu na tarde de ontem em Caracas,
insurgiu-se contra o governo corrupto de Carlos Andrés Perez, há 21 anos,
quando ainda não chegara aos 40. Malograda a insurreição, preso e anistiado,
deixou as fileiras e iniciou o movimento democrático que o elegeu e o reelegeu,
não obstante a oposição feroz das oligarquias, financiadas e orientadas pelas
multinacionais, pelos banqueiros e pelos interesses geopolíticos dos Estados
Unidos.
O ex-presidente venezuelano foi visto como um
populista, mas o vocábulo, como sabemos, é ambivalente. Pode identificar um
demagogo vulgar ou o líder realmente preocupado com a maioria de seus
concidadãos, que trabalhavam arduamente para ganhar apenas o suficiente para
que se mantivessem vivos, desnutridos, vivendo em favelas, sob a violência, sem
assistência à saúde – e o que é pior, sem esperanças. Chávez, sem violar as
regras democráticas, e usando os recursos do país, ofereceu-lhes pão, esperança
e dignidade.
Como o mítico Cid, El Campeador, que, morto, teve
corpo amarrado à sela de seu cavalo, e venceu a batalha de Valencia, em 1099,
Chávez continuará a comandar seus seguidores, e por muito tempo ainda, muito
mais do que esperam, ou desejam, seus adversários. Postado por Marcos Imperial. ABC
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